Mesmo jogando com um zagueiro improvisado na lateral direita e sem nenhum primeiro volante de ofício, o Inter, mais uma vez, goleou no Gauchão. Com o fim do horário brasileiro de verão, finalmente um jogo às 16h, num domingo. Mas como não valia quase nada e era contra o Caxias, havia pouco mais de 10 mil pessoas no Beira-Rio. Cada vez mais me convenço de que o Inter tem potencial para ter sempre mais do que 20 mil pessoas no estádio, mas para isso, ou os jogos têm que valer mais ou os ingressos têm que ser mais baratos.
O que quero dizer é que o futebol brasileiro adota prioridades equivocadas e quem perde são os clubes, que também têm sua parcela de responsabilidade nisso.
O Inter investe pesado num grupo que possui quase dois bons jogadores por função. Contudo, além de eventuais clássicos citadinos pelo Gauchão, onde vale mais a flauta sobre o rival que qualquer outra coisa, não disputará nenhum jogo contra times da primeira divisão do futebol brasileiro em quatro meses de compromissos profissionais.
Reclamamos quando vemos jovens promessas se transferindo para o exterior sem sequer jogarem uma competição importante por nossas equipes, mas o que propomos de concreto para tentar diminuir essa relação de inferioridade com o futebol estrangeiro?
Por que os times da Série A do Brasil jogam quase um quadrimestre por ano de um campeonato que, embora profissional, não lota os estádios e tem baixíssimo nível técnico? Acreditamos, ainda, que as equipes do interior devam sobreviver apenas da esmola de ter um dos clubes grandes de seus estados, uma vez por ano em suas cidades, com time misto, numa quarta-feira às 22h? Será que é isso que vai fazer com que o futebol do interior se desenvolva? Acho que não. Para esses clubes, entendo que seria melhor desenvolver disputas regionais como forma de acesso às principais divisões nacionais. A Itália é uma pequena península e faz a sua Série D regionalizada. Por que não fazer isso num país continental como o Brasil?
Outro aspecto que acentua a vulnerabilidade do futebol brasileiro perante o europeu é que o nosso campeonato nacional não está em sincronia com as competições nacionais de lá. Assim, em meio ao início do primeiro turno do campeonato brasileiro sofremos com uma das famigeradas janelas de transferências para o exterior, nas quais quem determina quando nossos jogadores poderão sair são eles e não nós. Um pouquinho de protecionismo aqui, não cairia nada mal.
Nesse contexto, a Confederação Brasileira de Futebol não só deixa de adotar medidas protecionistas, como adota uma ação eminentemente assistencialista: a vaga na Libertadores via Copa do Brasil. Graças à essa benesse, já tivemos Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista representando o Brasil na principal competição continental. E, por pouco, também não tivemos Ceará, Brasiliense e, até mesmo, o XV de Campo Bom. É o tipo de medida que em nada contribui para o crescimento desses clubes coadjuvantes no cenário nacional.
Devido a essa política da CBF, aprovada pela cartolagem em geral, diga-se de passagem, os clubes acabam sendo tentados a eleger a prioridade errada. Me recordo que em 1999, o então Presidente Paulo Rogério Amoretty montou um time especialmente para a Copa do Brasil. Paralelamente, lançou um audacioso plano de sócios no Inter. Pois bastou uma noite em que tudo deu errado contra o Juventude, no Beira-Rio, para que se desmanchasse o time e se esvaíssem os sócios. Resultado: terminamos o ano salvos do rebaixamento por um gol do Dunga. E não foi muito diferente o que ocorreu no ano passado em que a eliminação na Copa do Brasil nos fez perder o foco em quase todo resto do ano. É o que dá apostar no assistencialismo.
Uma alternativa que vislumbro seria ter os estaduais, para os clubes da série A, como torneios de pré-temporada, contra os melhores times do interior da temporada anterior. Nada que ocupasse mais que um mês. O Brasileirão teria um calendário mais folgado, com menos jogos em meios de semana. Férias no nosso inverno. Há público suficiente para jogos no verão e um país com o litoral como o nosso, em que faz calor quase todo ano, não privaria os jogadores de uma boa praia nas férias, qualquer que fosse o mês do ano. Ah, e claro, jogos no sul às 16h entre os meses de maio e setembro e, nos outros meses, às 18h. Também seria interessante que a Conmebol definisse a Libertadores em sincronia com a Champions League e Sul-Americana concomitante à Copa da Uefa.
Sei que essa é uma ideia distante de se tornar realidade. Muitos paradigmas precisariam ser quebrados e seria necessário passar por cima de muitos interesses em jogo. O processo evolutivo é lento e depende de mudanças também na cultura do torcedor. Além disso, precisaríamos mudar as prioridades de grande parte dos dirigentes de clubes e federações.
