sábado, fevereiro 07, 2009

26 Arquivo de Verão

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Parafraseando o Luciano Hulk e aproveitando o clima de gre-Nal, resolvi lembrar do meu primeiro texto aqui no BlogVermelho no longínquo abril de 2007. Na época o Louis promoveu o primeiro Mata-mata, para decidir quem seria o próximo bloguista do BV. Bem, eu diria que a concorrência foi desleal: perdi para o memorável texto da Diana, aquele que apresentava o Fernandão à Glória. O título era o Campeão e sugiro para quem não lembra ou não teve a oportunidade de ler.

Mas, voltando ao meu texto, ele falava da rivalidade gre-Nal que quatro meses antes havia sofrido um grande abalo nas suas relações. Por mais que não tenha se confirmado exatamente como eu previ, ainda acho que desde então nunca mais descemos do topo da gangorra (embora acredite que poderíamos ter conquistado muito mais nestes dois anos).

Fica aqui meu “remember”, pra esquentar as baterias na véspera de mais um clássico, que por menor valor que tenha, sempre tem um gostinho especial.

O fim de uma gangorra

Crescemos ouvindo aquela música de uma nota só: “quem foi rei jamais perderá a majestade”. Era o tom de um disco quebrado que havia feito sucesso duas décadas e meia atrás e que tocara por algumas outras vezes nos anos 90. Mas era acima de tudo uma arrogância externada pelos co-irmãos ingratos a cada vez que assistiam insólitos um feito relevante do Clube do Povo do Rio Grande do Sul.

Aquela história de que “nada pode ser maior” era só mais um capítulo de uma das maiores rivalidades do futebol mundial. Mas não era assim que os rivais da Azenha se comportavam. Sempre fizeram questão de desdenhar de nossas vitórias gloriosas como o tri invicto, o octacampeonato gaúcho, o Gre-nal do século, a Copa do Brasil, os 5 x 2, o tetra brasileiro ganho em campo e nos tirado no tapetão.

Mas desde 1991 nós ganhamos um trunfo que eles nunca souberam aceitar: vergonhosamente as majestades de outrora amargaram a segundona do futebol brasileiro. Não foi uma vez e sim duas. Com o orgulho manchado e ferido os “imortais” ainda se diziam donos do mundo. E cada vitória relevante do Gigante da Beira do Rio atordoava os nossos rivais que nunca souberam reconhecer nossas façanhas.

É por isso que tem doído tanto para os falsos castelhanos reconhecerem o fim de uma gangorra que balançou pela primeira vez há quase um século quando os irmãos Poppe resolveram democratizar o futebol nos pampas.

Estivemos no topo com o Rolo e o Rolinho nos anos 40 e 50, no nascimento do gigante nos anos 60, quando fomos donos do Brasil nos anos 70, quando conquistamos a quarta estrela nos anos 90. Mas tudo fazia parte de um sobe e desce que começara a terminar por obra de uma conquista inesquecível, para nós e para eles. Era a aposentadoria de uma gangorra que jamais nos levou ao inferno e quando nos ergueu ao topo do mundo fez de uma forma irretocável.

A nossa alegria na manhã do dia 17 de dezembro de 2006 contrastava com a inveja dos nossos rivais que até hoje não admitem que sim, algo poderia ser maior. Essa angústia que os atordoa está explícito em cada recanto e a inconformidade é definição mais cristalina dos sentimentos do co-irmão. O sangue escorrendo na camiseta do guerreiro Índio, o suor na testa do garoto Luiz Adriano, a transpiração do gigante Iarley e o chute consagrador do Gabiru não sai da cabeça de nenhum gaúcho, seja ele vermelho ou azul.

Essa é a história, que pode assim ser contata: um dia teu preconceito nos fez nascer, tua arrogância, nos fez grande, tua inveja nos inspirou e teu orgulho ferido nos viu soberano.