Era Copa do Brasil, acho que 1998, Inter x América/MG. Perdemos o jogo de ida por 1 x 0 e estávamos vencendo no Beira-Rio pelo mesmo placar. Então o guri do meu lado me pergunta o que aconteceria se terminasse o jogo daquele jeito, no que eu respondi: "Se terminar assim, vai pros pênaltis" e ele fez um "Ah, tá". Meio minuto depois, ele se volta para mim e manda: " E se o Inter fizer mais um, o que acontece?"
Em 1999 (desse jogo eu tenho certeza o ano), também na Copa do Brasil, havíamos empatado em zero com o Juventude na ida. Lembro bem que, quando levamos o segundo gol, um colorado atrás de mim se levanta e convida seu amigo para irem embora ainda no primeiro tempo, dizendo: "Agora, deu! Gol fora vale dois, vamos ter que fazer quatro!"
Quando lembro desses fatos, em que o torcedor se confundia com a matemática do saldo qualificado, me questiono o que se passa na cabeça da massa quando lê que a AG não assinou com o Inter porque o Banrisul negou financiamento alegando que apenas 20% das garantias do empréstimo pretendido junto ao BNDES foi apresentado, faltando ainda integralizar as garantias do percentual correspondeste aos potenciais investidores da Sociedade de Propósito Específico para a exploração das áreas do estádio concedidas no contrato de parceiria com o Inter.
E o pior de tudo é que, mesmo pra quem entende em que consistem os empecilhos formais à concretização do negócio, fica sempre a pergunta: quais são os reais interesses que estão travando o negócio? Eu confesso que não sei mais se a AG está tentando algum arrego (pra usar uma expressão bem popular) ou se está dando um jeito de saltar do jipe sem ter que pagar pedágio.
Nesse imbroglio, tudo começou com a ideia de cobertura para o Beira-Rio. No início era só cobertura e candidatura a sede de jogos da Copa. Só que não precisa ser estádio coberto pra ser sede de jogos da Copa. Também não precisa ter marina no Parque Gigante nem aeromóvel na Beira-Rio, mas cansei de ver videos no youtube com isso aí. Pra ver como o projeto começou, digamos, aos trancos e barrancos! E a desinformação impera nessa questão.
Nessa babel de desinformações sobre a Copa em Porto Alegre, atualmente fica difícil saber até que ponto os bastidores políticos influenciarão na decisão final desse jogo que se arrasta mais que partida do Grêmio apitada pelo Márcio Chagas. Assim como virou "verdade" que o Inter perdeu a sede da Copa das Confederações, há quem diga que o Grêmio nunca quis ser sede da Copa do Mundo. Mas eu lembro de ver o Odone entrando Palácio Piratini a dentro, ainda em 2007, por ocasião de uma visita de representantes da FIFA em Porto Alegre, com um DVD e uns folders debaixo do braço, tal qual essas gurias que distribuem propagandas nas sinaleiras. Até me questiono se de fato ele não atacou o carro dos executivos estrangeiros nos arredores da Praça da Matriz.
Enfim, não cabe a mim julgar a atuação do Presidente rival neste caso. Até onde sei, ele está defendendo o dele. Eu, na verdade, me preocupo é com o meu clube, com o pedaço do estádio que um Presidente demoliu sem autorização do Conselho e contra a vontade de seu sucessor legitimamente eleito mas ainda não empossado. Me preocupa a necessidade de gastar recursos do clube reconstruindo o que por prudência e também por respeito até mesmo à memória de alguns colorados que já se foram, jamais deveria ter sido violentado por bravata político-administrativa!
O clube entrou num brete e quem já viu res se virar no brete sabe o quão perigosa essa manobra pode ser. Ser sede ou não dos jogos da Copa será decorrência natural da formalização de um negócio que, até o momento, segue empacado. Só que isso exige uma definição urgente, não mais porque a FIFA quero ou porque o COL exige. Um time não pode jogar sempre desfalcado, um estádio não pode ficar indeterminadamente destroçado!
Não sei quanto tempo mais teremos a definição acerca do futuro do nosso patrinômio na mão de terceiros. Só sei que a cada vez que eu entro no Beira-Rio no estado atual em que se encontra, me dói ver uma parte da história do meu clube destruída! Pra frente ou para trás, é preciso dar o próximo passo! Não pela Copa, não pela FIFA, não pelo COL. Pelo Inter!