terça-feira, junho 18, 2013

A nau e o imperador

Junho.

O Inter depara-se em meio ao tão desejado (?!) campeonato nacional apostando em Gilberto e Rafael Moura.

Fruto sobretudo de mau planejamento e de avaliação equivocada do plantel, aliada a lesões e convocações circunstanciais e o clube chega a conclusão que, após chegar a uma situação extrema, é necessário medidas extremas.

Sim. Contratar Adriano é uma medida EXTREMA.

É brincar de roleta russa com 6 balas no revólver ao invés de uma.

É crer em uma solução mágica, em um truque de malabarismo ou uma ilusão.

É imaginar que o clube é diferenciado, que os 7 últimos anos do Imperador (?!) foram fruto do ocaso, e onde Corinthians, São Paulo, Flamengo e Roma erraram, o clube irá acertar.

É investir num jogador que, claramente com problemas de cabeça e de discernimento abriu mão da carreira há muito tempo.

É crer que o fato de 1 ano e 3 meses sem jogar, o sobrepeso e o alcoolismo irão ficar para trás e não irão cobrar seu preço.

Só que no mundo real, as coisas geralmente não funcionam dessa maneira: para cada ação, há uma consequência.

Como cobrar motivação, foco e profissionalismo de um jogador que, na primeira adversidade, refugia-se em seu amada favela, abandona treinos e claramente não obtém realização nem satisfação alguma em cumprir os sacrifícios necessários a um jogador de alto nível?

E para piorar, exemplos recentes de indisciplina e insubordinação são abundantes.

Adriano é claramente não apenas um atleta-problema, mas um ser humano com dificuldades em superar a perda do seu pai e seguir em frente.


Adriano pode, mesmo acima do peso, começar a fazer gols, readquirir confiança e tornar-se um acerto? É possível, pois o futebol é uma verdadeira caixinha de surpresas.

Como não há nada a perder, e a razão sobrepõe a emoção, darei um voto de confiança ao Dunga. 

Quem sabe o paternalismo e a franqueza de nosso treinador seja exatamente o que o jogador precisa. Mas não deixarei de cobrar o mesmo, pois trata-se de aposta de cunho pessoal, e de altíssimo risco.

Entranto, é difícil não ver o simbolismo claro e manifesto em frente aos nossos olhos: o clube perdido, refém de suas decisões equivocadas, procura o ex-atleta desorientado e sem rumo; o náufrago em sua ilha de sentimentalismo em busca de resgate por um navio que foge da deriva.

Esperamos que o clube não afunde junto.

@Davi_Inter_BV