segunda-feira, novembro 19, 2007

14 Não me deixa

14
Escrito por Diana Oliveira

São dias, horas, momentos e tantos que não consigo descrevê-los um a um. São sonhos e pesadelos, alegrias e aflições. São os múltiplos segundos intransferíveis. Sol e chuva, brisa e vento, calor e frio. Ganha. Perde. É tudo que é bom e que é ruim. Tudo junto, agora.

É cada instante em que estive contigo, cada gota de suor que escorreu do meu rosto. Todos os apertos no lado esquerdo do peito, toda pulsação involuntária, inebriante invasão que precede a explosão do grito. É tudo que me tira do sério e que me devolve a paz.

É tudo que eu consigo racionalizar e o que eu não sei explicar. São todas as contradições em meio à estúpida insistência humana de justificar, comprovar. É a ciência dos sentidos. É gostar hoje, odiar amanhã e vice-versa. É buscar esperança no desacreditado. Desconfiar do garantido. Teimar diante do fato. Questionar o impreciso.

Nada mais é que a combustão do sentimento mais íntimo, segue fundindo moléculas freneticamente por todo o período. Não pede licença. Ignora diferenças e afinidades. Efeito coletivo: somatório de órbitas individuais que na união atingem proporções universais. É cada um com sua parte e ambos querendo a mesma coisa.

Por tantas vezes me cansei de ti e agora tua ausência me dói. Sei do longo período de distanciamento que nos espera e dos motivos que nos separam. Tentarei me ater em outros interesses, buscar novos assuntos. Vou cultivar tua cor e teu semblante no cantinho intocável da minha memória. Espero que possamos nos renovar, mantendo a essência. É provável que eu não seja a mesma na ocasião de tua volta, pretendo estar melhor, radiando novidades. Mesmo assim, não consigo pensar em outra coisa que não seja pedir-te: por favor, colorado, não me deixa.

É fim da temporada e assim o alívio do exausto, abstinência do apaixonado e melancolia do nostálgico. Resguardos e reflexões até que cheguem as águas de março fechando o verão e a promessa de vida no meu coração.