Por mais incrível que pareça estamos aí na atividade. Falo isso por haver passado pela minha cabeça momentos em que o INTER poderia ter tido um caminho diferente. Queda na receita, rebaixamento, redução de torcida e por fim a falência.
Pensei em fários aforismos e frases de efeito. Mas nenhuma delas traduziu bem as sensações e emoções das vivencias lembradas. Na verdade, só uma: a vida não é fácil, se fosse a gente não nasceria chorando.
Mas onde eu quero chegar com essa conversa?
Vamos a uma historinha: reza a lenda que nos áureos tempos da RFFSA havia um serviço muito ruim de ser feito pelos soldadores que era restaurar as rodas das locomotivas e vagões. Desgastadas pelo uso, elas precisavam ser recompostas manualmente com o uso de solda. Um bom soldador faria cinco restaurações em um dia de trabalho. A média ficava em três. Mas, havia um soldador argentino chamado Andres que fazia o reparo em 10, e o serviço era muito bem feito. Tanto que seus colegas chegavam a ficar conversando ou de braços cruzados enquanto empilhavam-se rodas ao redor do soldador argentino. Com o passar do tempo sua produção caiu para oito peças ao dia. De imediato foi chamado pelo chefe de sessão para uma conversa séria. Quando chegou a seis rodas por dia foi chamado pela administração da oficina para acabar com a esculhambação e corpo mole. Enquanto isso, seus colegas inaptos e menos hábeis seguiam sua rotina dentro do conforto da mediocridade. (FIM)
Ao contrário do que o nome, nacionalidade e produtividade do soldador indicam a história, reza a lenda, é verdadeira. Foi contada pra mim no intervalo do almoço em uma fábrica de implementos agrícolas que trabalhei anos atrás como analista de processo. Foi usado como exemplo da "excelente gestão" que havia na falida empresa.
Isso tudo pra dizer que é fácil cobrar mais de onde se tem expectativa de resultados acima da média. Mas enquanto discutimos quando Forlan fará outras pinturas como as de domingo, quem se preocupa em limpar o elenco daqueles abaixo da média?
Enquanto a torcida sonha e divaga, quem está assumindo a responsabilidade de buscar um nível mínimo de desempenho para ter um grupo forte e homogêneo?
É fácil acomodar os menos capacitados que "passaram no concurso" mas não rendem o esperado, até que algum interessado leve. Mas, o problema é que enquanto isso não acontece (e raramente ocorre). Vai consumindo estrutura e recursos que DEVEM ser melhor alocados.
Mandar embora quem não tem o nível de excelência que as ambições do INTER exigem, não é ser mal. Isso é sim ser honesto e leal a torcida que mantém ativo esse brinquedo caro chamado SC INTERNACIONAL.
Por fim, um recado a administração do INTER: SEMPRE tomamos decisões. Até mesmo não tomar uma decisão e deixar tudo comodamente como está já é uma decisão (a pior delas, a dos covardes). Errar trabalhando está dentro do risco do negócio. O que ninguém mais admite é o medo e as esquivas de quem não assume a responsabilidade que tem. Queremos atitude, pois, como eu disse, a vida não é fácil pra ninguém.