quarta-feira, abril 10, 2013

Oito Toques



As vezes é difícil começar alguma coisa. Em outros momentos é difícil terminar. Mas diferente de começar e terminar é ter de continuar um trabalho onde se recebe a obra em andamento, mas com as paredes tortas.

Costumo brincar que refazer (ou revisar e corrigir) alguma coisa dá mais trabalho do que fazer novo três vezes. Nem sempre o trabalho fica pronto e mesmo com todo o sacrifício os defeitos ficam mais destacados do que aquilo que está certo.

O DUNGA, por exemplo. Pegou um grupo cheio de fragilidades, que nos últimos anos vinha apresentando mais conversa e status do que resultado. Daqui dois ou três meses alguns esquecerão que ele pegou a obra em andamento, com as paredes tortas e vão começar a culpá-lo se não tiver vitórias seguidas e um rendimento de alto nível sempre. Rendimento profissional em todos os jogos, com um calendário amador e um respaldo de várzea.

Não adianta brincar de "Somos o Manchester United dos Pampas, com toque de bola do Barcelona e um elenco do Real Madrid". É o mesmo que faz aquele moleque que amarra uma toalha no pescoço e sai gritanto: "sou o super-homem... pampampam pampampampã".

Eu canso cada vez que começa aquela conversa mole que houve-se quando o time perde ou  o desempenho é fraco. É culpa do gramado, é a sorte ou é a fase da lua. Nunca são eles e quase nunca foi um erro. Tudo foi o maldoso acaso e a malvada sorte que não sorriu para o INTER.

Caras, gastamos, segundo estimativas, R$ 8 milhões só na folha de pagamento. Nem um, nem dois... dou-lhe oito motivos para se indignar:

1) O INTER foi o clube que mais obteve receita com venda de jogadores nos últimos 10 anos (no futebol brasileiro) e sempre temos um elenco mediano com apenas meia duzia de bons jogadores;

2) O SC INTERNACIONAL é tido como exemplo de profissionalização. "Profissionalização, onde, cara pálida?". O clube é gerido como um time de várzea;

3) Transparência e informação do que é feito e dos atos de gestão pra quê? Ninguém sabe, ninguém viu: contratos de marketing, contratos de parceria sem licitação e ampla divulgação dos termos e condições;

4) Inexistência de concorrência. Somado ao item três, cheira mal;

5) Nos últimos 10 anos o SC INTERNACIONAL arrecadou quase metade do que vale o Manchester United e o que de fato evoluímos com isso?

6) Sairam correndo atrás da RGT e de outros parceiros que nem as menininhas que correm atrás do Justin Bieber, mesmo tendo condições melhores de negócio sem dar satisfação aos sócios e com o amém dos conselheiros;

7) O clube tem disparado o maior número de sócios do futebol brasileiro. Porém a velocidade que sobe os gastos do clube é uma, já o desempenho e as melhorias são de uma dimensão onde as coisas acontecem muito, mas muito devagar;

8) ACREDITE: o BOOM nas receitas aconteceu após a conquista do primeiro mundial, até então eramos um time financeiramente mediano. Então, não venham com a conversa de que tudo isso nos trouxe títulos internacionais. Não! Tudo isso nos trouxe é aquela sensação de ser enganado.


Oito sugestões:

1) Abertura e divulgação dos dados financeiros e econômicos do clube. O clube é dos sócios e feito para os torcedores. Tudo deve ser público. Não há nada que deva ser escondido do torcedor. tudo deve ser divulgado de forma clara, explícita e com pouco tempo após a efetivação do movimento. O ideal, por exemplo, é divulgar em abril o que houve em março;

2) Lançamento de edital para concorrência sempre que uma ação for implementada.

3) Reestruturação no organograma do clube. Todas as funções devem ser remuneradas e profissionalizadas;

4) Criação de uma empresa para gerir e comercializar a marca INTER e seus produtos e transfira a receita integralmente para o clube cuidar APENAS do futebol. Sem essa de contratos guarda-chuva onde quem menos ganha (se ganha algo) é o clube e, no fim, é quem acaba arcando com o custo se a brincadeira não dá certo;

5) Fortalecer e aproximar relacionamento com os torcedores. Promoções, divulgação de ações pessoais que promovam a marca e a identificação com o clube. Dentre outras milhares de lacunas do modelo atual de relacionamento com o sócio e com os torcedores não sócios. Chega de só lembrar do povo para arrecadar as moedas de seus bolsos;

6) Divulgar a marca INTER de fato a nível mundial. Preencher brechas no mercado brasileiro. Eu rio (pra não chorar) das versões em inglês, espanhol e japonês do site do inter;

7) Separar o que é estratégico, do que é tático daquilo que é operacional nas funções e atribuição de responsabilidades no clube. Da mesma forma, o que são negócios de LONGO PRAZO daqueles que são negócios de CURTO PRAZO;

8) Voltar a ter (e ser) no futebol apenas um clube de futebol.