segunda-feira, dezembro 15, 2008

110 O voto de Uruguaiana

110
Tenho meus textos gravados no computador por dia, mês e ano com dois dígitos cada. Quase sempre procuro o último texto que escrevi e salvo como dia vigente. Mas hoje abri o primeiro que encontrei na lista e era 041208. O título, campeão de tudo, mas o melhor veio na primeira frase: foi sofrido, mas vencido.

Apesar de sorrir em frente à tela, diante da curiosa sorte em abrir justamente o arquivo que fala de uma grande vitória, inédita, eu mudaria a frase para: foi batalhado e merecido. Digo isso porque não consigo relacionar com sofrimento todos os dias que vivi junto às coloradas e colorados do “petulante” movimento Internet/bv. Lunáticos cibernéticos.

Guardo em mim outras palavras, intensidade, sonho, ideal. Tenho comigo outras adversidades pelas quais se passa até alcançar o objetivo, esforço, luta, superação. Penso isso porque tenho respeito por todos os meus fracassos, assim como guardo com carinho as conquistas. De longe, da arquibancada do Gigantinho, eu sorri pro Guilherme na ansiedade da recíproca, que veio. Era o prenúncio, mas lutei contra a afobação, queria o legítimo anúncio do que li na expressão que já me é tão familiar.

Eu hoje sei ver no contido Caio quando ele concorda ou discorda. É o criador do movimento BV, que mais tarde se uniu ao INTERnet. Eu sei quando alguma atitude é arriscada, pela reação do Adir. Entendo a Elisa, que é visceral. Vi nos olhos do Fábio a grandeza, diversas vezes. São azuis, que ironia para um colorado, como os olhos do Emanuel, que transmitem a máxima doçura imaginável. A noite das asas vermelhas é um mistério que decifrei no último sábado, o autor é o próprio anjo personificado. As asas, que não são de morcego, abriram nosso caminho em plena luz do dia.

Há tempos que compreendi a leveza por traz do áspero digitar do Nelson. Foi preciso muito pouco para a unânime simpatia pelo Gonçalves. É preciso mais tempo para controlar a espontaneidade do Everton, pára de chorar! Eu nunca tinha visto o Jesus. Que honra dividir a missão feminina com a Michele. Vai dar problema um movimento com tantos arquitetos, né Rodrigo? E eu olhei nos olhos dos meus conselheiros, Abel, ops! Daniel. É cativante o sorriso aberto do Alexandre II, de Santi. Foi imprescindível a inteligência do I, Ribeiro.

Paolo deu a maior dentro do dia, chamou todos para abordar na fila, nós mesmos, ali, mostrando a alternativa possível. Sim, nós podemos. Meu telefone liga sozinho pro Alemão, não estranha se amanhã ou depois eu te ligar. “Alô. Alô. E aí? Nada, me acostumei... Ou melhor... Tudo! Que teremos pela frente no Conselho”. Se o Caio é tímido, conheçam o Eber. Nele eu vi a expressão mais emotiva, preço que pagam os donos dessa virtude, a de ouvir mais do que falar. Tem mais gente que não sei o nome, de quem obtive o sincero abraço. Outros, que só sei por nome e talvez tenham me dado esse mesmo abraço. Tem ainda os que apoiaram com afinco, amigos deste e outros espaços, sintam-se guiñazumente homenageados, vocês são “du caralho”.

Do sorriso ao sorriso, o primeiro, reconheci no Guilherme na iminência do grande feito. O último, que revejo repetidamente, veio do Tiago, na mesa onde derrubamos a segunda barreira do dia, mais prazerosa que cláusula de votos, o caminhão de cervejas pra comemorar tamanha façanha, que não sirva de modelo a toda terra.

Falo das cervejas.

Sei o que representa descrever aqui a imagem que tenho de cada um que acreditou nessa campanha de dois mil reais e um “não tem preço” de paixão pelo Inter. Significa que foi real, honesto, que somos o saci, com três de Figueroa. Tá no rosto do Ricardo que um dia rogou à Santa pelo colorado e foi da arquibancada ao Conselho. Meu irmão, meu herói, que juntamente com o nobre novo conselheiro Roberto, batalhou em Santa Cruz, terrinha minha, vinte e três votos. Passamos o mínimo que era máximo por vinte e quatro. Mas, diante da imbatível sintonia, o que me intriga é, quem sabe, o derradeiro voto. Entendo que talvez ele se omita, por aquele velho receio, a numerologia da masculinidade. Então aviso que para mim, vinte quatro é engradado de Polar. Mas pode ser ela, que grata surpresa eu teria. Preciso saber.


Quem foi nosso único voto de Uruguaiana?