Seja a mudança de emprego, de lar ou o mais mundano e simples aspecto da nossa rotina, a mudança sempre vem acompanhada da incerteza e da dúvida.
Adicione ao cenário um passado recente de conquistas – as maiores conquistas do clube até então – e temos um cenário onde a resistência ao novo é ainda mais acentuada.
Em tempo, não sou associado a nenhum movimento dentro do clube e muito menos tenho intenção que este post tenha caráter de fazer propaganda a determinado movimento ou corrente política. Meu único objetivo com as palavras que seguem é a reflexão.
O Inter vem sendo gerido nos últimos anos sob alguns pilares administrativos até então inovadores: salários em dia, manutenção e continuidade de uma base de time, investimento nas categorias inferiores, captação e ampliação de receitas e, principalmente, equilíbrio financeiro através da formação e venda de 1 a 2 (ou 3,4,5…) jogadores por ano, de forma a sanar o fluxo de caixa.
Alicerçado numa forte campanha associativa, catapultando o clube a uma das maiores receitas nacionais, e com um progressivo e pesado investimento na qualificação do futebol, os resultados eram uma questão de tempo, e logo tornaram-se títulos.
O modelo, até hoje vigente, responsável pela década mais vitoriosa do clube, parece desgastado. O crescimento da arrecadação de receitas está estagnado, crescendo em ritmo lento, e acima de tudo, a qualidade do plantel, outrora com 2 ou 3 jogadores bons em cada posição, hoje é carente até mesmo em algumas posições do time titular.
Em contrapartida, a folha salarial é a mais alta da história do clube. Investimento que não condiz obrigatoriamente com a qualidade do time.
Jogadores em claro e manifesto declínio técnico ainda ganham verdadeiras fortunas, e o ônus disso tudo é que mesmo efetuando vendas do quilate de um Oscar, os dividendos são
O sucesso do modelo nunca esteve atrelado a não vender jogadores, mas sim à reposição, em antecedência e a altura. Perdia-se Sóbis e trazia-se Nilmar. Fernandão por D’Alessandro, Tinga por Guinazu e assim por diante..
O modelo começou a naufragar quando o perfil de reposição de jogadores foi trocado. As contratações em jogadores jovens – mas de potencial – ou em jogadores de comprovada qualidade e no ápice de suas carreiras foram deixadas de lado. E a reposição, quando vinha, era sempre feita em meio a campeonatos, o que sempre requer adaptação, condicionamento físico, etc,etc…
Dessa maneira, o clube passou a apostar na manutenção de jogadores baseado na gratidão e não no referencial técnico. Passou a pagar fortunas, no desespero, por jogadores inferiores ou em fim de carreira. E por fim, deixou o planejamento completamente de lado. Fora erros crassos no que tange a avaliação de alguns atletas.
Em síntese, começou a repor Nilmar por Alecssandro. Sandro por Wilson Mathias. Giuliano por Tinga. Taison por Zé Roberto. Jovens, de seleção, por apostas, ou jogadores insuficientes.
O exemplo mais clássico, talvez, da falta de planejamento, foi saber desde o começo do ano que Damião iria estar ausente por diversas datas, e em contrapartida, liberar Gilberto, Jô e só buscar Rafael Moura com metade do campeonato em andamento, pagando um valor bem salgado pelo mesmo.
O mesmo planejamento que passou quase o ano inteiro sem contratar um zagueiro de qualidade, que renovou o contrato do lateral direito mais sobrevalorizado do futebol brasileiro, que contratou nulidades absolutas como Édson Ratinho e Fransérgio, e que por fim, coloca um elenco milionário sob a condução de apostas como Falcão, Dorival Jr e Fernandão, sem um conceito claro de futebol.
Alias, minto, pois o conceito claro de futebol existe, e parece ser o da cautela (abraços professor Roth), o empilhamento de volantes, o apadrinhamento dos medalhões e um futebol que, sinceramente, as vezes é um martírio de se assistir.
A verdade é que o Inter vem cometendo sistematicamente os mesmos erros, ano após ano, e a gente acaba vindo se repetir aqui no blog.
Falta de renovação, não de nomes, mas de idéias… Mudam-se as peças, mudam-se os nomes, e os erros repetem-se.
A renovação, que se faz necessária desde o fatídico 2010, torna-se cada vez mais imperativa, e nada apaga a história, muito bonita por sinal, que foi construída até aqui. No entanto, a vida continua, e se não houverem mudanças significativas na forma como o futebol é feito nas bandas do Beira-Rio, 2013 será o novo 2012, e assim por diante.
Seja com a mudança de nomes, com a mudança da forma de pensar, ou até mesmo com uma reformulação completa de conceitos estagnados, é a hora de virar a página e começar um novo ciclo.
Porque, como já falei anteriormente e volto a bater na mesma tecla, é insanidade fazer as coisas sempre do mesmo jeito e esperar resultados diferentes.
E o meu voto, no final do ano, clama pela mudança.
"O novo nos torna pessoas melhores, porque nos torna novas pessoas..."