Sou um torcedor fanático daqueles de treinar na academia ouvindo as músicas do ataque colorado. De ter várias camisas e diversas histórias. Sou desses que podem falar ou escrever por dias a fio sobre futebol e sobre o INTER. De ir ao estádio, só não ir ao Japão ou Abu Dhabi por força maior (muito trabalho e pouca grana) - Aliás, a derrota no oriente médio foi a mais dolorida pra mim em todos os tempos, mas isso é assunto para outra hora...
Futebol é uma cachaça desgraçada. Depois que tu pega o vício ele nunca mais sai de ti. Por mais que a razão te diga o contrário.
Certa vez, após uma conquista de gauchão pelo gremio, um amigo meu chamado Tiago, não fanático por futebol, comentou que achava uma idiotice as pessoas ficarem brigando por causa de futebol. Não lembro a frase exata, mas a lógica é que seria o mesmo que um gostar de coca-cola e outro de pepsi e os dois brigarem por isso. Nada mais é do que a briga pelo nosso dinheiro. Pela lógica, não teria razão mesmo.
MAS, por que a gente tem uma percepção tão diferente disso?
A identidade clubística quase (ou não não tão "quase" assim...) confundimos como elemento de nossa própria identidade, valores e caráter. Hoje, sobre a esteira da academia em seus 15 km/h comecei a pensar a respeito. Enquanto meu olhar ficava fixo na parede a minha frente e ACDC comia solto no fone de ouvido... tá, confesso, é mentira, era uma música do ataque colorado, mas normalmente é a turma da Austrália conduzida pelo finado Bon Scott e outras diversas e variadas (de Rock, eletrônica, clássica até coisas que Deus duvida).
Confundimos tanto as coisas quando se trata de futebol porque é das poucas coisas que está sempre conosco: com saúde ou não, sendo amado ou odiado, com dinheiro sobrando no bolso ou dívidas a pagar... independente do que, com quem ou como estejamos é uma referência que carregamos por toda a vida. Por conta disso, muitas vezes dói ou incomoda tanto: por estar tão próximo a nós, muitas vezes, confundimos como sendo nós mesmos.
PORÉM, isso não é nós. Somos muito maiores que isso. Não precisamos que ninguém coloque um brinquedo (jogo de bola) como sendo uma coisa que dê sentido a nossa vida. É essa cegueira que nos impede de ver as coisas claras na maioria dos momentos... e um grande jogo pode sustentar um atleta mediano por uma próxima temporada inteira porque bem lá no fundinho da alma esperamos e acreditamos que quando menos se espera ele terá novamente aquele brilho e pode ser especial. Misto de superstição e fé.
Assim, analisando pelo outro lado. Por que para atletas e dirigentes a coisa toda é tão mais simples e clara... parecem não ter coração, não é mesmo? Realmente eles não tem mesmo (apenas o coração envolvido), são movidos apenas pelo bolso. Mas isso não é por maldade. É como oferecer um drinque para o garçom, não dá né, afinal ele está trabalhando. É como usar um sapato um pouco apertado, com o andar a gente vai acostumando e logo ele nem percebem mais que o sapato apertado (frieza do mundo dos negócios) já é a única relação que interessa com o esporte.
Em resumo: "Dona Direção", deixe o DUNGA trabalhar e nos deixe com a nossa cachaça... senão nem coca nem pepsi... vamos é achar uma coisa melhor para nos entreter. Afinal, não esqueçam, o clube só existe por causa da paixão da torcida.
Quebrando paradigmas...
Just for Fun ;-)