sexta-feira, maio 25, 2012

Que ingenuidade, tchê!

Era dia 29 de abril de 2011. Era sexta-feira e eu navegava pela web, por volta das 19h. Sabendo que Inter x Peñarol seria no dia 4 de maio, resolvi ver quanto estavam as passagens de avião para Porto Alegre, saindo de Campinas. Entrei no site da Azul, fiz a pesquisa e com o que me deparo? Uma promoção inacreditável: R$ 39,90 o trecho. Logo refinei a pesquisa, para ver ida e volta, saindo no dia do jogo e retornando no dia seguinte. Não acreditei quando vi que ainda assim a promoção valia, para os dois trechos. Já desesperado, confirmei rapidamente a compra da passagem, mesmo sem ainda ter o ingresso garantido. Ao mesmo tempo já abria o site Ingresso.com.br e encaminhava a compra do ingresso para o jogo.

Assim, às 21h, eu estava com tudo pronto para ver mais um jogo do Inter no Beira-Rio, minha segunda vez lá. As passagens, com taxa e tudo, saíram 115 reais. O ingresso custou 46 reais, então no total eu iria gastar 160 reais, mais ou menos. Que alegria! Daí, na sexta e sábado, eu passei consultando opções de hospedagem. Depois de muito vasculhar a web por opções baratas, encontrei um albergue cujo site e fotos indicavam um serviço razoável. Fiz a reserva e passei a contar os dias para o jogo.

Na quarta-feira, cheguei em POA às 17h20! Imagina a correria, com o jogo iniciando às 19h30! Me indicaram um ônibus que iria do aeroporto para o estádio e, achando que daria tempo, peguei. Foi engraçado. Primeiro pela angústia que ia crescendo, ao ver que o tempo passava, o ônibus não chegava e o trânsito só piorava. O legal era que iam entrando outros colorados no ônibus e íamos animados, conversando e agitando a galera. Porém, quando chegamos na Av. Ipiranga, o trânsito literalmente parou. E já eram mais de 19h! Então uma guria colorada que estava no ônibus falou que seria mais lucro descer e ir a pé dali pra frente (estávamos próximos ao shopping Praia de Belas). Ao ver que ela ia descer mesmo, eu e outros dois colorados, um senhor de uns 50 anos ou mais e um garoto de uns 15, descemos junto!

Fomos a passos apressados em direção ao estádio e, apesar do atraso, foi gostoso ver tanta gente chegando ao estádio junto conosco. A tensão e a ansiedade vão crescendo à medida que nos aproximamos e sentimos o clima do jogo. Só que aí veio aquele barulho imenso da torcida e pra nosso desespero, estava claro que era um gol do Inter. 1 x 0, com Oscar, logo ao 1 minuto de partida! Daí, começamos a correr mesmo. Quando enfim eu entrei e até achar um espaço na arquibancada, a partida já estava nos 15min do primeiro tempo. Daí foi começar a torcer.


Mas o fato é que estava estranho. A torcida não cantava. Por tudo que já dissemos aqui sobre a divisão das torcidas e tudo mais, o estádio estava morno. Morno demais, na verdade. Eu tentava puxar os cantos que (mal) ouvia, mas olhava para os lados e via que quase ninguém cantava. Parecia que o pessoal estava em casa, de frente pra TV. Foi bem decepcionante, na verdade. Completamente diferente da partida contra o Deportivo Quito que vi no ano anterior. Enfim, daí veio o segundo tempo e a tragédia que todos nos lembramos bem.

Após a partida, saí do estádio e fui pegar uma van para ir pro albergue, que ficava na Rua Lima e Silva, 912. Peguei a van, e desci no cruzamento dessa rua com a Av. Loureiro da Silva e fui andando. Aí já viu, né. Como o jogo do Grêmio ainda ia começar, fui ouvindo zoação em todo o trajeto. Quando enfim cheguei ao albergue, quase caí de costas e foi então que vi o tamanho de minha ingenuidade. No mesmo local também funcionava um bar/lanchonete e havia trocentos gremistas assistindo ao jogo, com uns 5 ou 6 colorados aqui e ali. O nome do albergue: Casa Azul Hostel. Dá pra acreditar? Quando eu fiz a reserva eu nem me toquei! Bem, mas fazer o quê, né. Juntei todo meu orgulho colorado e entrei pra confirmar a reserva e guardar minhas coisas.

A galera começou a zoar, mas eu dizia "Calma, que no final da noite, vamos tomar umas juntos pra esquecer a decepção". Confirmada a reserva e guardadas as minhas coisas, voltei para o bar, para comer algo e secar o Grêmio (o que nem precisava, na verdade). Daí pra frente, foi tranquilo e divertido ver a vã esperança gremista ir se transformando em conformação. Ao final do primeiro tempo, porém, mais um fato hilário: me chegam ao albergue um bando de torcedores do Peñarol! Cantando, pulando e agitando todo mundo (esses caras - uruguaios e argentinos - são elétricos mesmo). Aí, nesse momento foi uma farra. Os caras chamaram os colorados e gremistas e tiraram fotos, diziam que o Inter foi um grande adversário, que eles não estavam confiantes na vitória, mas que mereceram e tals. Eram gente boa. E nessa altura eu já estava bem mais relaxado, depois de umas cervejas. Após o jogo ainda rolou uma espécie de festinha e foi bacana bater papo com diferentes pessoas.

No outro dia, antes de sair, tirei uma foto com os uruguaios, pra registrar esse encontro engraçadíssimo: um colorado, num albergue de gremistas, tirando fotos com torcedores do time que nos eliminou. Só eu mesmo, viu... Bem, mas como futebol é folclore, me divirto muito com essa recordação. 


Mas que minha próxima vez em POA seja menos ingênua e mais pé quente, né Marco. ;-)