Escrito por Diana Oliveira
Só ontem assisti Tropa de Elite. Além de aguardar a estréia no cinema e não sucumbir ao furacão de lançamento pirata, no clima provoque sua sede até não agüentar mais, deixei também passar a febre das salas de cinema lotadas. O frenesi provocado pelo filme até então já havia me deixado a par de alguns debates, do tipo se é melhor ou não que o último estouro do cinema nacional, de Fernando Meireles, Cidade de Deus. Acho que os dois filmes têm em comum a violência banalizada escancarando aos olhos das classes intelectualizadas, mas é só. São propostas distintas, José Padilha dá outro enfoque pra história, menos plástico, mais político e digo, Tropa de Elite é melhor que Cidade de Deus, se me permitem a comparação.
Digamos que o Fernando Meireles é verso, José Padilha é prosa e ambos são importantes pra sétima arte brasileira. O primeiro apareceu na cena há mais tempo, desde Todos os Corações do Mundo, que eu assisti na grande tela também, documentário sobre a Copa do Mundo de 94. Atingiu o status de fenômeno com a história da clássica favela carioca, mas ainda viria a lançar O Jardineiro Fiel, perfeição de filme.
Já o mais novo queridinho do cinema tem no seu currículo Ônibus 174, assim como no futebol os craques vão se destacando nas categorias de base, em outras vertentes os talentos igualmente aparecem no berçário. Esse documentário relata o trágico seqüestro de um ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, protagonizado por Sandro do Nascimento (alguma semelhança com o nome do Capitão não é mera coincidência), que vem a ser um sobrevivente da chacina da Candelária. Aterrorizante roteiro concebido pelo destino, um rapaz que escapou de morrer quando criança, vira estatística de menores que se transformam em bandidos e aos 21 anos seqüestra um ônibus, acaba morto, juntamente com uma refém.
Seguindo a analogia, é preciso vencer um regional pra se chegar ao âmbito nacional, parece que o caminho do título no cinema é primeiro documentário, depois filme. Também temos aqueles que carregam piano, tipo Guiñazu, pra outros marcarem. As conquistas dessa geração de diretores passam pelo trabalho de alguns menos famosos, que também trouxeram a público o cinema denúncia. Então pra fazer justiça a um Tinga do meio artístico, quero mencionar Sérgio Bianchi e seu filme Quanto vale ou é por quilo, de 2005 . Pioneiro no questionamento das ONGs e do voluntarismo no Brasil.
Mas eu intitulei esta coluna de meu herói e com ele vou finalizar.
O meu herói é um homem grande e um grande homem.
É um cara tranqüilo, sorriso sincero.
Meu herói tem cabelos escuros e olhos claros.
Foi ele quem me apresentou o fascínio pelo futebol.
No ombro dele, aos oito anos de idade, eu chorei o fracasso da seleção de 86.
Meu sangue é o mesmo que o dele: bem, mas bem vermelho.
Ele tá de aniversário hoje, assina m.rodrigo.oliveira, M de Márcio.
Não é Capitão, Nascimento ou Fernandão.
Parabéns ao meu herói,
meu irmão.