(hoje eu falo bastante, leia-me se tiver paciência)
Desde a contratação do Tite eu me calei quanto à imagem que tenho deste profissional. Primeiro porque acho desagradável ter pré-conceitos sobre um trabalho que está se iniciando, segundo porque quando chegou ao Inter o técnico Abel Braga, passei semanas esperneando com a notícia, pra depois viver o ano mais vitorioso de minha trajetória colorada.
Talvez eu ainda não devesse falar do Tite, pois agora seria um tanto covarde, como chutar cachorro (quase) morto. Mas já fui o suficientemente política nessa merda toda, cansei da elegância. Lembro de uma vez ter defendido o Gallo aqui no blog, tentando ver méritos nas suas inovações. Escrevi falando bem dele numa quinta de tarde, creio, e na mesma noite o Inter perdeu pro Vasco, de Perdigão, com Pato em campo sem marcar um golzinho se quer. Pior que eu não culpara o técnico, que escalou Ramon na lateral esquerda, por onde se investiram os ataques do alvi negro. Ele não tinha outra opção e lembro que o Inter começou pressionando, mas acabou cedendo a uma grande partida do Perdigão e uma péssima de Pinga e Roger no meio campo.
Mas a insatisfação foi geral com o Gallo e eu me calei um pouco constrangida. De qualquer maneira, estamos aqui para emitir opinião e que aprendamos a rever conceitos. Contudo, voltamos a mesma situação desconfortável na tabela esse ano, e o problema está de novo no técnico. Salvo uns fatos isolados que foram significativos nessa temporada, como a saída do Fernandão. Parece-me relevante a falta de uma referência dentro de campo, um capitão mesmo. Isso pesa.
Muitos jogadores novos é outro ponto sensível. Leva um tempo até sincronizar o futebol individual e chegar ao conjunto expressivo. Também sou capaz de entender isso. O que não consigo entender é como o Tite consegue ser tão medroso (se Gallo, massacrado por imprensa e torcida, não foi)? Aí ressalto algumas injustiças do mundo do futebol, pois um técnico novato foi degolado por uma campanha tão medíocre quanto essa, e mais, pelo menos tinha coragem. Deu a cabeça a prêmio, de bandeja, mas tentou. O Tite parece que tenta é acabar com nossos nervos. Não entendo como pode alguém diante das críticas por se encolher, se encolher mais ainda. Onde ele quer chegar?
Há poucos dias nosso técnico disse que trabalhar no Beira Rio é como estar no paraíso, talvez por isso o que nos parece é que não trabalha. Ou talvez devêssemos trazê-lo ao inferno onde nos encontramos, pois não podemos estar assistindo aos mesmos jogos, torcida e técnico. Ou, se estamos, é muita cara de pau desse profissional falar em paraíso diante da massa colorada, sabendo que estamos vivenciando apresentações lamentáveis de uma equipe com potencial impressionante. Olho pra cada jogador e vejo que dá pra fazer uma boa equipe com o que temos aí. Vou além, o bom técnico é aquele que sabe aproveitar as virtudes da equipe e assim fazer um cara como o Marcão jogar. Sim, o Marcão: lento, estabanado, mas com bom apoio e estatura pro cabeceio dentro da área. Por que então eu, Diana – desde ontem no futebol, não escalaria o Marcão como terceiro zagueiro e sim como lateral, treinando a zaga para protegê-lo, deixando-o livre pra subir e fazer o que sabe, lançar bolas na área? Se Marcão é o que tenho, com o que tenho vou jogar! Pois minha equipe não tem só o Marcão, tem o Guiñazu pra cair pela esquerda. E assim eu faria o Marcão treinar quinhentas bolas na área, sistematicamente. E depois, mais quinhentas cobranças de escanteio com ele na área, treinando cabeceio. O cara é alto, precisamos de altura, estamos baixos. Mas não, técnico atrás de técnico insiste em imaginar um jogador que não existe no Marcão e este, logicamente, faz uma apresentação pior que a outra e ninguém pode mais ver o cara na frente. Nem um Barcelona da vida tem um selecionável pra cada posição. Técnico ganha pra isso, pra fazer os caras jogarem!
E alguns jogam bola de verdade, como Magrão. Pra mim, mesmo sabendo da má fase por que vinha passando, é o verdadeiro jogador completo. Ele tem tudo, bola no pé, bom passe, é ofensivo e aguerrido. Se eu chego numa equipe e encontro o Magrão em má fase, conhecendo suas características, teria com ele atenção especial. E o que fez o Tite? Condenou um grande jogador à reserva, sem antes recuperá-lo. Pô, quem ainda não sabe que o Magrão não guarda posição? Então, se eu tenho Guiñazu e Magrão, vou treinar os dois (exaustivamente) pro argentino jogar mais atrás e o outro mais na frente, pois Guiña é um monstro, mas Magrão finaliza melhor. Ainda que nosso “cachorro louco” não seja um primeiro volante de carteirinha, joga muito em qualquer lugar. Porque não treiná-lo nessa posição, se do contrário tenho que escalar um desgastado Edinho? Sem falar que tenho Danny Moraes fritando na reserva.
E então, num péssimo jogo contra a Portuguesa, que só Luiggi é capaz de qualificar como difícil (contra um lanterna do campeonato, em casa, agora é difícil?), vencemos com um gol do Magrão, que me pareceu o melhor em campo. Este, por sua vez, comemora junto ao Bolivar e ignora o técnico Tite. Não vi nada de tão provocativo nessa atitude, apenas me parece que a união entre os jogadores prevalece ao diálogo com o técnico, mas até aí, alguma novidade? Não preciso que sejam amigos, ou que Tite seja confidente dos seus jogadores. Preciso de lucidez, por parte deste senhor que nunca me convenceu e que até agora não me provou o contrário. Por isso, senhor meu técnico, antes de chamar o Beira Rio de paraíso, trabalhe sério para levarnos até o tal oásis do qual parece desfrutar sozinho. Deste lado aqui não tem ninguém bebendo água de côco.
Atribuo a responsabilidade da má campanha colorada exclusivamente ao técnico, apesar de muitos torcedores culparem a direção. Ressalto que contratações convincentes foram feitas, esse time do Inter é bom. O que pra mim respinga na direção é a contratação insustentável de um técnico incapaz.
Contudo, sigo defendendo o levante da torcida, pois Sport Club Internacional é mais que um Tite da vida, somos todos nós, colorados.
Morro seca, mas não me entrego. Vamo colorado!
*Magrão é um jogador que eu arriscaria designar a braçadeira de capitão. E vocês, o que acham?