Do chocolate no time corinthiano, em pleno Pacaembú (com direito ao primeiro gol da carreira do volante Márcio, justamente contra seu ex-clube) ao emocionante embate na terceira fase contra nosso coirmão foi a primeira conquista de relevo que vi o colorado que amo tanto ganhar.
Não apenas eu, mas toda uma geração que nasceu na década de 80 e que não teve o privilégio de ver a máquina tricampeã invicta. Finalmente esta geração acabava por sentir o gostinho de abocanhar um título nacional.
Mantenho a escalação na ponta da língua: Gato Fernandez, Daniel, Pinga, Célio Silva e Célio Lino; Márcio, Élson, Marquinhos e Caíco; Gérson e Maurício. Técnico António Lopes.

Dentre os momentos que não me fogem da rotina poderia citar a decisão nos pênaltis contra o Grêmio onde o mítico Gato Fernandez fechou o gol, as semifinais relativamente tranquilas contra o Palmeiras, o golaço de placa do na época jovem e promissor Caíco, e é claro, o tento marcado pelo Célio Canhão Silva na final.
Este último momento merece uma recordação especial. Podia sentir a tensão no ar. 40 e poucos minutos do segundo tempo. O empate dava o título ao Fluminense, e ninguém mais poderia personificar o que foi aquela equipe do que nosso capitão. Uma equipe aguerrida, valente, corajosa. Chutando muito mais o chão do que a bola, sem dar destino nenhum além de uma trajetória retilínea à “gorduchinha”, cada colorado podia soltar o grito preso durante longos anos: “é campeão!!!!”
Fato é que pra minha geração, talvez embriagada por ser este o único título de relevo visto com os próprios olhos até bem pouco tempo atrás, sempre fica um carinho especial por essa competição.
Carinho e relevo esses que a própria CBF tratou de esvair com o passar do tempo: hoje as equipes de ponta não disputam mais a CB e sim a Libertadores, sem mencionar o baixo nível técnico gerado pelo inchaço de acomodar 64 equipes e não sei quantos federações e interesses políticos.
Hoje a Copa do Brasil já não é mais a mesma. Ninguém sonha com ela, e talvez a única razão que ainda a dê algum significado seja o fato de ser um atalho para a Libertadores.
Circunstancialmente, devido ao fracasso no ano anterior, esta é a competição que nos cabe no primeiro semestre de nosso centenário.
Começa hoje, contra o modesto e pouco tradicional Rondonópolis. Seria hipocrisia dizer que não se trata de jogo jogado, pois o desnível técnico e estrutural são abissais. Cabe a equipe jogar com seriedade e disciplina, atingindo o resultado desejado e preparando-se para o afunilamento que se projeta nas fases posteriores.
Fica aqui, senão o lamento pela queda da grandeza da competição, a esperança e a lembrança de que o longínquo ano de 1992 não esteja tão distante, e que a conquista dessa competição possa voltar a orgulhar cada colorado, servindo como projeção para voos ainda maiores.
Saudações coloradas