Ainda lembro como era hoje. O ano era 92 e a campanha foi irretocável. 6V, 3E, 1D.
Do chocolate no time corinthiano, em pleno Pacaembú (com direito ao primeiro gol da carreira do volante Márcio, justamente contra seu ex-clube) ao emocionante embate na terceira fase contra nosso coirmão foi a primeira conquista de relevo que vi o colorado que amo tanto ganhar.
Não apenas eu, mas toda uma geração que nasceu na década de 80 e que não teve o privilégio de ver a máquina tricampeã invicta. Finalmente esta geração acabava por sentir o gostinho de abocanhar um título nacional.
Mantenho a escalação na ponta da língua: Gato Fernandez, Daniel, Pinga, Célio Silva e Célio Lino; Márcio, Élson, Marquinhos e Caíco; Gérson e Maurício. Técnico António Lopes.
Dentre os momentos que não me fogem da rotina poderia citar a decisão nos pênaltis contra o Grêmio onde o mítico Gato Fernandez fechou o gol, as semifinais relativamente tranquilas contra o Palmeiras, o golaço de placa do na época jovem e promissor Caíco, e é claro, o tento marcado pelo Célio Canhão Silva na final.
Este último momento merece uma recordação especial. Podia sentir a tensão no ar. 40 e poucos minutos do segundo tempo. O empate dava o título ao Fluminense, e ninguém mais poderia personificar o que foi aquela equipe do que nosso capitão. Uma equipe aguerrida, valente, corajosa. Chutando muito mais o chão do que a bola, sem dar destino nenhum além de uma trajetória retilínea à “gorduchinha”, cada colorado podia soltar o grito preso durante longos anos: “é campeão!!!!”
Fato é que pra minha geração, talvez embriagada por ser este o único título de relevo visto com os próprios olhos até bem pouco tempo atrás, sempre fica um carinho especial por essa competição.
Carinho e relevo esses que a própria CBF tratou de esvair com o passar do tempo: hoje as equipes de ponta não disputam mais a CB e sim a Libertadores, sem mencionar o baixo nível técnico gerado pelo inchaço de acomodar 64 equipes e não sei quantos federações e interesses políticos.
Hoje a Copa do Brasil já não é mais a mesma. Ninguém sonha com ela, e talvez a única razão que ainda a dê algum significado seja o fato de ser um atalho para a Libertadores.
Circunstancialmente, devido ao fracasso no ano anterior, esta é a competição que nos cabe no primeiro semestre de nosso centenário.
Começa hoje, contra o modesto e pouco tradicional Rondonópolis. Seria hipocrisia dizer que não se trata de jogo jogado, pois o desnível técnico e estrutural são abissais. Cabe a equipe jogar com seriedade e disciplina, atingindo o resultado desejado e preparando-se para o afunilamento que se projeta nas fases posteriores.
Fica aqui, senão o lamento pela queda da grandeza da competição, a esperança e a lembrança de que o longínquo ano de 1992 não esteja tão distante, e que a conquista dessa competição possa voltar a orgulhar cada colorado, servindo como projeção para voos ainda maiores.
Saudações coloradas
32 Comentários:
E sem falar Davi que é o nosso último título nacional....
ja faz tempo
Temos que ganhar esse título novamente...
pra cima deles colorado....
Legal Davi.
Eu assiti aquela final pela extinta Rede OM, que na época tinha os direitos da competição. E o narrador era o Galvão Bueno (Bem amigos da Rede O.M.).
Junto comigo estavam três amigos gremistas, que se recusaram a admitir que o penalti no Pinga era CLARÍSSIMO. Hehehe
Boa, Davi!
Posso dizer, por experiência própria, que mesmo os que vimos os 3 Brasileirões conquistados, temos boas lembranças da CB.
Porque foi nosso último título nacional, e o primeiro (fora o Gauchão) em meio à depressão profunda em que nos metemos nos anos 1980/90.
Eu forçava a barra, dizendo em alto e bom som: "Sou tetra-campeão brasileiro, se não é verdade, pior para a verdade!". Claro que todos riam.
Lembro do jogo como hoje.
Estava na unidade de quimioterapia do HC de Curitiba, tratando uma leucemia. Era noite, e o silêncio se abatia sobre a unidade que tinha, logo na entrada, para não deixar dúvidas, um cadeira de rodas escrito "Alto risco". Gulp!
Estava deitado no leito, com trocentos tubos de soro pendurados, assistindo um uma tevezinha 9' P&B. A enfermeira entrou silenciosamente no nosso quarto, passando a medicação dos pacientes que dormiam. Todos, menos eu, agoniado.
Súbito, o penalti (eu podia jurar que foi no Maurício, mas descobri no BV que foi no Pinga).
Não podia gritar, não podia pular, então me debatia na cama como num surto epilético.
A enfermeira veio correndo, desesperada, pensando que eu estava passando mal.
Apontei para a tela, e falei: "É penalti para o Inter".
Ela quis me matar.
