O que era para ser uma virtude acaba muitas vezes por transformar-se em um defeito justamente por um motivo: falta contundência.
De nada adianta ter superioridade de posse de bola se isso não refletir diretamente em chances concretas de gol. Assim como é de certa forma enganadora a retenção na zona morta de campo (a área entre as duas intermediárias), geralmente através de passes laterais, recuos e outras jogadas infrutíferas
Este problema tem muitas causas e já é quase crônico tamanha a ocorrência em que se manifesta e não se consegue arranjar uma cura.
Tudo começa pela transição lenta entre os setores, mas também pode ser explicado pela incapacidade de compactação. Com as linhas distantes, a aproximação se torna difícil de realizar e quando há um avanço de um dos setores, geralmente esta é feita de maneira descoordenada e/ou de maneira lenta.
O resultado incorre em vazios (ou buracos) na organização tática, fazendo com que alguns jogadores tenham que cobrir uma área do campo desproporcional e cuja desorganização não raro provoca uma exposição da zaga a contra-ataques letais.
Há correntes de opinião que atribuem essa lentidão à característica de alguns jogadores do grupo, entre eles D´alessandro, Alex e Williams. Sobre os dois primeiros, realmente acredito que o time fica sem velocidade quando escalados juntos (por características similares) mas acho de uma simplicidade e de um equívoco brutal este diagnóstico.
Independente de nomes, ou até mesmo causas, eis o grande desafio de Aguirre.
O Inter recente é uma equipe que não sabe contra-atacar e não tem contundência ofensiva. Muitas vezes é necessário parir uma bigorna para arranjar um gol e a dificuldade encontrada para furar retrancas é homérica.
Aqui cabe uma ressalva que não estou me referindo ao jogo contra o Shaktar, onde os efeitos da pré-temporada apenas acentuaram estes problemas de velocidade. A referência é em relação aos últimos anos, muito em conta também termos passado investindo em atacantes questionáveis ou em declínio como Rafael Moura, Wellington Paulista, Forlán entre outros.
Vale notar também que neste ano não faltam opções ditas de velocidade: Nilmar, Sasha, Luque, Valdívia, Vitinho, Taiberson… Basta encontrar uma forma de jogo mais contundente, aproximar as linhas, acelerar a transição entre os setores e dar um padrão tático à equipe.
Em uma Libertadores onde as equipes jogam fechadas fora de casa e com pressão alta em seus domínios, resolver os problemas crônicos de lentidão tornam-se fundamentais para o tricampeonato da América.
SC
@Davi_Inter_BV