terça-feira, setembro 30, 2014

Decisão

O Inter cumpriu sua obrigação, venceu as duas partidas em casa e se consolidou no G4. De quebra, viu a distância para o líder Cruzeiro encurtar para 6 pontos e abriu 4 pontos de distância da turma abaixo.

Se o futebol não foi brilhante, inclusive tomando sufoco do Coritiba e em algums momentos anunciando um drama recorrente, a tendência recente se inverteu e foi o ataque que desafogou a equipe, marcando 7 gols em 2 jogos, tornando irrelevante as atuações inseguras de Paulão, Gilberto e Juan.

Se o Inter abriu 4 pontos em relação ao 3º colocado, a diferença para o quinto colocado permaneceu a mesma, o que mostra que a situação não é tão confortável assim e não há tanta gordura para queimar quanto se imagina.

Todo colorado, vacinado que é, previa dificuldades contra nossos 2 últimos adversários, inclusive muitos não ficariam nem surpresos se deixássemos alguns pontos no caminho, este um acontecimento corriqueiro nos últimos anos.

Como bem pontua o genial Ceconello em seu novo blog no GE, o Inter de 2014 inverteu algumas tendências: deixou de ser a equipe que se agigantava contra as equipes de ponta e ressuscitava mortos para ser a equipe de pior pontuação entre o G5 em jogos contra as equipes do mesmo grupo.

Em contrapartida tem um aproveitamento surreal (mais de 80%) contra as chamadas equipes "pequenas", a famosa metade de baixo da tabela.

O jogo contra o Cruzeiro será uma tarefa hercúlea não apenas por enfrentar o líder (e talvez melhor equipe) do campeonato em seus domínios, mas também por representar a necessidade de quebra de um paradigma: o Inter ainda não venceu nenhum confronto direto de 6 pontos (com exceção do Grenal, o qual na época o coirmão frequentava a parte debaixo da tabela, sem esquecer que clássico é um jogo a parte)

As circunstâncias não permitem muito otimismo. Não vencemos o Cruzeiro em Brasileirões há dezenas de anos e partidas. O rival tem a melhor campanha "caseira" com apenas uma derrota, e o Mineirão estará lotado (já foram vendidos mais de 25 mil ingressos para sócios, e ainda estamos na terça-feira).

Afora tudo isso, há o maior medo, um verdadeiro AÇOITE que aflinge o Inter dos últimos 4 anos: o fraquejo, a hesitação na hora da afirmação. Sempre que o colorado parece engrenar e encher os corações colorados de otimismo, logo na sequência vem um ou mais revezes, jogando um balde de água fria na esperança de seus torcedores.

Assim, o Inter joga contra um adversário forte, contra si mesmo e contra uma tendência recente: a autosabotagem no que tange à luta por títulos . É um jogo de muitos adversários e desafios, o famoso embate para "separar homens de meninos".

Quando do revés ante o Figueirense, vaticinei que esta equipe não tinha concentração nem alma de campeã. Uma equipe que toma pressão do lanterna Coxa em casa dificilmente poderá vergar ao natural o favorito em seus domínios.

Por mais cético que o coração colorado possa estar, onde há adversidade, há oportunidade, e em 90 minutos podemos novamente nos credenciar como reais postulantes ao título.

Uma vitória não encurtaria a diferença para apenas 3 pontos, mas reafirmaria animicamente e tecnicamente uma equipe que ainda não convenceu nos famosos jogos "cascudos".

Para chegar ao Olimpo, o Inter vai precisar evitar falhas bobas na zaga, contar com atuações consistentes de nossos atletas chaves (D´ale, Aranguiz, Alex e Ernando) e fundamentalmente aproveitar quaisquer chances que tiver de marcar gol.

Também será preciso rezar aos deuses do futebol (estes que tanto gostam de pregar peças) para que Gilberto, Dida e Rafael Moura estejam em um dia de estado de graça e fujam das suas habituais inoperâncias.

Por fim, creio que seria muito prudente vigiar de perto Goulart e Everton Ribeiro, mas sobretudo barrar o apoio dos laterais, que alimentam o ataque e insistentemente alçam dezenas de bolas na área, consagrando Marcelo Moreno (6 gols de cabeça).

Para isto seria muito interessante taticamente colocar Sasha (esquerda) e D´ale (direita) às costas dos laterais cruzeirenses; ai caberia a centralização e infiltração de Alex e Aranguiz, e por ai creio que passa o mapa da mina para não apenas neutralizar, mas agredir o adversário.

Certeza de um grande jogo, a possibilidade de voltar a sonhar ao título, de inverter uma tendência corrente e praticamente garantir ao menos vaga na Libertadores.

Há muita coisa em jogo, uma verdadeira guerra está anunciada e as circunstâncias estão contra nós.

Sábado é dia de decisão.

SC
@Davi_Inter_BV