sábado, fevereiro 04, 2012

Nei e bairrismo gaúcho

pré.s: Ei, Nike, que tal se vocês presenteassem também os colunistas do BV, hein? Sei que o 'boss' é o mór, mas a gente também se esforça! hahahahahahahaha...

Olá pessoal. Tomo a liberdade de escrever hoje, pois dois assuntos ficaram pipocando na minha cabeça de quarta pra cá. O primeiro, diz respeito ao Nei. Conforme notícia no Globo.com, Nei foi submetido a nova artroscopia no joelho. Isso significa que há algum tempo ele vem jogando no sacrifício. Aliás, isso não é novidade. Vem sendo assim desde o ano passado. Já escrevi algumas vezes sobre Nei (aqui e aqui), enaltecendo sua aplicação e potencial. Mas, mais que tudo isso, eu admiro demais a garra desse cara. É talvez o jogador que mais jogou partidas pelo clube nos últimos anos, mesmo sofrendo de problemas crônicos no joelho. Sua posição é uma das mais difíceis do futebol, daí o fato de bons laterais serem tão raros. Agora, some a isso o problema no joelho e temos um quadro dramático.

Nei é bom jogador e, mais importante, é sério, dedicado e humilde. Sempre tenta melhorar e, na mão de um técnico que saiba armar uma defesa, se sobressai. Portanto, peço humildemente aos meus colegas colorados que repensem a forma como tratam este jogador. Não há opções melhores que o Nei por aí, isso é fato. Mas nem é isso que preocupa: o problema é que se a torcida é capaz de esculachar um jogador sério como ele dessa forma, estamos nos condenando (como clube) a ter apenas mercenários em campo. Quando apoiamos e valorizamos nossos jogadores sérios, como fizemos recentemente (e acertadamente) com DAle e Bolatti, os mesmos ficam ainda muito mais motivados e confiantes. Sério, pessoal, não podemos agir dessa forma com os jogadores que respeitam a camisa do Inter. Não sou pai de ninguém e nem posso dar ordens, então dou este conselho. Como dizem, "fica a dica".

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O outro assunto que penso merecer alguma discussão é a questão sobre bairrismo levantada pelo Marco nos comentários no meu post anterior. Há muitas nuances e aspectos a considerar, mas acredito que o principal deles (na minha visão) meio que passou batido pelo pessoal e penso que merece destaque. De tudo que o Marco e CJR disseram, acredito que é muito importante salientar o aspecto mercadológico dessa postura que o clube tem em relação à afirmação do vínculo do clube com o "ser gaúcho".

Em primeiro lugar, discordo do Marco sobre a questão das bandeiras com o símbolo ou da bandeira na camisa. Nada disso me incomoda e nem vejo isso como impacto negativo sobre outros públicos. Como outros colegas disseram, estas manifestações se dão com outros clubes como Barça e Real, por exemplo. Então, ok, deixemos isso de lado. O povo gaúcho tem o direito de se manifestar como quiser e o Inter tem o direito (e até admiro isso) de registrar sua origem de alguma forma na camisa. O problema - e agora entramos no cerne da questão - é quando o marketing do clube permite (por omissão ou por afirmação mesmo) que o clube seja percebido por todos, dentro e fora do RS, como um "clube dos gaúchos". E isso acontece sim.

Ao permitir que esta percepção seja afirmada e reafirmada a todo instante, o Inter limita sua marca ao âmbito regional. Todo e qualquer patrocinador que chega ao Inter hoje, mesmo diante da enorme exposição nacional e internacional do clube nos últimos 6 anos, sente que para fechar com o Inter terá também que fechar com o Grêmio, dividindo o patrocínio ao meio e, pior, pagando pouco pois a percepção é a de que o público é o gaúcho. Mesmo com a má vontade da Globo e outras emissoras (que privilegiam paulistas e cariocas), a torcida do Inter deveria ter crescido mais. O clube deveria ter trabalhado mais fortemente sua imagem para outros públicos. Mas não, como o próprio clube se vê como "gaúcho", ele nem se lembra de expôr sua marca fora do RS. Nenhuma propaganda do clube foi exibida noutras regiões. Nada.

O Inter hoje deveria ter uma receita de patrocinadores 3 ou 4 vezes maior que a do Grêmio, pelo simples fato de ser muito mais exposto. Mas não. Estamos presos a esta rivalidade que já não faz mais tanto sentido como fazia pré-2006. Hoje nosso patamar é maior e quanto antes o clube entender isso, maior será sua capacidade de transformar isso em receita. Espero que estejam compreendendo o raciocínio: não se trata de questionar a manifestação da torcida ou mesmo imprensa gaúcha. Esta é inviolável, um direito fundamental. O que questiono é a política institucional do clube. No mínimo, é preciso que haja duas políticas igualmente importantes e bem cuidadas, uma para a região sul e outra para o resto do Brasil e para o exterior.

Bem, era isso que eu queria ressaltar. Agora é com vocês. Vamos debater.