Eu também estava no BR em 92 e a passagem do nervosismo à euforia após a cobrança do pênalti foi indescritível.
Claro que eu preferia estar disputando a libertadores mas a copa do Brasil também tem suas emoções. Já pensaram a hora que nós cruzarmos com o cúrintia e enfiarmos um chocolate neles ?
Que se dane! Eu quero essa Copa.
Aliás, quero a tríplice nacional (Gaúcho, CB e principalmente Brasileirão).
Davi, eu que tenho a minha bronca com a Copa do Brasil, me sinto no dever de te dizer que esse teu tópico me emocionou. Minha razão cedeu à emoção ao ver a foto do time campeão. Eu estava no Estádio! Voltei no tempo.
De fato, aquela edição da CB foi excepcional. A nossa trajetória naquele ano foi dificílima. Corínthians, Grêmio, Palmeiras/PARMALAT e Fluminense.
Bateu uma nostalgia violenta agora! Baita abraço!
Cara, não existe essa de jogo jogado.
Sempre lembro de Camarões x Argentina, primeiro jogo da Copa de 90. O juiz deu um jeito de expulsar um de Camarões, mas mesmo assim eles foram lá e ganharam da Argentina.
Não sei pque, mas sempre que leio/ouço essa expressão "jogo jogado" me lembro dessa partida.
A Holanda era bicho-papão em 1974, tomou. O Brasil era bicho-papão em 1982, tomou.
Eu não acredito nas análises de "comentaristas" que dizem o Inter ser o FAVORITO para ganhar a Copa do Brasil. Aliás, sempre que o Inter é favorito para ganhar alguma coisa, cai de jeito.
Mas, só comento isso. O resto do Post tá 9,5.
Sobre o Caíco, alguém sabe onde ele anda? Ainda é promessa ou já largou o futebol?
É galera, a Copa do Brasil já foi grande, hoje perdeu um pouco do brilho, mas ainda pode emocionar.
Alberto, quanto ao jogo jogado, não me refiro a toda competicao, mas apenas ao jogo de hoje. Se não conseguirmos nem ganhar do glorioso Rondonopolis, ai to louco, não entendo nada de futebol. A diferença é abismal, não adianta. É que nem fazermos um time do BV de futsal pra jogar contra a Malwee, não tem como.
Abs
Se o Inter não passar pelo Rondonópolis eu prometo sair vestido de Carmem Miranda na Imperadores.
Jogo jogado sim, desde semana passada.
Vou assistir só como desculpa pra encher a cara com as parcerias.
Aliás, o convite tá feito, vamos nos reunir hj às 21 no só comes da Lima e Silva.
O jogo vai passar em TV aberta?! Azar, a batatinha frita do só comes é melhor que a minha.
Baita texto David.
Aquele pênalty cobrado na lua pelo alcindo foi nesse greNAL que tu falou?!
Tinha 10 anos na época e só lembro de partes dessa CB.
Braço!
Quero ganhar até campeonato de bolita.
O que vale é taça no armário!
Bom texto DAVI...
Senao resolverem a parada lá hoje mesmo....que nao voltem para POA....AEUAHUAHA.
Marimon, não me recordo do penalti do Alcindo não, também era bem jovem na epoca, tinha 9 anos. Me lembro que foi 3 a 0 nos penaltis, só não recordo ao certo quantos o Gato Fernandez pegou.
Essa aposta da Carmem Miranda acha que tu não corre o risco de ter q pagar. Hehehe
Abs
Concordo com o Geoband...seria interessante ter a triplice nacional tb...pois seríamos o unico a ter as duas tríplices coroas...hehehe.
Só uma perguntinha para o pessoal...hehehe
ALEXXX joga hoje ?
Bela recordacao, Davi.
Aquele time era interessante, embora muito faceiro.
Nao Cjr, ele nao joga.
http://www.youtube.com/watch?v=w3nAbSx2BcY
Eu não gosto da Copa do Brasil. Quero ganhá-la pq quero ganhar tudo com meu colorado. Porém, se pensarmos bem, ela é fonte inesgotável de fracassos gigantescos de nosso clube (América-MG, Fortaleza, Londrina,
Paulista, etc).
Economicamente acredito que um título da Copa do Brasil é mais rentável que um terceiro lugar no Brasileiro (estou falando sem ter certeza, pois não tenho nem idéia quanto o marketing lucra com uma terceira colocação no brasileiro, com o time estando 8 meses na disputa pelo título). Porém, acho que devíamos nos concentrar 100% no Brasileirão, pois o título é muito mais importante e, na pior das hipóteses, ganhamos a vaga pra Libertadores com um terceiro lugar no Brasileiro. Ou alguém duvida que nosso time não possa chegar no mínimo em terceiro no Brasileiro?
Ricardo.
A gente tá fora da LA há dois anos consecutivos, mesmo tendo a 2º (?) maior folha de pagamento do futebol nacional, e nós estamos aqui discutindo se devemos ou não ganhar essa CB?
Mesmo que não valesse vaga pra LA eu queria ganhar... valendo então, encerra qlq tipo de discussão, na minha opinião.
