segunda-feira, fevereiro 16, 2009

19 Ainda falta

19

Estes últimos anos de vida colorada vêm me proporcionando jogos memoráveis. Tem até um paradoxo do ano de 2008, quando não conquistamos tudo que esperávamos, pelo menos com relação às expectativas de Campeonato Brasileiro, ao passo que presenciamos partidas inesquecíveis, contra o Paraná, Boca, Palmeiras no Beira Rio, Estudiantes, GRENAL dos 4x1.

Foram muitos os confrontos importantes que guardei na memória desde 2005, ano da retomada. Mas tem um que a princípio não apresentara qualquer relevância, sob ponto de vista técnico, estratégico ou festivo. Contudo, aquele jogo significou pra mim, naquele momento, promessa e aposta. Foi Inter e Caxias no início de 2006, em tarde quente de verão, num Beira Rio de pouco público, como o de ontem. Lembro que na superior, próximo à FICO, havia umas dez pessoas. Talvez em toda a arquibancada superior somassem cinqüenta torcedores. Não sei, não posso afirmar.

Recordo que estava sentada no degrau mais alto, ao lado de um pilar, desfrutando de sua pouca sombra, acompanhada dos amigos do dia, um pai com seu filho (nunca mais vi) e que buscaram também aquele lugar pela mesma razão, fugir do sol que racha. Eu olhava pros lados e percebia um sossego que une a melancolia do silêncio com a tranqüilidade que te faz “dono do pedaço”.

Era um jogo nada demais, um qualquer coisa de futebol e por isso meu pensamento não se concentrava ali, mas no ano que estava por vir, apostando comigo que dali alguns meses seria impossível estar naquele mesmo concreto com igual desprendimento. Seriam meses de grito e coração na boca. E eu veria todo esplendor que o destino pudera me reservar. Eu não tinha garantia de nada, o ano anterior terminara frustrado, só havia ali, comigo, sensação. Não que fosse sensitiva, até porque o principal estímulo do meu inconsciente era tangível, tínhamos um time. Era apenas um crédito sem apego, sem fiança. O time era bom, mesmo com pontuais fragilidades e botei fé. Simples assim.

Ontem vi que temos, mais uma vez, equipe de verdade. Alguns problemas estão evidentes, mas há no plantel como solucionar, Guiñazu não é da primeira função, mas tem Sandro, entre outros. Bolívar não foi ao jogo, mandou só o corpo, a cabeça ficou na beira da praia comendo camarão. Já Nilmar foi com tudo, jogador mais centrado e ativo de toda partida. Taison não pára, Alex sentiu ciúmes e deu o ar da graça. Kleber é bom jogador. O time tem banco, Marcelo Cordeiro e etc. Carecemos de ajustes, mas nada que me fizesse desanimar enquanto caminhava pela Praia de Belas, de volta pra casa. No entanto, não tive aquele aviso, aquilo em que se acredita, mas não explica, ainda que o abraço coletivo no gol de Alex demonstre bom sinal, de grupo fechado. União sempre traz bons presságios.

Não é que eu desacredite desse grupo, seria exagero. Apenas me falta um detalhe que carimba o vencedor. Naquele Inter e Caxias de três anos atrás vencemos por 2x0, vantagem mais tímida que a de ontem, mas tinha um sujeito que abriu e fechou o placar. Foi dali que tive a certeza.

Falta um dono exclusivo da braçadeira pro ano do centenário ser espetacular e inesquecível. Falta um mandatário desse posto, de carteira e ofício. Falta um capitão.