quarta-feira, setembro 03, 2008

73 D'Alessandro e a saga dos argentinos no Internacional

73

Apesar de termos um vizinho que adora argentinos, o Internacional sempre teve melhores resultados com uruguaios, e sul-americanos de outras nacionalidades, que com os "hermanos". Mesmo assim, a contratação de D'Alessandro cria a expectativa de que possa criar-se uma história de sucesso de argentinos no Beira-Rio, já iniciada com Guiñazú.

O primeiro argentino a defender o Internacional foi Silenzi, volante que foi campeão nacional em seu país em 1931, pelo Boca Juniors, no primeiro campeonato profissional da Argentina. Silenzi atuou no Boca entre 1931 e 1933, jogou também no Talleres, e há informações de que teria jogado também no All Boys e no Independiente, antes de ingressar no Internacional, em novembro de 1938. Sua estréia não poderia ocorrer em melhor partida: no Gre-Nal de 01.11.1938, que o Internacional venceu por 6x0 e o árbitro anulou mais 5 gols colorados. Atuou no Internacional até abril de 1939, despedindo-se em mais um Gre-Nal, que terminou empatado em 1x1. Jogador de futebol técnico, deixou saudade nos Eucaliptos, mas preferiu retornar à sua Buenos Aires querida.

Depois dele, veio o maior argentino que já atuou no Colorado, até hoje: o centroavante Villalba. O atacante argentino chegou ao Colorado em 1941, vindo do pequeno San Tomé. Em 1944 Villalba partiu para o centro do país, jogando no Atlético Mineiro e no Palmeiras. Retornou ao Internacional em 1946, jogando até 1949. Foi campeão gaúcho em 1941, 1942, 1943, 1947 e 1948. É o segundo maior artilheiro colorado em Gre-Nais, com 20 gols, e ajudou a destruir o Grêmio na maior goleada do profissionalismo: 7x0, em 17.10.1948 (Villalba marcou 4 gols). Encerrou a carreira no Rio Grande, em 1954, e tornou-se funcionário do Internacional até sua morte, em 1987.

Em 1950 estrearia no Internacional o zagueiro argentino González. Mas aqui as fontes confundem-se. Na mesma partidas, estreou o técnico Alfredo González, também argentino. Embora existam muitas lacunas nas escalações de 1950 nos meus arquivos, não localizei nenhum zagueiro com este nome. O mais provável é que o único argentino tenha sido o técnico.

Decorreriam mais de 40 anos para que mais um argentino voltasse a defender as cores do Internacional. E foi uma passagem discreta do meia Rubén Dario, em 1994. Em 1995, estreou o badalado Cláudio Garcia. Visivelmente fora de forma, atuou em apenas uma partida (um empate em 0x0 com o Olímpia, pelo Torneio Rei Dada, que não terminou, pois os organizadores fugiram com o dinheiro). Garcia não passou no exame médico e foi dispensado. Quinze dias depois estreava Goycochea, que havia feito uma grande Copa do Mundo em 1990. O goleiro, apesar de ter feito algumas boas apresentações, não conquistou nenhum título, entre o 2º semestre de 1995 e o 1º semestre de 1996.

Alguns anos depois, em 2002, o zagueiro Ameli teria uma passagem marcante, apesar de rápida. Disputou 13 partidas, vencendo 10, empatando 1 e perdendo apenas 2. Foi embora para o São Paulo, com o título de campeão gaúcho. Em agosto de 2004, chegou “El Doctor” Herbella, zagueiro contratado junto ao Quilmes, para ser um grande fiasco. Ficou no clube até o início de 1995, mas disputou apenas 5 partidas (3 derrotas).

Em 2007, chega ao Beira-Rio Guiñazú, que incomodara o Internacional na Libertadores 2006, defendendo o paraguaio Libertad. Logo conquista a torcida com sua disposição em campo, e boa técnica. Com a camisa rubra, conquistou a Copa Dubai e o campeonato gaúcho, ambos em 2008.

E finalmente, em 2008, chega D’Alessandro. Com o mesmo impacto (ou maior) que Cláudio Garcia. Mas a torcida colorada espera que ele dê uma resposta como Villalba, e não seja um cometa fulgurante como Ameli.