segunda-feira, janeiro 30, 2012

0 Política de Futebol

A retomada da grandeza do clube, iniciada após o lastimável ano de 2002 alicerçou-se em três pilares: boa administração, incremento das receitas e mudança na política de futebol.

O clube em 10 anos passou de uma receita anual na casa dos 20 milhões para a casa dos 200 milhões. Fatores determinantes para esta revolução financeira foram o aumento exponencial do quadro social, renegociação de patrocínios, venda de jogadores – voltaremos a este assunto mais pra frente – e em menor escala a incorporação de novas receitas, tais como marketing, franchising, merchandising entre outros.

No entanto, a evolução da receita do clube só foi possível devido à volta da montagem de times competitivos, que entravam nas competições como reais postulantes ao título e não apenas coadjuvantes.

Tais times (e elencos) só foram montados a partir da mentalidade forjada após a primeira administração fracassada de Fernando Carvalho, que em 2002 viu-se no final do ano disputando a permanência em Belém com um elenco descompromissado e incondizente com a grandeza do Sport Club Internacional.

Basicamente, a nova política de futebol fundamentava-se nas seguintes premissas:


  • Contratos de longa duração: afim de evitar a remontagem do grupo a cada ano e garantir empenho e comprometimento dos jogadores em final de temporada

  • Salários em dia

  • Investimentos e maior utilização das categorias de base: jogadores identificados com o clube, de baixo custo e alto custo-benefício

  • Venda de um a dois (três, quatro...) jogadores por ano: para oxigenação do grupo, equilíbrio das finanças e reposição/reinvestimento em posições carentes.

Salvo alguns erros crassos de avaliação do plantel (como em 2007), a venda de jogadores tornou-se uma constante, assim como a reposição com nomes de equivalência. Saiu Fernandão, veio D’Alessandro... Foi-se Sóbis e o substituto foi Nilmar; Tinga por Guiñazu, Giuliano por Oscar, Jorge Wagner por Kléber, e assim por diante.

Vender jogadores, apesar da inconveniência da perda ser geralmente no meio de competições, nunca foi o problema. Infelizmente, o futebol brasileiro nunca foi auto-suficiente, e exceto clubes como Real Madrid, Barcelona, Chelsea e outros poucos afortunados, uma constante em todos os lugares do mundo. Não se pode ignorar a realidade.

O problema ocorre quando a reposição não é feita em tempo hábil ou não ocorre à altura. Exemplificando, Alecssandro nunca será uma reposição para Nilmar, muito menos Rafael Santos para Fabiano Eller e certamente não será fácil repor D’Alessandros, Damiões e Oscares da vida.

É necessário uma avaliação consciente, constante e proativa do plantel colorado para planejar com antecedência reposições, atenuar vendas, suprir carências e manter a qualidade e homogeneidade do grupo de jogadores.

Em 2006, após perder três dos principais jogadores pós-libertadores, FC deu uma declaração dizendo que com um quadro social de 100 mil torcedores não seria mais necessário vender um jogador (ou 2,3...) titulares por ano. Vi muita gente depois alegando ter sido enganado, pois o clube atingiu tal patamar associativo, mas até hoje continua vendendo seus destaques ao longo dos campeonatos. O problema é que o contexto de 2006 não é mais o mesmo de 2012, nem 2011, muito menos dos anos anteriores.

Ainda em 2006 a folha mensal salarial do clube com depto de futebol estava na casa dos 3 milhões. Você sabe qual foi o último ano em que a folha salarial esteve neste patamar? Nunca, afinal desde a conquista do mundo o custo mensal do futebol, inflacionada por medalhões e jogadores com história no clube transita entre 5 e 7 milhões...

Matemática simples, os custos aumentaram, e, portanto a venda de jogadores ainda se faz necessária.

Por fim, é necessário continuar diminuindo a dependência das receitas atreladas a venda de jogadores. E principalmente, continuar investindo forte em futebol, mas com critérios.

Hoje a folha colorada é uma das 5 maiores do país, mas ainda paga-se verdadeiras fortunas a alguns jogadores quando o critério é o custo-benefício. Temos zagueiros em fim de carreira ganhando mais de 200 mil/mês, além de jogadores absolutamente medianos ganhando salários inflacionados. Nomes e exemplos não faltam.

Há um longo caminho a ser trilhado, talvez até como uma mudança na política de futebol que se mostra com fórmula desgastada.

De imediato, é necessário livrar-se de jogadores caros e de pouco retorno, reduzir o número de jogadores (hoje em 45) e desonerar a folha, e é claro, continuar investindo alto no futebol, mas com critério, segurando os jogadores realmente importantes pelo máximo de tempo possível e repondo peças com qualidade.

Manter Damião, D’Alessandro e Oscar foi altamente elogiável. No entanto, é público que ao menos um deles será vendido na janela da metade do ano, e já é necessário pensar no substituto. Um ou dois zagueiros também devem estar na pauta, porque cá entre nós, Romário não está remotamente perto de ser solução.

Você sabia que:

1. O Vasco da Gama, atual campeão da copa do Brasil, vice-brasileiro e um dos 4 melhores colocados da última sul-americana possui uma folha salarial na casa dos 3 milhões, ou mais precisamente, metade da folha colorada.

2. O salário de Montillo no Cruzeiro é de 140 mil reais mensais, ou um pouco mais de um Bolívar ou ainda, o custo de um goleiro reserva como Renan?


3. O custo de manutenção do Inter B, ou Inter Sub-23 é próximo a 1 milhão mês, sendo que o potencial de aproveitamento, pelo que pude constatar, é quase nulo? Afinal, jogadores com mais de 20 anos que ainda não aprovaram, dificilmente deixarão de serem “promessas”?



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