O ano era 1997 e o mês outubro. A cidade, Santa Maria. Num sábado a tarde, enquanto um amigo brincava de testar o som, tocava guitarra num palco que era preparado. Nisso, um pequeno grupo de meninas que se formou rápido começou a gritar: "lindo! lindo! lindo!"
Eu sabendo do que se tratava disfarcei o sorriso. Até que pouco tempo depois as gurias se deram conta de que ele, o fascinante guitarrista, não era membro da banda nova e pouco conhecida que vinha tocar na cidade. Em instantes o fã clube se desfez por culpa do Rafa. Apenas eu e outros colegas sabíamos que o quase-famoso músico era apenas o irmão do chefe da equipe de som, até que uma das meninas perguntou: "ele é o guitarrista da banda?". Automaticamente o Rafael: "Que nada! Ele tá só testando a guitarra". Quanto aos gritos, que logo se silenciaram ,viraram motivos de risadas e piadas por um bom tempo. (FIM)
Um cumprimento na saída desse mesmo show e o autógrafo do "baterista pelado" (outra situação que rendeu piadinhas por semanas, com a mesma vítima das fãs instantâneas) foi o mais próximo que cheguei do Charlie Brown Jr e do agora falecido Chorão.
Num mundo cada vez mais falsificado e pasteurizado dentro do politicamente correto, foi-se um cara que procurava ser autentico. Que fazia um som legal. Alguém que dentro de sua insanidade procurava buscar um fio que guiasse seu espírito de volta a paz.
Vou copiar, na cara dura, parte de um texto que li navegando pela internet e achei a tradução literal do que eu devo escrever sobre isso:
"Assim como todo mundo, fui pego de surpresa com a morte de Chorão.
Sei que você hoje vai ler um monte de matérias a respeito do falecimento do cara e que a maioria vai trazer uma retrospectiva da carreira do cara, suas polêmicas, seus sons, bla bla blá, bla bla blá, bla bla blá... Por isto, vou me abster de entrar neste campo." (daqui)
Estranha é a vida e suas desconexões interligadas. Enquanto ontem eu preparava o post de hoje, em algum lugar da Venezuela estava o cadáver de Hugo Chaves e Chorão talvez surtasse, talvez se drogasse... talvez já estivesse morto. E você que agora lê essas linhas fazia alguma coisa sem nem imaginar o que estaria acontecendo agora. Quem sabe dessas coisas? Quem conhece o curso dos caminhos que não se cruzam? Acho que ninguém. Por isso, aproveite bem cada momento.
Eu planejava ir a um show do Charlie Brown Jr. Não quis ir ao Planeta Atlântida porque achei um evento fora da minha realidade (32 anos). A oportunidade é uma porta e os planos uma janela. Quando a porta se fecha a janela já mudou a sua paisagem e não tem como entrar. Queremos viver a vida que queremos. Mas no fim, por conta disso, acabamos não vivendo a vida que temos.
Por fim, não se preocupe com o time B. Não se preocupe com o que não vale a pena. Preocupe-se se você traçou bem sua mulher, se disse que amava quem deve ouvir e se você está vivo. O resto é tão pequeno...
O Riff dessa música me fez querer aprender a tocar guitarra.
PS: Esse ano tá foda pra mim. Primeiro me ensinam que nem os jovens podem achar serem imortais. Depois vai embora o resto do cheiro de minha adolescência. Nunca tive nada com o 13. Mas como esse ano, nunca vi um outro tão próximo do Tarô.
PS 2: a primeira frase de meu post anterior é o nome dessa música AQUI, não por coincidência, mas por causa dela mesmo. Tamo aí na atividade. FUEDA! o.O