Superadas as fases de introdução e estruturação, era “só” negociar um
contrato de vinte anos. Duas premissas foram básicas: o modelo proposto e os
potenciais de exploração por parte do Inter. A Andrade Gutierrez propunha um
retorno de investimento nas áreas destinadas às suas atividades e por isso
haveria de receber da nossa parte as devidas limitações. Já os potencias de
exploração do clube haveriam de ser garantidos, negociando pontos de conflito e
criando cláusulas de maior abrangência possível - comercial principalmente.
O contrato versou praticamente sobre a introdução acima, por meio de
cláusulas que garantissem ou tratassem das conseqüências destas premissas. Foi
relevante para o Clube fornecer o Projeto Básico e Memorial Descritivo da
reforma, respaldando o escopo negociado. Outro ponto que considero importante
foram as assessorias contratadas, especialmente a jurídica, de fundamental
participação na montagem e negociações do contrato.
Os termos da minuta não foram os grandes responsáveis pelo período de
quase um ano desde o aceite da proposta até a assinatura. Certamente ocuparam
boa parte das atenções do grupo de trabalho, no entanto a insegurança quanto ao
negócio veio do mercado, fomentada pela intensa especulação da mídia em torno
do tema.
Os demais negócios envolvendo estádios no Brasil foram fechados ou em
composição com o poder público, ou focados em grandes empreendimentos
imobiliários – sendo o estádio um setor menor. O Beira Rio tem modelo
exclusivo, onde o clube não assume variações de orçamento da obra, não
compartilha riscos do negócio no pós-reforma e cede espaços e receitas que, em
grande parte, hoje não existem. Os potenciais de exploração imobiliária do
entorno não estão contemplados no contrato, apenas a preferência na
apresentação de proposta para o Ginásio Gigantinho, concedido pelo Inter à SPE.
Não significa cessão ou aceite, trata-se de preferência.
Os últimos dias envolvendo a negociação deste contrato demonstraram a
fragilidade que fomos adquirindo no decorrer do processo por conta de interferências
diversas, motivadas por questões políticas e disputas institucionais. Contudo,
não podemos deixar de fazer nossa autocrítica. Somamos equívocos no
planejamento e condução. Negligenciamos os momentos adequados para tomar
medidas cabíveis, tais como o envolvimento do Conselho Deliberativo (lá atrás) na
definição dos objetivos do Projeto Gigante Para Sempre. E acabamos
movendo ações corretas, em situação controversa. Os debates na plenária foram
tardios e por conseqüência polarizaram as decisões.
Estes e outros pontos formam um conjunto de reflexões importantes. Demos
fim à primeira etapa. Estamos iniciando a segunda e bastante delicada fase:
obra. É necessário que o clube entenda a dimensão da intervenção, com o estádio
em funcionamento. Além disso, é de suma importância que ao final desta etapa
estejamos devidamente preparados para a terceira e mais longa fase, os vinte
anos. A operação do estádio deve ser compartilhada na essência, aprimorada na
logística e inovada em estratégia. Temos muito que aprender até lá.