segunda-feira, janeiro 21, 2013

Poder

Toda a esfera de poder, seja político, administrativo, corporativo, econômico, enfim, é extremamente mais complexa e intrincada que à primeira vista.

Vou compartilhar uma historinha real, mas vou mudar os nomes para preservar os envolvidos.

Era uma vez uma grande empresa do ramo calçadista e varejeiro, que empregava milhares de pessoas, em diversos estados. Esta empresa tinha um setor de informática de cerca de uma centena e meia de pessoas na sede matriz.

Especificamente, esta empresa desenvolvia suas próprias soluções de informática (SW),e para tal fim, tinha uma equipe de analistas, programadores, consultores e afins.

O operacional propriamente dito de um setor que desenvolve software, ou seja, quem mete a “mão na massa” ou “faz a roda girar” é o desenvolvimento, composto na maioria por jovens programadores e analistas.

Pois bem.

A história se passa especificamente no desenvolvimento, composto por “módulos” de negócio, onde um ou mais analistas especificam e repassam as atividades aos subalternos para codificação.

O funcionamento, geralmente, se assemelha à montagem de um carro. Há a especificação do todo, mas na prática há vários trabalhando de maneira segmentada até que se volte a integrar os componentes e obtenha-se o resultado final.

No entanto, o todo possui a mesma força de sua peça mais fraca. É possível, na analogia com um carro, ter um excelente motor, mas se os freios e a transmissão são de péssima qualidade, o resultado todo fica comprometido.

Em um desses “módulos”, liderado pelo Analista-chefe “Beltrano”, há um outro analista subordinado e 12 desenvolvedores. Desses, 8 eram jovens promissores, empenhados, capazes e ambiciosos, sempre buscando a melhoria e a qualidade. Em síntese excelentes profissionais.

Dos 4 restantes, 2, apesar de inferiores, não comprometiam. O problema consistia justamente em “Ciclano” e “Beltrano”. Estes eram irresponsáveis, displicentes, e acima de tudo, inconsequentes. O que acabava por acontecer com impressionante frequência era que o resto da equipe tinha que trabalhar dobrado pra compensar esse deficit (abraço Nei!!!!).

Claramente, esta é uma situação muito ruim, e pior ainda, que se agrava exponencialmente com o tempo. Os boatos começam, a rádio-peão retransmite a insatisfação e há um cenário em ebulição.

O pior, aos olhos do operacional, é justamente a sensação de como Ciclano e Beltrano passam incólumes, como seu trabalho (falta de) passa despercebido, ao passo que eles se matam trabalhando para compensar dois pesos mortos.

Não há notícias de cortes, punições, enfim, nada que indique que vá haver algo de forma a reparar a “injustiça”.

Já estive nesse lado do espectro várias vezes, e posso afirmar, categoricamente, que é desmotivador.

A pergunta acaba por vir à tona: “estão todos cegos”? “Será que há tamanha falta de acompanhamento e discernimento para ver o que realmente acontece”? “Como é possível uma situação dessas”?

 “Como é que fulano foi promovido e é extremamente incapaz”? “Porque X não percebe que Y é manipulador, interesseiro e intriguista”?

 "Como é que contrata-se jogadores pagando reais fortunas para nem mesmo chegar a vestir a camisa do clube"? "Porque paga-se milhões a treinadores medíocres"? "Porque a base é relegada, e os empresários têm sempre fatias dos jogadores mais promissores”?

Meu amigo, certas coisas é melhor nem saber. 

Certeza mesmo é, que sem um conselho fiscalizador, com plenos poderes, o que resta é apenas mais espaço para manobra.

Se eu pudesse elencar apenas um valor que gostaria que o clube investisse, ele se chamaria transparência.

E quanto a historinha acima…

O analista-chefe sabia muito bem que Ciclano e Beltrano estavam prejudicando a todos… Inclusive ouviu reiteradas reclamações de seus subordinados em relação a estes colegas. Acabou perdendo dois ótimos profissionais inclusive por causa disso.

Ele não era cego. Ninguém ascende ao poder sendo bobo.

O problema é que Ciclano e Beltrano eram filhos de amigos pessoais de longa data do dono da empresa.






Ps: Este post não é específico a este ou aquela, tampouco a esta ou aquela direção. Inclusive, pelas manifestações que acompanho de longa data do Dr. Luis César Moura, o futebol colorado está em ótimas mãos.

@Davi_Inter_BV