Por ser uma competição de clubes, realizada anualmente e não apenas de quatro em quatro anos, a FIFA Club World Cup tem um menor número de participantes que a Copa do Mundo de seleções. Talvez em virtude disso, bem como pela disparidade do futebol semiprofissional da Oceania em comparação com os demais continentes, a mídia brasileira venha tendo verdadeiros ataques histéricos com a baixa qualidade técnica de algumas equipes. Ocorre que essas críticas também se dão com relação aos times da África, Ásia e Américas Central e do Norte. Diante disso, me pergunto: não estamos sendo tão arrogantes com essas equipes quanto os europeus são em relação às nossas? Penso que sim.
Desde à época da extinta Copa Intercontinental, quer em seu formato original, quer com a sua transformação em Copa Toyota, com jogo único em solo nipônico, sempre os europeus desdenharam da competição. Ao perderem, nos casos em que levaram times titulares e banco de reservas completo, botavam a culpa na violência dos sul-americanos, pouco ou nada coibida por arbitragens condescendentes. Ao vencerem, embolsaram a grana do patrocinador e voltaram para casa em silêncio. Alguns clubes, como o Real Madrid, sequer exibem o referido troféu em seu belíssimo museu, no estádio Santiago Bernabeu.
Com o advento do mundial organizado pela FIFA, nota-se uma nítida mudança no comportamento dos clubes europeus. O Barcelona, em 2006, não escondeu as lágrimas nos rostos de alguns de seus jogadores. Ainda assim, mantêm sua arrogância e sua empáfia. Chegam ao oriente com pinta de celebridade, fazem de seus treinos verdadeiras exibições públicas e desfrutam de amplo favoritismo. Ah, sim, e principalmente, não se dão ao trabalho de estudarem seus possíveis adversários.
Por outro lado, o mesmíssimo comportamento vem sendo adotado pelos sul-americanos com relação aos demais participantes da competição, excetuados os europeus. A imprensa desdenha e apenas um ou outro jornalista mais interessado se informa sobre essas equipes. Via de regra, são tratadas como “cachorro-morto”. Da mesma maneira, nossas equipes não as estudam à exaustão. No discurso, às respeitam, mas na verdade, apenas temem pelo fiasco de não chegarem à final.
Enquanto cronistas brasileiros desenham fórmulas ideais, colocando mais times europeus e sul-americanos na competição, times dos outros continentes vêm incomodando os favoritos. Já fora assim com o Al Ithaad contra o São Paulo em 2005, bem como com o Al Ahly contra o Inter em 2006. Em 2007, o Etoile Sportive du Sahel repetiu a dose contra o tão festejado Boca Juniors e, em 2008, a LDU não teve moleza contra o Pachuca, do México.
O que coloco em questão, por ocasião da Copa do Mundo de Clubes é o fato de sermos tão arrogantes com relação aos demais continentes quanto os europeus são em relação ao nosso. Enquanto questionamos o mesmo número de participantes por continente, africanos e asiáticos vem complicando a nossa vida naa semifinais.
Esta tarde, terei a oportunidade de assistir à Estudiantes x Pohang Steelers. Talvez seja a primeira vez em que um sul-americano passe com facilidade por um adversário não europeu. Talvez seja a primeira vez em que um não sul-americano chegue à final do Mundial. Só que se isso ocorrer, o que lamentarei é a certeza de que não encontrarei uma linha sequer escrita pela imprensa brasileira, na qual se dirá que num jogo parelho entre dois campeões continentais, venceu o asiático. Lerei apenas que o Estudiantes jogou mal, decepcionou e protagonizou um grande fiasco.
Diante desse contexto, pressinto que estarei torcendo pelos coreanos logo mais. Sei que o favoritismo é todo castelhano, mas acho que uma surpresinha asiática faria bem ao futebol e faria bem, também, a nós brasileiros, pentacampeões! Talvez seja uma bela oportunidade para exercitarmos um pouco mais a nossa humildade. E quem sabe, no ano que vem, o Inter esteja em Abu Dahbi, mas chegue lá já tendo dissecado seus possíveis adversários numa semifinal. Porque eu não quero passar de novo por aquele sufoco que foi contra o Al Ahly, em 2006, e, muito menos, chegar ao Mundial e sair antes da final. Olho neles!
