Escrito por Raul Pons
Em fevereiro de 1917, enquanto a Federação Sportiva Riograndense se preparava para organizar o seu segundo campeonato municipal, seus filiados decidiram aprovar a “Lei do Estágio”, para combater o profissionalismo. Com a lei, o jogador que trocasse de clube teria de passar seis meses sem jogar partidas oficiais. O Grêmio, que acabara de contratar três jogadores uruguaios, sentiu-se prejudicado e abandonou a entidade, jogando apenas amistosos durante o ano. Para substituí-lo, a FSR convidou o Americano, da 2ª divisão.
Sem seu maior rival, o Internacional, que era a melhor equipe da cidade, chegou fácil ao penta-campeonato. O único adversário que tentou impor dificuldades foi o Cruzeiro. Ao final da temporada, o Internacional havia vencido todos seus oito jogos, marcando 38 gols e sofrendo apenas 4. São José e Americano foram os clubes que sofreram com goleadas de dois dígitos.
Jogos do Internacional
1º Turno
27.05 14x0 São José
17.06 1x0 Cruzeiro
01.07 3x1 Fussball
15.07 1x0 Americano
2º Turno
05.08 Internacional 11x0 Americano
19.08 Internacional 1x0 São José
09.09 Internacional 4x3 Cruzeiro
30.09 Internacional 3x0 Fussball
A 2ª divisão da liga foi disputada por Brasil, Frisch Auf, Municipal, Tiradentes e Ypiranga, mas desconheço quem foi o campeão.
Na mesma temporada, existia também em Porto Alegre a Associação Sportiva Riograndense, que contava, entre outros clubes, com o América e o Globo. O América ficaria com o título da entidade.
A temporada de 1917 foi plena de êxitos para o Colorado. Além das partidas do campeonato, o time disputou mais cinco amistosos, vencendo quatro e empatando apenas um. O saco de pancadas foi o São José, batido três vezes (8x0, 4x1 e 12x1). Também um amistoso contra uma forte equipe do interior acabou em vitória colorada (5x1 no Guarany de Bagé). Apenas um amistoso internacional, com o Oriental uruguaio, terminaria empatado: 2x2.
Estava se encerrando um ciclo no futebol da cidade. No ano seguinte, a epidemia de gripe espanhola levou muitas escolas de Porto Alegre a cancelarem o ano letivo. O Internacional, onde muitos atletas eram estudantes do interior, que voltaram para suas cidades, ficou desfalcado. O Cruzeiro, reforçado, seria um adversário imbatível. E ainda enfrentaríamos o ódio gremista, que de volta à liga, faria de tudo para vencer um Gre-Nal, o que causou inclusive o esfaqueamento de Ribas, o craque colorado, durante um clássico. Mas isso já é outra história...