Do grenal dessa Copa do Brasil me lembro de dois fatos interessantes:
1) A cotovelada do Mauricio na cara do Lima (porrada forte), bem pertinho do juiz (Marsiglia). O Lima saiu do jogo chorando as pitangas, dizendo que não era mais amigo do Mauricio. O negão respondeu que nunca quis a amizade do tricolino.
2) Quando o jogo foi para os penaltis a torcida do Grêmio vibrou (foi um chocolate nosso no segundo jogo). Além disso, eles tinham um baita goleiro na época (Émerson) e todo mundo achava que ele ia pegar tudo. Aí apareceu o Gato Fernandez e pegou duas cobranças. A do Alcindo foi pra fora.
Ricardo.
Tava vendo o vídeo do link aí em cima (vlw Ricardo) e o pênalty do Alcindo foi nesse jogo mesmo, ele abriu as cobranças... mandando pra fora, mas na minha vaga lembrança a bola ia mais longe ainda... os outros dois o Gato pegou.
Aos 4:50min do vídeo.
Devemos, é claro. Devemos ganhar tudo com esse grupo. Mas não pode atrapalhar a ambição maior: campeonato brasileiro.
A decisão por penaltis no Grenal da Copa do Brasil de 1992 teve o Alcindo isolando a bola lá no Gigantinho e o Fernandez pegando as outras duas cobranças.
Uma delas foi do Wilsão, aquele zagueiro alemão ruim de bola que jogou no Grêmio vários anos. Aliás, ele apareceu no dia anterior ao jogo em uma reportagem da RBS TV treinando cobranças de penalti, sempre batendo no mesmo lado. E chegou na decisão, bateu exatamente como no treino. Aí ficou fácil pro nosso goleiro.
Eu já tinha pensado nisto, juro! E, hoje, o Pedro Ernesto botou o dedo na ferida:
"Você sabia que Alex foi retirado da viagem no último momento – e desconfio que possa estar sendo vendido pelo Inter?".
Sabedor que não vai mesmo jogar por um grande europeu, e sendo pressionado por todos os lados, o rapaz pode ter aceitado uma proposta de outro lugar do mundo.
Tão ou mais gorda que aquela dos mafiosos russos.
Se alguém tem dúvida se vale a pena participar da Copa do Brasil, leiam esta do Final Sports:
"Um jantar realizado na noite de terça-feira organizado pelo Consulado de Rondonópolis reuniu cerca de 100 colorados. Os torcedores e sócios (muitos deles se associando nesta noite mesmo) puderam ver de perto as taças do Mundial FIFA e do Campeonato Brasileiro de 1979."
É o que digo para vocês: o Inter tem muitos torcedores Brasil afora, por conta da emigração gaúcha para outras bandas.
Tem que aproveitar isto. E a Copa do Brasil é uma bela oportunidade.
Se conheço Rondonópolis e o Mato Grosso, isto será um evento regional, de grande apelo. Deve estar o maior agito por lá, acreditem!
Uma bela chance de ganhar o coração da molecada de lá, e aumentar ainda mais nossa torcida.
Só mais uma: este Gerson,artilheiro do time, não é aquele que, anos depois, morreu de AIDS?
O cara era bom, gostava dele. Do Marquinhos, meia tinhoso e habilidoso, mas que só jogava nos times do Antônio Lopes.
Puxa, uma viagem ao passado, que legal! Voltei aos meus 27 anos, cara!
Grande post! Grande post!
PQP!!!! Como jogava o Gerson.
M.A.: Sim, o Gerson é o que morreu de Aids. Salvo engano, foi contaminado pelo virus numa transfusão de sangue.
E.T.: Já pensaram o Marimon de Carmen Miranda recepcionando o Col pelado no Salgado Filho. Isola, ninguém merece.
Coitado do Gérson, mas, lá vai: morreu de toxoplasmose. Em tempo, ninguém morre de Aids, mas das doenças que a acompanham. E, pelo que se saiba, ele era soropositivo, além de homossexual (uma coisa sem correlação com a outra). Mas foi uma época que muita gente dançou pra essa doença: Freedie Mercury, Cazuza, Renato Russo (durou até 96), Zacarias, Henfil e seu irmão Betinho... Até o Isaac Asimov morreu de Aids, esse sim, pegando a doença numa transfusão.
Nego Gérson, esse deixou a sua marca. Se não me engano, foi 3 ou 4x artilheiro da Copa do Brasil.
Porra meuuuu...o que tem de especialista aqui no BV !
hauauauau
Alberto, morreu de aids é só "jeito de falar".
Jogava muito mesmo o Gérson. Não recordava do penalti do Alcindo..
É, boas recordacoes.
Abs
É, pois é. Esse é o problema de jogar um "jogo jogado". Vai perder, merecidamente (38 do segundo tempo).
E, olha, perder por 1x0 achando que em POA o resultado será revertido fácil, daí sim a casa cai. Jogando do jeito que está jogando....
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