terça-feira, dezembro 02, 2014

Diagnóstico

Um clube que investe quantias tão elevadas no futebol nos últimos anos não pode ficar fora da Libertadores por 2 anos consecutivos (quiça 3), ainda mais com folhas mensais próximas (ou especula-se) a 10 milhões.

Se novamente ficamos alijados da disputa por títulos, ao menos a vaga na competição continental serviu como prêmio de consolação, ainda mais levando em consideração os erros na formação do plantel e a oscilação que permeou todo o ano colorado.

Se tudo tem dado certo nas últimas rodadas, cabe ao Inter fazer seu papel e vencer a equipe catarinense sábado para garantir o 3º lugar e vaga direta na Libertadores.

Ou seja, o adversário na Pré-Libertadores já saiu e atende pelo nome de Figueirense. Uma vitória não representa apenas a vaga direta, mas também 2 semanas a mais de preparação, uma boa quantia em dinheiro extra (o 3º colocado ganha quase 1 milhão a mais de prêmio da CBF que o 4º) isso sem nem mencionar o risco de pegar um adversário duro na pré, com equipe em ritmo de pré-temporada e com tudo que isso representa.

2015 com Libertadores garantida significa novas receitas, capacidade de investimento maior e chamariz para atletas de ponta, interessados na vitrine continental. Significa também voltar a competição que se tornou predileta para boa parte dos colorados e clube, que se acostumou a ganha-la e serve como trampolim para voltar ao Mundial.

O que não pode servir, entretanto, é utilizar o resultado de vaga para Libertadores como único parâmetro para avaliação de 2014 e projeção de 2015.

Os resultados nem sempre condizem com o futebol apresentado, e é preciso muito cuidado na hora de avaliar porque o clube vence e porque perde. A bola não entra por acaso e me parece que a posição do Inter foi superior ao desempenho ao longo do campeonato.

Se analisarmos o campeonato como um todo, fatalmente observaremos alguns fatos e chegaremos a algumas conclusões, que poderão, se usadas a favor, ser determinantes para a projeção do ano vindouro:
  • Fraca campanha nos confrontos diretos 
O Inter não venceu nenhum dos outros clubes do G4. Perdeu um Grenal e só venceu o Galo B, e mesmo assim o fez no apagar das luzes, em uma intervenção divina. O clube não teve qualidade para se impôr frente a adversários mais fortes.

  • Elevado nº de lesões 
  • Declínio de desempenho no 2º turno
  • Média de idade avançada do plantel 
A preparação física do Inter não é boa, as lesões foram inúmeras e recorrentes (algumas afastando jogadores por meses) e a queda de desempenho (não confundir com pontuação) foi notória. O Inter do último trecho do Brasileirão foi incapaz de pressão alta, lento na transição entre os setores e de quase nenhuma imposição física. A que se relativiza a elevada idade dos jogadores e o baixo aproveitamento da base, o que percebe-se é que o Inter chega ao final do ano se arrastando fisicamente, tendo vencido seus jogos recentes na base da empolgação e do apoio constante das arquibancadas: um doping emocional assim por dizer.

  • Dupla de camisas 9 insatisfatória
Certamente Rafael Moura e Wellington Paulista, apesar de profissionais, formam uma das piores duplas de camisa 9 do campeonato, seguramente a pior disparada entre o G7. Enquanto o 1º é ultrapassado até mesmo por Rogério Ceni na lista da artilharia, o 2º não marca gol há mais de um milhar de minutos, e se a estatística não serve como respaldo, os mesmos jamais apresentaram um futebol sequer razoável. A impressão é que sempre destoavam da qualidade que se encontrava no meio-de-campo.

  • Baixa qualidade e poucas opções de reposição
Goleiro da base, Ceará, Bruno Rodrigo, Manoel e Samúdio; Nilton, Júlio Baptista, Dagoberto, Alisson e William; Borges. Este é o time reserva do Cruzeiro, e ainda ficaram de fora Marlone, Tinga, Marquinhos, Neilton e William Farias. Nota-se porque foram campeões da maneira que foi. Não irei entrar em nomes nem comparações do lado colorado, até porque as carências são conhecimento de todos, mas é meio um paradoxo o Inter gastar tanto e não ter reposição em quantidade e qualidade. Chega a ser risível se tomar como parâmetro a equipe mineira por exemplo.

  • Esquema tático
Idealizado como um 4-5-1, o Inter terminou inúmeros jogos empilhando atacantes, sem meio-de-campo e uma legítima bagunça tática. Não foram poucos jogos onde era difícil identificar qualquer princípio de organização na equipe e o reflexo é que o Inter raramente empolgou ou dominou o adversário, fruto de uma compactação ou da aproximação dos setores. Termina-se o ano sem alternativas de jogo e orfãos de velocidade desde a lesão de Sasha.

Eu poderia listar mais alguns fatores, mas creio que os principais já foram mencionados e este post já está bastante longo.

Investir em jogadores com condições de titularidade para a zaga e ataque. Contratar alternativa para D´alessandro e peças de reposição para as laterais e primeiro volante. Qualificar o plantel, dispensar jogadores de baixo desempenho e repensar a preparação física/comando técnico.

A Libertadores será uma das mais fortes dos últimos anos e qualquer erro de avaliação pode ser fatal.

Queremos não apenas participar, mas brigar pelo Tri em condições de real postulante ao título.

Comemoremos a vaga, mas não nos deixemos se iludir pelos resultados.

Há muito trabalho pela frente.

SC
@Davi_Inter_BV