Tenho esperança de que um dia chegaremos lá, não necessariamente nesses moldes que proponho, mas de algum modo. O importante é saber o que queremos e eu sei: quero meu clube cada vez mais forte, no Rio Grande, no Brasil e, principalmente, no mundo!
O que quero dizer é que o futebol brasileiro adota prioridades equivocadas e quem perde são os clubes, que também têm sua parcela de responsabilidade nisso.
O Inter investe pesado num grupo que possui quase dois bons jogadores por função. Contudo, além de eventuais clássicos citadinos pelo Gauchão, onde vale mais a flauta sobre o rival que qualquer outra coisa, não disputará nenhum jogo contra times da primeira divisão do futebol brasileiro em quatro meses de compromissos profissionais.
Reclamamos quando vemos jovens promessas se transferindo para o exterior sem sequer jogarem uma competição importante por nossas equipes, mas o que propomos de concreto para tentar diminuir essa relação de inferioridade com o futebol estrangeiro?
Por que os times da Série A do Brasil jogam quase um quadrimestre por ano de um campeonato que, embora profissional, não lota os estádios e tem baixíssimo nível técnico? Acreditamos, ainda, que as equipes do interior devam sobreviver apenas da esmola de ter um dos clubes grandes de seus estados, uma vez por ano em suas cidades, com time misto, numa quarta-feira às 22h? Será que é isso que vai fazer com que o futebol do interior se desenvolva? Acho que não. Para esses clubes, entendo que seria melhor desenvolver disputas regionais como forma de acesso às principais divisões nacionais. A Itália é uma pequena península e faz a sua Série D regionalizada. Por que não fazer isso num país continental como o Brasil?
Outro aspecto que acentua a vulnerabilidade do futebol brasileiro perante o europeu é que o nosso campeonato nacional não está em sincronia com as competições nacionais de lá. Assim, em meio ao início do primeiro turno do campeonato brasileiro sofremos com uma das famigeradas janelas de transferências para o exterior, nas quais quem determina quando nossos jogadores poderão sair são eles e não nós. Um pouquinho de protecionismo aqui, não cairia nada mal.
Nesse contexto, a Confederação Brasileira de Futebol não só deixa de adotar medidas protecionistas, como adota uma ação eminentemente assistencialista: a vaga na Libertadores via Copa do Brasil. Graças à essa benesse, já tivemos Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista representando o Brasil na principal competição continental. E, por pouco, também não tivemos Ceará, Brasiliense e, até mesmo, o XV de Campo Bom. É o tipo de medida que em nada contribui para o crescimento desses clubes coadjuvantes no cenário nacional.
Devido a essa política da CBF, aprovada pela cartolagem em geral, diga-se de passagem, os clubes acabam sendo tentados a eleger a prioridade errada. Me recordo que em 1999, o então Presidente Paulo Rogério Amoretty montou um time especialmente para a Copa do Brasil. Paralelamente, lançou um audacioso plano de sócios no Inter. Pois bastou uma noite em que tudo deu errado contra o Juventude, no Beira-Rio, para que se desmanchasse o time e se esvaíssem os sócios. Resultado: terminamos o ano salvos do rebaixamento por um gol do Dunga. E não foi muito diferente o que ocorreu no ano passado em que a eliminação na Copa do Brasil nos fez perder o foco em quase todo resto do ano. É o que dá apostar no assistencialismo.
Uma alternativa que vislumbro seria ter os estaduais, para os clubes da série A, como torneios de pré-temporada, contra os melhores times do interior da temporada anterior. Nada que ocupasse mais que um mês. O Brasileirão teria um calendário mais folgado, com menos jogos em meios de semana. Férias no nosso inverno. Há público suficiente para jogos no verão e um país com o litoral como o nosso, em que faz calor quase todo ano, não privaria os jogadores de uma boa praia nas férias, qualquer que fosse o mês do ano. Ah, e claro, jogos no sul às 16h entre os meses de maio e setembro e, nos outros meses, às 18h. Também seria interessante que a Conmebol definisse a Libertadores em sincronia com a Champions League e Sul-Americana concomitante à Copa da Uefa.
Sei que essa é uma ideia distante de se tornar realidade. Muitos paradigmas precisariam ser quebrados e seria necessário passar por cima de muitos interesses em jogo. O processo evolutivo é lento e depende de mudanças também na cultura do torcedor. Além disso, precisaríamos mudar as prioridades de grande parte dos dirigentes de clubes e federações.
Tenho esperança de que um dia chegaremos lá, não necessariamente nesses moldes que proponho, mas de algum modo. O importante é saber o que queremos e eu sei: quero meu clube cada vez mais forte, no Rio Grande, no Brasil e, principalmente, no mundo!