Desde à época da extinta Copa Intercontinental, quer em seu formato original, quer com a sua transformação em Copa Toyota, com jogo único em solo nipônico, sempre os europeus desdenharam da competição. Ao perderem, nos casos em que levaram times titulares e banco de reservas completo, botavam a culpa na violência dos sul-americanos, pouco ou nada coibida por arbitragens condescendentes. Ao vencerem, embolsaram a grana do patrocinador e voltaram para casa em silêncio. Alguns clubes, como o Real Madrid, sequer exibem o referido troféu em seu belíssimo museu, no estádio Santiago Bernabeu.
Com o advento do mundial organizado pela FIFA, nota-se uma nítida mudança no comportamento dos clubes europeus. O Barcelona, em 2006, não escondeu as lágrimas nos rostos de alguns de seus jogadores. Ainda assim, mantêm sua arrogância e sua empáfia. Chegam ao oriente com pinta de celebridade, fazem de seus treinos verdadeiras exibições públicas e desfrutam de amplo favoritismo. Ah, sim, e principalmente, não se dão ao trabalho de estudarem seus possíveis adversários.
Por outro lado, o mesmíssimo comportamento vem sendo adotado pelos sul-americanos com relação aos demais participantes da competição, excetuados os europeus. A imprensa desdenha e apenas um ou outro jornalista mais interessado se informa sobre essas equipes. Via de regra, são tratadas como “cachorro-morto”. Da mesma maneira, nossas equipes não as estudam à exaustão. No discurso, às respeitam, mas na verdade, apenas temem pelo fiasco de não chegarem à final.
Enquanto cronistas brasileiros desenham fórmulas ideais, colocando mais times europeus e sul-americanos na competição, times dos outros continentes vêm incomodando os favoritos. Já fora assim com o Al Ithaad contra o São Paulo em 2005, bem como com o Al Ahly contra o Inter em 2006. Em 2007, o Etoile Sportive du Sahel repetiu a dose contra o tão festejado Boca Juniors e, em 2008, a LDU não teve moleza contra o Pachuca, do México.
O que coloco em questão, por ocasião da Copa do Mundo de Clubes é o fato de sermos tão arrogantes com relação aos demais continentes quanto os europeus são em relação ao nosso. Enquanto questionamos o mesmo número de participantes por continente, africanos e asiáticos vem complicando a nossa vida naa semifinais.
Esta tarde, terei a oportunidade de assistir à Estudiantes x Pohang Steelers. Talvez seja a primeira vez em que um sul-americano passe com facilidade por um adversário não europeu. Talvez seja a primeira vez em que um não sul-americano chegue à final do Mundial. Só que se isso ocorrer, o que lamentarei é a certeza de que não encontrarei uma linha sequer escrita pela imprensa brasileira, na qual se dirá que num jogo parelho entre dois campeões continentais, venceu o asiático. Lerei apenas que o Estudiantes jogou mal, decepcionou e protagonizou um grande fiasco.
Diante desse contexto, pressinto que estarei torcendo pelos coreanos logo mais. Sei que o favoritismo é todo castelhano, mas acho que uma surpresinha asiática faria bem ao futebol e faria bem, também, a nós brasileiros, pentacampeões! Talvez seja uma bela oportunidade para exercitarmos um pouco mais a nossa humildade. E quem sabe, no ano que vem, o Inter esteja em Abu Dahbi, mas chegue lá já tendo dissecado seus possíveis adversários numa semifinal. Porque eu não quero passar de novo por aquele sufoco que foi contra o Al Ahly, em 2006, e, muito menos, chegar ao Mundial e sair antes da final. Olho neles!
14 Comentários:
Post perfeito! Esse é um tema que tenho abordado várias vezes e em que me incomoda muito ver a soberba e arrogância tanto européia quanto sul-americana. O futebol é cada vez mais um esporte global, com um nível crescentemente nivelado. Claro que ainda há fortes diferenças, mas basta recuar 20 anos para ver como tem evoluído o esporte em continentes como o africano ou o asiático. Ou mesmo como dentro da Europa ou América do Sul, países anteriormente tidos como fracos e sem tradição cada vez mais conseguem causar problema às ditas potências tradicionais.
Grande Dani, tá pelada a coruja. 2x0 pro Estudiantes.
Nem precisamos ir tão longe, há um certo time aqui do sul que até competições sul americanas tem desdenhado, mas isso é fácil de se fazer pra quem não ganha nada mesmo hehehe
Post Perfeito (2).
Há dias o blog não apresenta um artigo tão bom. Matou à pau, Daniel.
