segunda-feira, setembro 01, 2008

27 Ei! Ergue a cabeça!

27
O time tá igual a bêbado em fim de festa, quando não faz algo incoveniente, cai vergonhosamente no meio do salão. Tem súbitos momentos de consciência e logo depois vomita no jardim. Manda o chefe a merda, passa a mão na bunda de uma que estava ao lado. Olha pro vizinho e chora. Olha pra si e quase ri porque não pode mais chorar.

Mas e aí, o que vem depois?

O bebum chega em casa e encontra a patroa. E quem é essa: Amélia, Das Dores ou Maria Bonita? Se for Amélia, prepara um café com açúcar e afeto, uma ducha morna, afaga-lhe a cabeça inchada até que durma tranquilo o sono dos desajustados. Se for Das Dores, chora e reza um terço, lamentando sua pobre vida desgraçada, ajoelhada no milho, pagando penitência por si e por seu cônjuge mal sucedido.

Tem que ser Maria Bonita, que pega o Virgulino pelo cangote, puxa a faca da bota e faz um pequeno talho nos bagos, pra impôr respeito ao vagabundo. Claro, com cuidado pra não prejudicar em definitivo seu patrimônio. É só um risquinho, pra sair um pouco de sangue, desperta bem mais que café. Depois arrasta o sem vergonha até o pátio e dá-lhe um bom banho de mangueira, com água gelada.

Porém, no dia seguinte, ao deparar-se com o vizinho debochado rindo frente à situação vexatória do rival humilhado, Maria bate no peito, mira firme o petulante e diz que espere, o farsante, sua hora chega antes do que imagina.

Inconformismo gera atitude. Vai aos treinos, reivindica junto aos jogadores e comissão técnica, fala grosso mesmo pra te ouvirem. Usa a sessão de comentários neste blog pra demonstrar tua revolta. Mas não diz que acabou. Só acaba quando termina. Xinga todo mundo em casa, mas da porta pra rua levanta a cabeça e olha de cima.

Personagens dentro de campo vêm e vão. Protagonistas de verdade permanecem ali, no concreto. Que sejam Maria Bonita, pois tenho pavor de Amélia e me irrito com Das Dores.
Levanta, sacode e persegue, colorado!