segunda-feira, abril 23, 2012

GIGANTE – PARTE III


Superadas as fases de introdução e estruturação, era “só” negociar um contrato de vinte anos. Duas premissas foram básicas: o modelo proposto e os potenciais de exploração por parte do Inter. A Andrade Gutierrez propunha um retorno de investimento nas áreas destinadas às suas atividades e por isso haveria de receber da nossa parte as devidas limitações. Já os potencias de exploração do clube haveriam de ser garantidos, negociando pontos de conflito e criando cláusulas de maior abrangência possível - comercial principalmente.

O contrato versou praticamente sobre a introdução acima, por meio de cláusulas que garantissem ou tratassem das conseqüências destas premissas. Foi relevante para o Clube fornecer o Projeto Básico e Memorial Descritivo da reforma, respaldando o escopo negociado. Outro ponto que considero importante foram as assessorias contratadas, especialmente a jurídica, de fundamental participação na montagem e negociações do contrato.

Os termos da minuta não foram os grandes responsáveis pelo período de quase um ano desde o aceite da proposta até a assinatura. Certamente ocuparam boa parte das atenções do grupo de trabalho, no entanto a insegurança quanto ao negócio veio do mercado, fomentada pela intensa especulação da mídia em torno do tema.

Os demais negócios envolvendo estádios no Brasil foram fechados ou em composição com o poder público, ou focados em grandes empreendimentos imobiliários – sendo o estádio um setor menor. O Beira Rio tem modelo exclusivo, onde o clube não assume variações de orçamento da obra, não compartilha riscos do negócio no pós-reforma e cede espaços e receitas que, em grande parte, hoje não existem. Os potenciais de exploração imobiliária do entorno não estão contemplados no contrato, apenas a preferência na apresentação de proposta para o Ginásio Gigantinho, concedido pelo Inter à SPE. Não significa cessão ou aceite, trata-se de preferência.

Os últimos dias envolvendo a negociação deste contrato demonstraram a fragilidade que fomos adquirindo no decorrer do processo por conta de interferências diversas, motivadas por questões políticas e disputas institucionais. Contudo, não podemos deixar de fazer nossa autocrítica. Somamos equívocos no planejamento e condução. Negligenciamos os momentos adequados para tomar medidas cabíveis, tais como o envolvimento do Conselho Deliberativo (lá atrás) na definição dos objetivos do Projeto Gigante Para Sempre. E acabamos movendo ações corretas, em situação controversa. Os debates na plenária foram tardios e por conseqüência polarizaram as decisões.

Estes e outros pontos formam um conjunto de reflexões importantes. Demos fim à primeira etapa. Estamos iniciando a segunda e bastante delicada fase: obra. É necessário que o clube entenda a dimensão da intervenção, com o estádio em funcionamento. Além disso, é de suma importância que ao final desta etapa estejamos devidamente preparados para a terceira e mais longa fase, os vinte anos. A operação do estádio deve ser compartilhada na essência, aprimorada na logística e inovada em estratégia. Temos muito que aprender até lá.