Nós reclamamos, reclamamos, mas fazemos igual. Reclamamos do tratamento diferenciado da mídia do "Centrão" para com Flamengo/Corinthians/São Paulo e não percebemos que aqui na aldeia nós e a imprensa fazemos o mesmo.
Bah mas os caras também são juvenil que acabam endossando esse meio que menosprezo...3 expulsos e com um jogador de linha remanejado pro gol é pra acabar com o cheque do leite.
Na boa, não é questão de arrogância, mas de ser realista. Olha o que foi o amadorismo desses coreanos hoje. Tirando o sul-americanos e europeus, os únicos que pdoem fazer frente são os mexicanos. Talvez um zebra ali, outra aqui, mas todas as finais tem sido América do Sul x Europa. E não por acaso. Esse mundial na verdade é uma maneira da Fifa conseguir apoio de outros continentes. Jogada política, assim como foi o aumento de participantes na Copa do Mundo, de 24 para 32.
Estou trabalhando, então não ví o jogo.
2 a 1, com três a menos dos coreanos. Me parece que foi um jogo apertado.
Agora, o post tá perfeito.
Para ser mundial devem estar presentes todos os campeões.
E logo logo africanos e norte-americanos (US. e México) estarão disputando finais de mundiais (de clubes e seleções).
A participação no mundial é um incentivo para os times de outros continentes se esforçarem ao máximo para atingir o nivel dos europeus e sulamericanos.
Concordo e muito com o post.
Futebol não é só ganhar, não é só glória. O esporte mais admirado do planeta tem que contemplar os times de todo o globo, independente do nível técnico de cada clube.
Espírito esportivo, coisa que não conta muito para alguns órgãos do futebol nacional, que apadrinham sempre os mesmos.
Muito bem observado, Abelao!
Permita-me discordar Daniel, e faço isso enquanto o Atlante vai batendo o Barça por 1x0.
Acredito que tanto este jogo do Barça, quanto o Inter em 2006 ou o SPFW em 2005 eram anos luz superiores em relação aos seus adversários. O que ocorre, na minha opinião, é muito mais um jogo de nervos, do que uma suposta paridade técnica.
Vejo agora, com 20 e poucos do primeiro tempo um barça extremamente nervoso e afobado, pois sabe que se cair agora será uma fisqueira, assim como seria com o Inter ou SPFW em anos anteriores.
Penso que esse equilíbrio e a grande probalidade de um "pequeno" fazer o crime se dá muito mais pelo estado de nervos dos times, frente à 90 minutos onde tudo pode acontecer do que à crescente qualidade do adversário.
Queria ver um Mundial com os "pequenos" de hoje em dia, mas disputando contra os realmente grande da Europa e América do Sul. Talvez duas vagas para cada um desses continentes e mais 4 ou 6 vagas distribuídas para o "resto" do mundo futebolístico. Apesar de o meu ideal de um torneio que se chama MUNDIAL abarca muito mais equipes.
Braço!
ps.: E gol do Barcelona. 1x1...
Se fosse semifinal da Liga dos Campeões nunca que iriam poupar o Messi. Ele e o Eto'o tb teriam jogado contra o Inter em 2006 se fosse final da Liga dos Campeões. Para os clubes europeus o Mundial ainda não é o torneio mais impotante do ano. Como disse o Marimon, o que mais vale é não perder pra fazer fiasco.
Messi e Eto'o não foram poupados em 2006, eles sequer tinham as mínimas condições de jogo. E o Messi nem era titular em 2006.
Paulo e Marimom,
não estou dizendo que há paridade técnica. O que afirmo é que não se deve subestimar os adversários. Não devemos ter para com africanos e asiáticos a mesma postura que europeus tem em relação aos sul-americanos.
O futebol é um dos poucos esportes no qual uma equipe em tese inferior pode superar a superior. Para evitar isso, dentre outras coisas, não se deve subestimar o adversário. Esse é o ponto. No futebol a transpiração pode vencer a inspiração. Sabemos bem disso.
Baita abraço!
Pois é Daniel é isso mesmo.
Criticam os Europeus mas fazem a mesma coisa com outros. É como quando gozamos com outras culturas e paises fazendo piadimhas mas quando gozam com nossa cara ficamos maguadinhos.
Todos gostam de falar em direitos individuais, igualdade etc...mas basta um cara como o Richarlyson fazer um corte de cabelo que 99.9% dos comentarios é comentando a sexualidade do cara.
Infelizemente o ser humano tem hipocresia na veia. E no futebol é a mesma coisa.
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