Escrito por Diana Oliveira
Dezembro é um mês estranho pra mim, euforia versus nostalgia. É meu inferno astral zodíaco, mas não deixa de ser um mês prazeroso, tem gosto de cerveja e ares de despedida. Esse ano foi algo de intenso, porém frustrante. A ressaca perdurou. Passei pelo calendário dias de aflição, dias de entusiasmo. Dormi e acordei cada período das trezentas e tantas luas com o título numa mão e seu reflexo na outra.
A vida em Marte é diferente. Na atmosfera vermelha a força da gravidade pressiona bem mais. É preciso melhor preparo, condicionamento físico e emocional. Foi difícil habituar-me a nova rotina, mas acredito que no próximo ano estarei novamente no controle das atividades. Eu mudei, reformulei posições à custa de alguns tombos e agora sutil no toque pra um futuro próximo, olho pra frente com sorriso discreto, como quem escala a expectativa num cantinho do banco de reservas e... Deixa quieto.
Não foi o ano que eu mais queria, pudera, ainda que não fosse atormentado, dificilmente superaria o recém passado. Contudo, foi quando finalmente me desprendi do cárcere que parecia perpétuo: a resposta pro não-título. O peso da camisa ganhou alguns quilinhos. Eu ganhei alguns quilinhos! O semblante, porém, mesmo que em alguns momentos abatido, ficou mais leve.
Hoje, depois do período de movimentos circulares, tenho certeza de onde ainda quero chegar. Imponho mais convicção nos princípios, sustento com maior sinceridade as escolhas e respondo com íntima entrega o que for paixão, tal como o grito da popular.
No presente dezembro estes são, em mim, os efeitos do feito.
No dezembro passado havia enfim, o futuro chegado.
E nesse dia dezessete de dezembro de dois mil e seis, pouco depois das dez horas da manhã, horário de Brasília, nasceu o gol mais esperado na história do Sport Club Internacional. Não, não... Não veio ao mundo, ganhou o próprio. Aquele gol se chama Gabiru. Foi parto a fórceps, de qualquer jeito tinha que nascer, na teimosia do Abel, no sangue do Índio, na cãibra do Fernandão e na persistência irretocável do Iarley. Nasceu muito vivo! Chorou as lágrimas da nação alvi rubra - mãe gentil. Quase agonizou numa cobrança de falta em que a bola, com maternal capricho, piedosa em deixá-lo ao relento, desviou da trave. Esse gol, filho de saci, completa hoje o primeiro ano.
Parabéns, 01 ano de Mundial Colorado, 01 ano de Gabiru!
* Não deixem de ver o “La previa”, postado pelo Louis no título abaixo: VIDEO ESPECIAL E EXCLUSIVO.