sexta-feira, abril 20, 2012

Férias e a "praia feia"

Sol, praia, água de côco, mar. Uma semana em Fortaleza, pra descansar a mente. Nada de trabalho, nada de internet. Só banho de mar, caminhada e corrida na areia, comer, beber, e dormir. Ah, sim, e algumas leituras há muito desejadas. De "rabo de olho", pelo jornal na TV, fico sabendo da vitória no gauchão e na minha volta à ativa, me deparo com aquilo que o Inter fez no Peru, decerto que não era futebol, não sei bem definir. Aí, quando penso que eu estava voltando de férias, fico confuso. Era eu ou o time do Inter? Ah, Inter. Ah, Dorival. Ah, Fortaleza, por que eu te abandonei?


Eu estive hospedado em Icaraí. Para quem não conhece Fortaleza, é uma das praias de lá, saindo da cidade. Por conta do modo como os condomínios, pousadas, bares, etc., foram construídos e por conta do avanço do mar, não é bonita. Na verdade, pode se dizer que é mesmo uma praia feia, embora seja sempre o mar e o mar é sempre lindo. Mas há esgoto indo pro mar, há pedaços de construções que foram engolidas pelo avanço do mar sendo devolvidas para a praia, há muita sujeira (vidros, garrafas plásticas, etc.). Os quiosques que restaram são bem meia-boca também.

Apesar dos defeitos, no entanto, a praia cumpre com sua "obrigação". Ali podemos tomar banho de mar, podemos caminhar ou correr por longos trechos e há, ainda, um braço que sai do mar, para encontrar um rio, em que podemos nadar sem o incômodo das ondas (que são intensas em Fortaleza). Esse detalhe, aliás, faz muita diferença para a praia como um todo. É uma bonita visão, pois em maré cheia forma-se uma lagoa nesse encontro do rio com o mar. Como é raso, as pessoas atravessam e parece que estão andando sobre as águas. Assim, mesmo não sendo uma praia tipo "exportação", como as há (e muitas) no Ceará, a praia de Icaraí permite que tenhamos dias agradáveis e que curtamos o mínimo que se espera de uma praia: sol, caminhadas, banhos de mar, pôr e nascer do sol.

Essa praia me fez pensar no (agora) saudoso Fossati. Seu Inter jogava feio (e muito) seja na vitória, seja na derrota. Mas aquele Inter cumpria sua obrigação. Ele tinha aquela organização mínima que se espera de uma equipe que se diz treinada. Se não encantava, sabia marcar e endurecer muito um jogo, permitindo que o talento individual dos jogadores resolvesse as batalhas daquela LA. Talentos que nós tínhamos e continuamos a ter. O Inter de Tite, na Sulamericana, também teve este mérito e talvez até um pouquinho mais de beleza no jogo.

Existem praias que se tornam inadequadas, em função da sanha humana de construir de qualquer jeito e sem planejamento e nem respeito à natureza. Praias que além de "feias", não são mais "praias", no sentido que dou aqui. Existem equipes que deixam de sê-lo, quando por diversas razões deixam de apresentar o mínimo necessário para serem assim designadas (de "equipes"). Se a equipe não sabe pelo menos marcar bem e explorar o contra-ataque, então ela deixa de ser uma equipe para ser um amontoado. Esse é o futebol do Inter hoje. Não tem nada, nem mesmo um detalhe charmoso para disfarçar.

Eu gostaria de dizer que basta correr com Dorival do Beira-Rio, mas não sei se isso seria suficiente. Dorival é o alter ego de Luigi. O pensamento que subjaz ao futebol apresentado pelo Inter vai desde o campo até o gabinete da presidência do clube. Está entranhado, ao ponto de anular até o cara que foi símbolo de luta e superação, o Fernandão.

Mas, voltando de férias, estou resolvido a não perder meu humor. Vou curtindo outras coisas e aguardando que este inverno chuvoso e frio passe no Beira-Rio. Um dia, ele passa sim.

Ah, sim, e podemos vencer o Fluminense. Afinal, é futebol.