Apesar do título (nada original, reconheço) devo advertir-lhes de que se trata de um post que fala sobre a política do clube sob minha óptica durante este ano. Não abordarei aqui, tão somente a questão referente às obras de remodelação do Beira-Rio, o que farei ao final.
Meu primeiro ano como Conselheiro foi intenso! Não que a minha atuação tenha gerado qualquer efeito prático significativo. Como já disse aqui, em posts anteriores, num colegiado com mais de 300 integrantes, sozinho não se consegue praticamente nada. Fui eleito pelo extinto Movimento INTERnet/BV, cuja maioria dos membros hoje compõe o Convergência Colorada (à época, uma coligação), entrei para o Conselho através de um grupo que se dizia independente, mas que se coligou com outros publicamente vistos como de oposição.
O racha da gestão anterior é conhecido e hoje chega ao seu auge por ocasião da votação da tão aguardada minuta do contrato do Inter com a Andrade Gutierrez. Mas não posso deixar passar batido o fato de que, em meio a tudo isso, a facção que permaneceu na Direção do clube teve mais uma cisão, materializada pela conturbadíssima saída do Vice de Futebol, Roberto Siegmann e do treinador, ex-jogador e eterno ídolo, Falcão. Como se vê, turbulências políticas não faltaram ao longo do ano.
Nessa confusão danada, até que dentro de campo se conseguiram resultados satisfatórios, eu não diria mais que isso considerando os gastos do Depto de Futebol. Contudo, fora de campo, a divisão política do clube permanece e duvido que, neste momento, o Convergência, agora sob nova configuração, consiga gerenciar a crise como já o fez em outros episódios, atuando como uma espécie de algodão entre os cristais. Digo isso porque vivenciei intensamente dois fatos do início do ano que justificam essa figura.
Na condição de Coordenador Geral do Movimento INTERnet/BV, integrante da referida coligação, vi brilhantes desempenhos nos bastidores políticos do clube que evitaram verdadeiras guerras políticas ainda no primeiro semestre deste ano. Refirmo-me especificamente à votação da autorização para a Direção alterar o modelo de financiamento das obras de reforma do estádio (que foi o que lhe permitiu formalmente negociar com a AG, embora isso já se fizesse desde a gestão anterior) e à eleição do Presidente do CD.
Basta rever as manchetes do início do ano para perceber que o embate Píffero/Luigi, especificamente em razão da reforma do Beira-Rio, existe desde janeiro. No entanto, atuações de bastidores extremamente bem sucedidas fizeram com que a atual gestão adotasse medidas que foram muito criticadas ao longo do ano, mas que agora parecem ter dado resultados satisfatórios para o clube. O que quero salientar é que, politicamente, tais sugestões tranquilizaram os ânimos. Tanto isso é verdade que a alteração do modelo de financiamento foi autorizada pelo Conselho Deliberativo por unanimidade, ainda em março.
A abertura de uma espécie de licitação, bem como a criação de uma Comissão Executiva de Obras, composta por 13 Conselheiros, podem ter atrasado em parte as negociações com os interessados em realizar as obras, mas me parece claro que conferiu ao clube maior segurança nas idas e vindas dessas negociaões. Particularmente, tive a oportunidade de, ao longo deste ano, conversar com mais de um integrante dessa Comissão e posso atestar que efetivamente trabalharam, não lhes sendo justas críticas do tipo: se reúnem para nada decidir. Embora eu não saiba como era a dinâmica dos trabalhos em si, posso afirmar que as pautas eram pertinentes e objetivas. Ao menos, a meu juízo. Claro que, igualmente, a contratação de consultoria técnica e assessoria jurídica especializada devem ser consideradas.
Além desse momento, outra situação na qual o clube esteve na iminência de ocupar o noticiário esportivo com sua divisão política foi por ocasião da eleição do Presidente do Conselho Deliberativo. Ali, igualmente participei de uma série de reuniões de negociação que culminaram com a escolha de um nome de consenso, o Conselheiro Luiz Carlos Bortolini. Este não representava nem a ala do atual Presidente, nem a de seu antecessor, de modo que, mais uma vez, em meio às competições de futebol do ano, evitou-se que o clube ficasse exposto na mídia em razão de desentendimentos entre seus representantes políticos.
Infelizmente, a eleição de um Presidente por aclamação não agradou a todos. Refiro-me especificamente a membros da então coligação Convergência. Tais desentendimentos, juntamente com algumas manifestações alteradas que ultrapassaram o limite do tom de voz exaltado, aceitável no calor do debate, fizeram com que mesmo alguns Conselheiros que convergem em ideias, passassem a se relacionar através de novos pequenos grupos. Felizmente, isso é menor, muito menor que os resultados obtidos em favor da instituição.
Mas agora, como já disse, ninguém segura o racha da antiga situação, no momento em que sua origem está em debate: quem executará as obras de reforma do estádio Beira-Rio. Menos mal que o futebol está de férias.
Da miha parte, posso relatar que ao longo do ano busquei me informar com os colegas que fizeram parte da Comissão de Obras, outros ligados à Direção e até mesmo Conselheiros contrários à parceiria. Tentei ouvir o maior número de pessoas envolvidas possível. Agora, só me resta mesmo o mais importante: ler a minuta e tirar as minhas impressões personalíssimas.
Naturalmente que já conheço grande parte de seu conteúdo, como também o público em geral. Tenho convicção absoluta de que não encontrarei nenhuma grande novidade, por mais que a tão badalada cláusula de confidencialidade (algo absolutamente comum em negócios dessa natureza e dessa dimensão), possa levar os mais desconfiados a assim suspeitarem.
A minuta está lá, à disposição e cumprirei minha obrigação junto ao sócio, exercendo a representatividade que me foi confiada democraticamente pelo voto.
De antemão, o que posso dizer é que entendo que essa questão já se arrastou por tempo demais e, agora, é obrigação do Conselho Deliberativo dar-lhe uma solução definitiva. Remeter-lhe a novas instâncias, sem que haja qualquer previsão legal, a meu sentir não está em conformidade com os anseios dos milhões de torcedores colorados.
Todo torcedor é técnico, tem sua escalação ideal. Todo torcedor é empresário, sabe quem são os melhores para serem contratados para cada posição. Todo torcedor é Presidente, sabe qual a melhor solução para as obras, para as finanças, para o marketing, etc. Tem torcedor que até médico é. Vê uma imagem na TV, já dá o diagnóstico e, por vezes, até mesmo o tratamento indicado ao atleta eventualmente lesionado. E muitos deles acertam! Só que tem que ter alguem que os represente, os ouça e leve suas considerações adiante, conforme sua pertinência ou não, caso a caso. É assim no clube, bem como em qualquer sociedade democrática organizada. Para isso se elegem representantes, mais uma vez, democraticamente.
Assim somos, apaixonados por futebol e por esse clube. Mas há instâncias de decisão que devem ser respeitadas e que não podem se omitir. Pois bem, façamos a nossa parte! Particularmente, lerei a minuta, debaterei mais um pouco com meus pares mais próximos e votarei conforme aquilo que julgar melhor para o Sport Club Internacional. E, do fundo do meu coração colorado, espero acertar na minha escolha que, naturalmente, exporei aqui posteriormente.