quarta-feira, setembro 10, 2008

7 Craques esquecidos

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A história as vezes é madrasta, já disse alguém.

No futebol, isso é comum. Jogadores brilham, ganham títulos, encantam a torcida, mas o passar dos anos joga seus nomes no limbo, de onde raramente saem para serem citados em listas de craques da equipe. Correm mais alguns anos, e nem nas listas mais eles aparecem, pois sem imagens gravadas, e com cada vez menos testemunhas de suas atuações vivas, o entulho do tempo os cobre definitivamente.

Tentando remexer o passado e trazer à tona alguns destes craques, vou falar de dois deles, hoje.

Tupan
Seu nome era Ernâni Santos. Foi o primeiro grande craque negro do clube, e teve papel de destaque na sua popularização. Tupan foi revelado no 1º de Novembro, clube da Liga da Canela Preta. Logo em seguida, começou sua peregrinação por clubes menores da liga oficial da cidade: Liége, Concórdia e Porto Alegre. Sua habilidade com a bola lhe rendeu o apelido de "Bailarino", mas a imprensa costuma ser mordaz, quando não jogava bem, acusando-o de ser pouco produtivo, e não jogar coletivamente. Profissional, na época em que o profissionalismo era combatido (mas praticado nos bastidores), ofereceu-se para jogar no Internacional, em troca de um emprego. Ignorando as críticas da imprensa, o Colorado resolveu investir no atleta, e o contratou.
Tupan defenderia as cores do Internacional de 1932 a 1935. Foi a melhor fase de sua vida. Tornou-se uma personalidade conhecida na cidade, e foi o principal herói do títulos municipal e estadual, em 1934. Armador, também concluía a gol, marcando muitas vezes. Em 1935 comandou o Internacional na campanha que quase rendeu o bicampeonato da cidade, mas que terminoude forma trágica, quando o Colorado perdeu, nos últimos minutos, um Gre-Nal em que jogava pelo empate, e foi muito superior ao rival. Em seguida, Tupan saiu do sul, e foi para São Paulo, atuar no Santos. Mas uma grave lesão no joelho impediu que sua carreira brilhasse no centro do país. Em 1938 retornou ao Rio Grande do Sul. Sem conseguir jogar seguidamente, por causa do joelho, só conseguiu lugar em clubes do interior. Mesmo assim, levou o Bagé à decisão do campeonato gaúcho de 1940, contra o Colorado. Perdeu a taça, mas deixou um gol na final.

Sylvio Pirillo
Um dos maiores centroavantes da história do futebol brasileiro. Muitos colorados que o viram jogar não hesitam em afirmar que Pirillo foi o maior artilheiro que o Internacional já possuiu. Dono de uma técnica invejável, Pirillo marcou época em um tempo muito afastado da mídia, e mesmo jogando no então longínquo Rio Grande do Sul, se tornou tão famoso que acabou sendo convocado para a Seleção Brasileira. Rápido e raçudo, tinha frieza, habilidade e facilidade para marcar gols.
Coemçou a carreira no Americano, onde atuou em 1934 e 1935. Chegou ao Internacional em 1936, e encantou com seus gols, substituindo Tupan como ídolo da torcida. Pelo clube, conquistou apenas o campeonato municipal de 1936, mas foi uma pedra no sapato do Grêmio, em uma época dominada pelo rival. Transferiu-se para o Peñarol em 1939, por 20 contos de réis, tornando-se o primeiro jogador do futebol gaúcho vendido ao exterior. Muito ligado ao Colorado, em março de 1941 passava as férias em Porto Alegre, quando soube que o Internacional iria enfrentar o Gimnasia y Esgrima. Ofereceu-se para jogar pelo ex-clube, e se não evitou a derrota colorada (2x4), deixou sua marca nas redes argentinas. No mesmo ano, transferiu-se para o Flamengo, e logo de cara foi artilheiro do campeonato carioca, com 39 gols, recorde que até hoje não foi igualado. A seguir, participou da primeira grande conquista da história rubro-negra: o tricampeonato de 1942/1943/1944. Após o estadual de 1947, já considerado velho (32 anos), foi negociado com o Botafogo, onde seria novamente campeão, em 1948. Jogou no clube da estrela solitária até 1952, quando encerrou a carreira. Teve uma breve experiência como técnico, onde seu maior mérito foi, dirigindo a seleção brasileira, ter sido o primeiro a convocar Pelé, em 1957.