segunda-feira, agosto 06, 2012

O choro e o vento

Estudos recentes e sérios apontam que 70% dos resultados em esporte de alto nível são decididos no aspecto psicológico.

Em um realidade onde a diferença entre os 20 melhores colocados em um dado esporte ou competição é insignificante, e centésimos de segundos podem significar a diferença entre uma medalha de ouro e um quinto lugar – o céu e o inferno – o preparo e a motivação psicológica tornam-se cada vez mais decisivos.

Aproveitando um assunto que deu bastante repercussão, pegamos como exemplo o Salto com Vara olímpico, onde a atleta brasileira Fabiana Murer, atual campeã mundial, ficou em 14º lugar, sendo que apenas 12 conseguiam apuramento para as finais da modalidade.

Fabiana falhou em saltar 4.55 m após 2 tentativas. Para contextualizar, esta é uma altura de treino para a atleta em questão, uma marca longe do seu limite e que a mesma pressupõe atingir até com certa facilidade.

O mais alarmante é que a atleta negou-se a realizar a terceira tentativa, sob a alegação de forte vento e condições adversas, o que segundo ela, prejudicou completamente a execução de seus movimentos e pormenores técnicos, prejudicando seu desempenho.

Veja lá, estou longe de ter algum embasamento técnico ou ser um perito neste esporte que acompanho muito ocasionalmente, mas me parece que o mesmo vento que a prejudicou, inclusive as mesmas condições de tempo, clima e pressão também sujeitaram as demais atletas a “reavaliarem” seus saltos e seus movimentos.

Sinceramente, uma desculpa que me parece estapafúrdia.

Acompanhei a prova, e Fabiana teve imensas dificuldades em superar 4.50 (a altura anterior), mesmo após 2 saltos. Quando a altura elevou, a mesma falhou em suas duas primeiras tentativa, e ai sua confiança e auto-estima foram lá em baixo, e sob enorme pressão, bom… ai foi mais fácil culpar o vento…

Escrevi recentemente aqui que mais do que nomes de expressão o Inter precisava de uma sólida idéia de futebol e repetição exaustiva.

Pois bem, o Inter, mesmo sem suas principais peças, com a ausência de seus referenciais técnicos tais como D’Alessandro, Dátolo, Dagoberto, Damião, Kléber, mesmo assim, somou 10 pontos dos últimos 12, com duas vitórias seguidas fora, algo que não tinha acontecido até então em toda a temporada.

Jogadores como Élton, Bolívar, Índio, Muriel e Guinazu subiram de produção, e Fred e Ygor vêm apresentando desempenho que os credenciam como novos titulares incontestáveis, mesmo quando todo o plantel estiver a disposição. Em síntese, um arremedo de time, com o melhor desempenho até então.

Pergunto-lhes, o que mudou? Não são os mesmos jogadores que até semanas atrás, com Dorival Jr no comando apresentavam desempenho insuficiente e irregular?
O que vejo foi uma mudança de postura. Acabou o choro, acabaram as desculpas.

Antes, tudo era motivo de reclamação… As lesões, os desfalques, a qualidade do adversário, a pressão da torcida adversária, a bola redonda… o vento.

Fernandão tem tido um início promissor por não se deslumbrar, mas acima de tudo por cobrar e principalmente por passar confiança ao grupo, ao invés de lamentar.

Não sei o que nos espera no final do campeonato, mas se a atitude permanecer a mesma, talvez haja luz no túnel.

Por fim, deixemos a soberba de lado. Acompanhei alguns jogos da Ponte Preta e do Náutico, e longe de serem grandes equipes, podem representar alguma dificuldade ao colorado, especialmente se jogarem retrancadas.

Muito foco, trabalho, concentração e seriedade para que, embalados, computemos 6 pontos em nossos domínios e possamos nos aproximar do topo da tabela classificativa.

Porque com sangue nos olhos e a torcida empurrando, não há vento que possa atrapalhar nossos sonhos.