terça-feira, novembro 27, 2007

64 CORNETAS x CEGUETAS x MURETAS

64
Escrito por Denilson Montenegro



Depois de alguns acontecimentos por aqui, resolvi escrever algumas conclusões.

CORNETEIRO : torcedor crítico, implacável, quase sempre forma suas convicções futebolísticas e as defende com unhas e dentes. É reconhecido pelos demais por estar sempre apontando erros e defeitos no time, ficando os elogios para o segundo plano.

CEGO: o inverso do corneteiro. É visto pelos demais como um torcedor tipo puxa-saco, que não se importa com os problemas apresentados, que apóia quase tudo que se faz no clube, sem questionar jogadores, dirigentes e treinadores. Em geral, fica feliz com o que dá certo e não reclama do que deu errado.

EM CIMA DO MURO: eu defino como o torcedor Múcio (personagem do Jô Soares, que concordava com todo mundo...). É aquele que tem opinião conveniente, dependendo com quem está debatendo. Ás vezes elogia, outras vezes critica. Na visão dos demais, é aquele que não tem convicção suficiente para sustentá-la perante outros argumentos.

À todo torcedor de futebol, em geral é atribuído um desses três adjetivos. É mais ou menos como na política, esquerda, centro ou direita. Fora desses critérios, só os alienados que não sabem nem o nome de pelo menos meia dúzia de jogadores do clube. Esses só servem pra fazer número na hora das comemorações ou pra pesquisas de shopping (dá-lhe Clemer!).
O certo é que, na verdade, somos os três tipos misturados, com percentuais diferentes de cada um.

Meu sentimento é que a maioria da torcida colorada, devido um longo período de hibernação na década de 90, acabou assimilando um comportamento mais crítico em relação ao seu clube. Nesse período, presenciou grandes fracassos do time em campo, mesmo quando parecia que naquela vez seria diferente. As frustrações foram se acumulando e tornaram o torcedor colorado alguém muito desconfiado. Que via, muitas vezes equipes de boa atuação, mas que invariavelmente não chegavam a alcançar títulos ou classificação.

Mas esse comportamento vem mudando com os mais jovens. Se nota, na maioria dos torcedores mais novos, uma paixão mais incondicional pelo clube. Mesmo antes das grandes conquistas de 2006, testemunhei atitudes da juventude colorada, onde, não importava mais se jogadores, técnicos ou dirigentes agiam corretamente. Era uma questão apenas de disposição. Se fosse demonstrado dedicação, valentia, amor pela camisa e outros clichês, já bastava para estar nas graças desses colorados. Na visão destes, a torcida deve ser propulsora do time e não apenas aplaudi-lo ou vaia-lo.

No meio de tudo isso ficaram aqueles que têm respeito pelo conhecimento e experiência dos mais velhos, mas admira essa demonstração incondicional de apoio que os novos colorados apresentam em relação ao time.
Parece ser esse o momento do Inter, novos e velhos padrões de torcedores se confrontando e se misturando, formando o colorado do futuro. Aquele que saberá levar este clube de futebol a um patamar cada vez mais alto, concorrendo com os grandes do mundo, que é o seu lugar.
Eu, sinceramente, espero que sempre esteja presente pelas bandas do Beira-rio a exigência de qualidade e a satisfação e reconhecimento das conquistas que são alcançadas.

Acho que o Inter é o que é hoje pela torcida que tem. Sempre atuante, ardorosa, espetacular!
Alguém aí vai ler isso aqui e certamente vai me enquadrar: “é um mureta!”. Mas e daí?
O que importa é que sou colorado, graças a Deus!
E pra quem não concorda com as minhas conclusões, fica o pensamento:

" Não concordo com uma palavra do que dizeis, mas, defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la ".
Voltaire