sexta-feira, novembro 09, 2012

Desiludido

Ainda bem! Como diria o Prof. Hermógenes, a melhor coisa que pode acontecer a um ser humano é desiludir-se. A ilusão é uma prisão e quanto mais tempo nela, maior o tombo.


Hoje não tenho mais ilusões quanto ao papel reservado ao sócio no Sport Club Internacional. O Conselho Deliberativo foi muito claro ontem à noite, ao subtrair ao sócio seu direito ao voto. Neste momento se concretizou definitiva e absolutamente a frase histórica de Píffero, "dirigente dirige e torcedor torce". Talvez possamos completá-la para "dirigente dirige, conselho elege, sócio paga a mensalidade e torce".   Agora, cabe a cada sócio (que é TAMBÉM torcedor) refletir se vale a pena doar a quantia que doa mensalmente, principalmente aqueles que, como eu, não possuem direito a cadeira cativa no estádio.

Me associei com a certeza de que estaria adquirindo o direito contribuir para a definição dos caminhos futuros do meu clube. Aliás, a direção nunca se cansou de se gabar da grande "democracia" colorada e de ter as maiores eleições de um clube no país. Sem meias palavras, isso é simplesmente má fé. Ontem, o CD deu um golpe violento nos sócios, pelo menos para aqueles que pensam como eu. Tenho refletido bastante sobre esse processo todo e decidi que vou apenas dar minha contribuição para a definição das novas vagas no conselho e depois adeus associação.

Infelizmente, nesses mais de dois anos como sócio, vi um clube que geriu esse grande aporte financeiro de modo extremamente temerário, sem planejamento, sem respeito ao torcedor, sem pudor. Não me arrependo, claro, pois sempre doei a mensalidade com boa fé. Mas não tenho tão pouco motivos para considerar que ajudei o clube. Aliás, neste momento, penso exatamente o contrário. Ao me tornar sócio juntamente com tantos outros, sinto que criei condições para que o clube se acomodasse. Uma pena. Mas, como já disse, minha desilução é certamente uma libertação.

No mais, não quero e não vou julgar o Sr. Luigi, pois não tenho direito de fazer isso, ninguém tem. Mas não posso dar os parabéns a um presidente eleito dessa forma vergonhosa, mesmo que "legal". A escravidão também já foi "legal" e não era menos vergonhosa por causa disso. Sinto também que a política seja feita de forma tão mesquinha e pequena em nosso clube, fato que dificulta muito a atuação de uma oposição. Sinto que tenhamos essa cláusula de barreira ridícula, conservadora e pouco favorável a mudanças. Mas, tudo bem.

Não sou dono da verdade, nem posso prever o futuro. Estou bem ciente agora que só posso torcer e é como torcedor (e não mais sócio) que seguirei acompanhando nosso clube. Destinarei esta pequena quantia para um dos vários e importantes projetos sociais espalhados por este país afora, como por exemplo o Hospital Infantil Boldrini, onde já fui voluntário e posso dar testemunho do incrível trabalho que fazem ali (já sou contribuinte lá também).

Desse modo, desejo, não ao Luigi mas ao Inter, melhores dias nessa próxima gestão. E a nós, torcedores, sócios ou não, desejo menos ilusão.