Inicialmente o grupo apresentava um desequilíbrio muito grande: havia 1 zagueiro de ofício, 4 volantes, 2 laterais, 9 meias e 6 atacantes. Note que a maioria dos meias são os chamados peladeiros “de-bola-no-pé”; sem ela não ajudam na marcação, com ela carregam até perder a bola.
É óbvio que toda a pelada tinha 30 minutos iniciais disputados e 60 minutos de varzeão total; o ápice eram os últimos 30 minutos onde virava ataque-defesa; metade do time só atacava, a outra só defendia: um horror.
Além do desequilíbrio entre os setores, outro fator que contribuía muito para o péssimo futebol era a distribuição dos times: ora colocava-se todos os volantes marcadores de um lado, ora outro time só tinha meias e ninguém para marcar, ora colocava-se todos os melhores jogadores numa equipe, e assim por diante.
O responsável pela escalação simplesmente pegava os nomes pela qualidade ou pela reputação, e distribuía um para cada lado, sem nem mesmo considerar as características, deficiências ou até mesmo o aspecto tático.
Mesmo na várzea, equilíbrio técnico é fundamental. Não adianta o ataque ser bom se a defesa é medíocre. Não adianta cadência e toque de bola se não há contundência ofensiva e muito menos bons zagueiros se não há volantes para cobertura e primeiro combate. Imagine então no futebol profissional.
O Internacional este ano sempre foi a equipe de alguns bons valores técnicos, acentuadas deficiências em diversos setores e um desequilíbrio completo.
O ano vexatório é resultado de uma falha clamorosa na avaliação de futebol. É a avaliação apenas de nomes e jamais de características. As contratações foram realizadas pelo viés de marketing em detrimento de suprir as reais carências da equipe.
O Inter padeceu em 2013 de uma clara e manifesta ausência de ideia de futebol.
Toda semana, o mesmo grupo de peladeiros do sábado que me referi anteriormente, elege através de uma votação o bola cheia e o bola murcha da semana.
O surpreendente é que há atletas que conseguem ser votados simultaneamente em ambas as categorias; assim como atletas de mau rendimento acabam sendo votados como destaque e vice-versa.
É curioso ver como cada atleta vê o jogo de maneira diferente. Alguns votam sempre no atleta que marca gols. Uma minoria vota no carregador de piano e alguns poucos analisam o aspecto tático: raríssimas são as vezes que o melhor jogador de fato é realmente eleito.
E é este o ponto que quero chegar.
Entender e conhecer futebol é um diferencial. Poucos têm este dom.
No futebol profissional, é a diferença entre o protagonismo e a figuração.
O Inter de 2014 já começa errado, pois define técnico, avalia contratações e dispensas mas não tem claro para si que equipe e que ideia de futebol deseja para o ano vindouro. Como de costume, coloca a carroça na frente dos bois.
E o pior, aparentemente vai entregar o comando do futebol em sacrifício de conchavos políticos, como descrito nestas notícias: Link1: Link2:.
Aliás, nada mais próprio que começar o planejamento de 2014 com as três características que marcaram a gestão de Luigi: letargia, morosidade e partidarismo político em detrimento do bem-estar do clube.
Ah, e para aqueles que alfinetam o rival dizendo que clube grande não cai, aguardem por 2014.
O Inter está seguindo à risca a cartilha que leva do protagonismo ao descenso.
Que Deus nos ajude, porque em relação a vexame, já bastam os 3 últimos anos.
@Davi_Inter_BV