sábado, abril 04, 2009

3 Em nome do Pai

Não são poucas características que aproximam o futebol da religião. A devoção por um clube é muito íntima da crença religiosa. Por muito tempo me debati sobre isto. Como um patético pseudo-intelectual muitas vezes tive desconfiança deste sentimento quase mítico que sinto pelo Internacional. Em diversos momentos tentei ser racional sobre esta idolatria que me faz perder a razão por um simples jogo de futebol. É como se o instinto fosse mais forte que a cérebro. É como se pensasse com os pés.

Tentei dizer a mim mesmo diversas vezes: larga esta vida de pão e circo, de circo sem pão. Deixa de lado este hipnotismo pela bola, esta perversa fascinação que muda tua vida, que faz tua agenda, que atrofia tua consciência. Seja racional, afinal, o que tua ganhas com isto?

Mas eu mesmo respondo: esta paixão é quase como um milagre que muda teus dias. Esta devoção faz com que tu sejas um menino eterno. Um moleque que ri como por um passo de mágica a cada vitória, que vibra com cada sucesso, que chora a cada triunfo, que envelhece a cada derrota, que se desmancha com uma tragédia. Graças a este clube que hoje é centenário teus dias são mais completo, tua vida mais realizada e tua fantasia é mais plausível.

Esta magia que te tiras a respiração em noventa minutos e que separa os céus da glória ao abismo da ruína é que te proporciona um prazer que só quem sente pode gozar. É esta aproximação com o Único Campeão de Tudo é que faz com que tu esqueças da rotina por um instante, que a tua solidão vire onipresença e que tua vontade onipotência.

O entusiasmo que tu sentes a cada vez que a bola sacode a rede adversária é um legado que só um seguidor desta instituição centenária pode desfrutar. É como uma mistura de mistério e loucura, um delírio fascinante num encanto juvenil. A cada gol, a cada vitória, a cada título tu és mais realizado, tu és mais feliz.

Da próxima vez que eu me pegar perguntando a mim mesmo, o que tu ganhas com isto, vou me responder: mas o que serias de ti sem o Inter? Como seriam teus domingos sem futebol? E se não fosse o colorado na tua vida? Tu mesmo sabes: papai é o maior. Deixas-te viver em nome deste Pai Centenário.

3 Comentários:

Nelson - CONVERGÊNCIA COLORADA disse...

Excelente Fernando !

Além do que o Inter substitui os psi da nossas vidas, é muito mais barato e prazeiroso, torcer, vibrar, xingar, viver nossos períodos ociosos (nem tanto assim) com o Inter, sempre buscando nele uma perfeição que não temos e é inatingível.

O importante é o caminho não o fim do Caminho, e certamente nosso caminho com o Inter de perto é mais florido...

Schroder-EUA disse...

Realmente é estranho como nos dedicamos a clubes esportivos. Eu me viciei no Inter em apenas 2 semanas quando fui morar no Brasil. Em 2 semanas ja tava com radinho colado no ouvido!

Alle disse...

Bom, realmente a paixão de tal colorado comove. Mexe tanto conosco a ponto de conseguir que uma torcedora tricolor se emocione somente de ver a felicidade do seu pequeno colorado, com as vitórias do seu time do coração.
Ser colorado não é somente ser torcedor, mas, como tu disseste, é ser devoto de uma força maior, inexplicável.
O que seria dos meus muitos domingos sem o futebol? Como saberia cantar tantos hinos, tantos gritos, se não fosse por ti? Hinos estes que não são os do meu time, mas os da tua paixão.
Toca no fundo do coração ouvir a torcida do teu time, e lembrar, sempre, de ti!
"Colorado, colorado...nada vai nos separar"!.

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