Sei que talvez esse assunto já esteja cansando na blogosfera colorada, mas não posso fugir de falar da eleição. A forma audaz como decidimos concorrer sozinhos, as várias dificuldades que surgiam no caminho (desconhecido), o nervosismo de entrar num estúdio de rádio pela primeira vez, o choque de ver a força financeira das outras chapas, as pesquisas que nos encheram de esperança, e finalmente o sopro: “todos passaram”, dito por um cara da comissão eleitoral, minutos antes do anúncio.
Quando decidimos concorrer sozinhos, lá no último “churras-boll” do BV, fiquei orgulhoso e convicto de que eu estava cercado de pessoas sérias. Enfrentaríamos uma disputa com pouquíssimas chances de vitória, mas e daí? Pior que perder, é perder defendendo aquilo que não acreditamos, com nossos nomes ao lado do “malandro” que driblou sua rejeição colocando seu nome nas duas “únicas” chapas.
Tudo era um desafio. Completar a nominata com 165 nomes de sócios aptos a votar, foi o primeiro deles. Mas conseguimos! Entramos no jogo para o Conselho, quando o debate presidencial já era do conhecimento de todos. Então começamos uma peregrinação pelas redações. Fomos no ZH, na Guaíba, no Correio, na Band, na Pampa, dizendo: oi, nós existimos(!), as eleições são distintas, para o Conselho são 3 chapas! 3 chapas! Todos nos trataram muito bem. Uns mais céticos outros dizendo “pena que vocês não têm chances, mas vamos lhes dar muita força nos próximos anos”.
Quando terminamos nossa peregrinação midiática na sexta de noite, na Gaúcha. Fui pra casa pensando. Será que vai dar? Que nada! Eu dizia pra mim mesmo. É muito mais difícil do que tu imagina. E assim chegamos no Beira-Rio, as 7hrs e 30 min de Sábado. Tirei uns pacotes de panfletos do banco de trás do meu carro e, enquanto caminhava em direção ao nosso QG passei ao lado de uma Saveiro lotada de caixas com panfletos da Chapa 1. Um exército de pessoas chegava para distribuir os adesivos e panfletos das outras chapas, enquanto que tínhamos 5 moças para nos ajudar. Ali, até umas 11 horas da manhã eu me sentia feliz pelo que escrevi no texto da última sexta: participar é uma vitória.
Quando as rádios começaram a divulgar 13, 14% para a nossa chapa, tive uma carga de adrenalina: na praia não! Aí foi aquela loucura até as 17 horas, cada eleitor poderia fazer a diferença. Atacamos a fila, eu sentia por cada um que passava e eu não conseguia falar. Sempre tem a margem de erro, vai dar, vai dar! Ao final da votação, como coordenador da Chapa, acompanhei a emissão dos Boletins de Urna e a contagem dos votos em papel. Estava ali na quadra quando um dos integrantes da Comissão Eleitorial, esqueci o nome(perdão), comentou em vós baixa: todos entraram.
Caralho! Não tem como descrever o que senti, mas posso tentar. Olhei o pessoal sentado nas cadeiras, apreensivos, dali também via Fernando Carvalho. Lembrei das crônicas do Manu, Conselheiro! Lembrei da conversa com o Caio e o Alemão num Pub na Nova Iorque, conselheiros(!), o Tiago Vaz e tudo que ele já fez pelo Inter resgatando a história da família Poppe sem pedir nada em troca, conselheiro! O Nelson, cara, o Nelson, Conselheiro... O Everton que sofreu represálias por estar na nossa Chapa, sendo expulso do Consulado de Gravataí que ele tinha muito orgulho em participar. A Diana, glória! Me olhava tentando decifrar o que eu já sabia e que no fundo, todos sabiam. Éramos vencedores, de qualquer jeito. O Dreyer, “Mestre dos Magos”, mas que sempre que pode contribui com muita qualidade, a Elisa, o Fábio Ourique, o Alex, o Pedro, que não entrariam, mas que estavam lá trabalhando pelo grupo, pela equipe.
Quando o Sr. Bonatto começou seu discurso, fiquei pensando o que falar para a imprensa, lembrei de colorados anônimos, sem rosto, sem nome, que estão ali em cada tijolo doado do Beira-Rio, aqueles que abraçamos na hora do gol, aqueles que foram lá e ficaram no sol para apertar o 3. Quem são esses caras da Chapa 3? Uns ninguém, não importa. Também eram assim os Poppe, o Joãozinho Seferim, uns “guris”, ousados, valentes... E lembrei também que eu cresci nos anos 90, o único colorado do grupo de amigos, as festas das quais eu ficava excluído, eles saindo para ir ao jogo e eu, lá, sozinho e colorado... como foi difícil conter as lágrimas. Naquele tempo não havia democracia, mas isso é Inter. E esse sistema de escolha livre dos associados é o que faz com que os dirigentes não se acomodem, estejam sempre comprometidos com resultados, porque sabem que serão julgados por pessoas independentes, que não têm compromissos com grupos políticos, mas com o Internacional. Nós do INTERnet/BV estaremos lá, comprometidos apenas com resultados, com o Inter, nossa paixão.