quinta-feira, setembro 25, 2014

Dr. Rivas

Porto Alegre, Maio de 1962

Dr. Rivas era um dos melhores Ginecologistas de Porto Alegre. Mulheres vinham de todo Estado para fazer consultas com ele. Até de outros Estados elas viajavam. Seu consultório ficava no ponto central da cidade, a Rua da Praia. 

Mas Dr. Rivas tinha um probleminha. Era um cleptomaníaco. Ele não precisava roubar. Era um respeitado Doutor. Podia comprar o que queria. Certas vezes Dr. Rivas entrava em lojas de sapatos, roubava só o pé direito do sapato e minutos depois o jogava fora em alguma lata de lixo no centro da cidade. 

Um dia sua sorte acabou. Foi pego em flagrante e foi preso. Sua nova residência seria o então novo Presídio Central de Porto Alegre.

Mesmo na cadeia, Dr. Rivas continuava sendo um homem muito respeitado. Mulheres continuavam fazendo consultas com ele, lá mesmo na Cadeia. Elas continuavam a viajar de tudo que é canto do Estado para fazer consulta com Dr. Rivas, só que agora no Presidio Central. Eram outros tempos.

O Doutor consegiu, através de um Juiz, liberação (acompanhada de um Agente Penintenciário) de vez em quando para ir até seu consultório no Centro para limpar seu equipamento que ele dizia precisar de atenção mensal para evitar danos. Assim todo mês um guarda pegava um onibus com Dr. Rivas e iam juntos até o consultório na Rua da Praia.

Certa vez em uma dessas visitas que durava cerca de 2 horas o guarda decidiu dar uma volta pelo centro e voltar depois para pegar o Doutor. Veja bem, naquela epoca, presos eram mais confiaveis. Guardas até deixavam os presos fazer suas barbas, facão no pescoço e tudo. Tranquilo. Até para arrancar dentes de guardas um certo preso que se dizia dentista era sempre chamado quando necessario. Algema, dificilmente. Eram outros tempos. Bandidos tinham honra.

Quando o guarda voltou 2 horas depois para o consultório do Dr. Rivas, ele não estava lá. Sumiu. O guarda sem saber onde Rivas tinha ido.

O guarda decidiu voltar ao Presidio e pegou um onibus de volta. Quando estava na Bento Gonçalvez passando pelo Instituto Psiquiatrico Forense, olhando pela janela do onibus o guarda viu o Rivas numa tendinha no outro lado da rua tomanda um trago.

Ele mandou o onibus parar e desceu rapidamente. Quando Rivas viu o guarda ele sorriu. O guarda falou 'isso não vai ficar bem pra ti, tu és um foragido'. Rivas simplesmente respondeu 'Que nada eu SOU o Dr. Rivas!". O guarda não respondeu, apenas o olhou. Rivas então calmamente terminou seu trago, se levantou e voltou pra cadeia junto com o guarda. Sem algemas. 

-Contado a mim pelo meu Avô, o guarda agente penintenciario que acompanhou Rivas naquele dia.

PS: Ah sim. O Inter jogou e ganhou. Feliz. Mas achei mais interesante contar essa história do que repetir mais uma vez que continuo não acreditando no SC Luigi.

POST EDIT:

Comentario eviado pelo leitor Julio Souri. Em primeiro momento pensei que fosse brincadeira, mas assim que li a parte dos foguetes sabia que era de verdade, pois eu tinha ouvido historias do tal Rivas e seus foguetes. Incrivel que numa cidade do tamanho de Porto Alegre...uma pessoa de meio seculo atras....e um blog...com todos esses filtros...alguem alem de mim sabe to tal Dr. Rivas.



Esse Doutor Rivas era incrível, Schroder. Escuta esta: lá por 1950, construíram, quase na frente da Faculdade de Direito, em Porto Alegre, um prédio com 14 ou 15 andares. Apartamentos luxuosos, com sacadões enormes nas salas e nos quartos, vista ampla e livre para a Praça do Portão, Redenção e faculdades. Para lá se mudou o nosso Doutor, ao que me lembro, para o 10º ou 12º andar. Pois, o nosso herói se dava ao desfrute de calcular o comprimento de uma linha preta, de costura, que, do seu apartamento, alcançasse exatamente a altura da suite do apartamento, por exêmplo, do 5º andar. Na calada da madrugada, naquelas noites quentes de verão, em que as pessoas dormiam com suas janelas abertas, amarrava um rojão na ponta da linha, acendia-o e, imediatamente, o deixava cair... para explodir, certeiramente, na janela do dormitório do figurão do 5º andar. Todos acordavam, um alvoroço, quem foi, quem não foi? A essa altura, o próprio Doutor, da sua janela, gritava impropérios para o baderneiro que fizera aquela maluquice. Somente alguns anos depois é que os moradores descobriram o culpado.