A Libertadores não virá, e sinceramente, torcer para que o coirmão acabe o ano da pior forma possível nada mais é que uma migalha ou um prêmio de consolação.
A verdade é que 2014 já deveria estar sendo planejado e executado a todo vapor, mas o que se escuta são entrevistas onde o Departamento de Futebol irá esperar o ano terminar para se posicionar.
Espero sinceramente que isto seja discurso externo, até porque planejamento estratégico é assunto de economia interna. Se não for discurso externo, não há nada a fazer a não ser temer por mais um ano de figuração.
Quando da efetivação de Clemer, após a vitória contra o Náutico, comentei que a efetivação do mesmo era uma boa opção dado o contexto e as circunstâncias, mas que o resultado contra o saco de pancadas não poderia ser avalizador ou catalisador de uma decisão desse porte.
E este é o grande problema, ou ao menos assim me parece.
No Inter parece não haver convicção e as tomadas de decisões parecem, quando não aleatórias, intempestivas.
Independente de nome de treinador, grupo de jogadores ou departamento de futebol, o Inter necessita um projeto de futebol alicerçado em ideias solidas e fundamentalmente convicção.
2013 foi um fracasso e nada irá me provar o contrário, nem mesmo 5 vitórias nos 5 jogos restantes. Não se analisa uma temporada por 30 dias, e nem se planeja um ano apenas quando outro acaba.
Falta entender as causas e antecipa-las, e não simplesmente reagir.
Conta Levir Culpi que no início de sua carreira, estava treinando um clube relativamente menor e enfrentando um forte adversário em seus domínios.
Sua equipe estava sendo dominada amplamente, devido a maior qualidade técnica e poderio econômico do adversário. Não vendo uma outra solução, povoou o meio-de-campo e se resignou em jogar para não perder.
É claro que a torcida não viu dessa forma, e um torcedor, visivelmente alterado, passou o jogo inteiro a poucos metros vociferando e gritando impropérios no ouvido do treinador.
Era uma situação insuportável. Foram quase 90 minutos aos sons de “burro, burro, burro” e outros adjetivos menos simpáticos.
Então, no fim do jogo, Levir substitui o único atacante do time e coloca mais um jogador de contenção. O referido torcedor foi a loucura, maldizendo as próximas 3 ou 4 gerações do “professor”. “Burro, burro, burro” era cantado incessantemente.
Eis que no apagar das luzes, o volante que acabara de entrar, pega uma bola rebatida e do meio da rua acerta um petardo indefensável a mais de 30 metros de distância, sacramentando uma vitória até então improvável.
Triunfante, Levir Culpi, passivo até então, mas agora seguro de si, estufa o peito, brada um palavrão, vira-se de costas e dirige o olhar, imponente, ao torcedor que até então o xingava.
Queria olhar nos olhos do seu algoz, esperando um pedido de mea-culpa ou algo do género, apenas para ver o torcedor dirigir-lhe o olhar por alguns minutos, imóvel, ao momento em que se pronuncia:
- “Burro, burro, burro! Burro com sorte!”
A burrice nós já temos.
Só nos falta a sorte.
Ou talvez seja o contrário.
@Davi_Inter_BV