terça-feira, dezembro 20, 2011

Fora/Dentro de Campo

Fora de Campo

A aprovação da minuta de contrato entre Inter e AG, pelo Conselho Deliberativo, encerra a participação política do clube na questão. Com 283 conselheiros presentes (bom quorum) e mais de 80% de aprovação, o clube demonstra ao mercado investidor que está de portas abertas aos interessados em lucrar com novo o Beira-Rio.

A síntese é que o clube reformará seu estádio nos moldes do que já foi amplamente divulgado e arrumou um sócio para explorá-lo por 20 anos. A grosso modo é isso, sem entrar em detalhes que a cláusula de confidencialidade não me permite. O que fica é que se a parceira lucrar, o Inter também lucra. Não há como fugir disso. Ou negócio será bom para ambos, ou não será bom para nenhum. Claro que há riscos, claro que o clube abrirá mão de algumas receitas, mas dadas as circunstâncias, estou convencido de que foi a melhor alternativa.

O grande empecilho de reformar o estádio com recursos próprios teria sido os riscos a serem assumidos. Perder a Copa, com seus investidores e os benefícios decorrentes das obras públicas no entorno do estádio, sem contar a corneta, não seria bom negócio. Foi assumido um compromisso público, inclusive com camisetas dizendo “A Copa é Nossa”. Isso pesa. Fora a incerteza quanto ao cronograma de realização das obras e às fontes de receita. Houve quem dissesse, no Conselho, que somos especialistas em construir estádios com recursos próprios. Pode até ser, mas também é verdade que durante toda uma década, ganhamos apenas um Gauchão, enquanto o Beira-Rio era erguido. Tem seu preço.

Enfim, é uma questão vencida e agora cabe a todos os colorados torcerem para que dê tudo certo e fiscalizar as relações que nascerão em virtude da parceiria a ser firmada.

Assim se encerra o ano de 2011 para o Inter. Depois de 13 reuniões do Conselho Deliberativo, rachas políticos, debates acalorados, troca de comando no Futebol, miramos 2012 com a possibilidade de renovar nossas maiores conquistas.


Dentro de campo

Espero, para o próximo ano, foco total no campo por parte da Direção. Meu sentimento de torcedor, que sempre me guia, é o de que temos algumas contas para acertar. Eu ainda não digeri os Brasileiros de 2005 e de 2009. E tampouco a Copa do Mundo de 2010. E aí eu encontro muita motivação!

Eu cresci vendo a bola bater na trave! Lembro que em 2006 eu ia pro estádio num misto de orgulho e temor. Não havia arrogância. Havia uma sensação desconfortável de que a qualquer momento uma nova desclassificação viria. Me lembro claramente de ter sentido isso imediatamente após o gol do Alex, contra o Libertad. Havia muitos fantasmas a exorcizar. Taquicardia era mato!

Recordo que na final, contra o São Paulo, vivemos 90 minutos de agonia, num jogo que parecia não permitir que finalmente regatássemos a grandeza distante vivida nos anos 70. Aquela partida foi um deboche dos Deuses, uma verdadeira provação! O 2 x 1 era o fim do sofrimento, mas o futebol é um esporte que se presta a desafiar a lógica. Tinga foi punido por se declarar fiel a Deus e, com ele, toda nação colorada! Sua expulsão e o empate do São Paulo, que não tardou a vir, nos levaram de volta à sala de tortura de mais de 20 anos.

Ali, eu desafiei o meu destino em pensamento! Acho que todos os colorados fizeram isso. Aquela sina maldita dos anos 80 e 90 precisava ter fim! A senda de vitórias cantada com orgulho no hino do clube precisava ser resgatada a fórceps, calando os rivais que fizeram uma geração inteira de colorados crescerem ouvindo alguma coisa do tipo “Nunca serão!”

Aquele sentimento coletivo presente nas noites de Copa, no Beira-Rio, era uma mescla de humildade, devoção, temor, crença, angústia e arrojo! Não posso querer que as novas gerações sintam o mesmo. Não viveram o que eu vivi, não sofreram o que eu sofri. Mas apesar de todas as vitórias que vieram, eu ainda tenho entalado na goela o grito de Campeão Brasileiro! E também acho que devemos, a nós mesmos, reescrever nossa história nas Copas do Mundo de clubes.

Pois o ano novo se nos apresenta com todas essas possibilidades, e eu não vejo a hora de voltar ao Beira-Rio!

Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!