sexta-feira, setembro 26, 2008

23 Do tiroteio para a arquibancada!

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Parece exagero, sensacionalismo ou mera frase de efeito, mas não é. São fatos. Segundo reportagem publicada no Correio do Povo de 16/09/2008, no sábado anterior (13/09) "um efetivo do Batalhão de Operações Especiais (BOE) teve de deixar o bairro Guajuviras, em Canoas, onde acabara de acontecer um tiroteio entre gangues rivais, para fazer o policiamento do jogo entre Grêmio e Goiás".

Tenho defendido, através do meu humilde Blog, a tese de que a presença da polícia (Brigada) militar deve ser minimizada nos estádios. Há diversos motivos para isso. Primeiro, eles não recebem treinamento e, portanto, não têm qualificação para atender ao torcedor como ele merece. Segundo, já deram diversas demonstrações da ineficiencia de seus métodos para solucionar pequenos conflitos sem criar grandes confusões. E ainda, temos o exemplo Europeu, no qual diversos países minimizaram a necessidade da força pública e utilizam com sucesso o uso de segurança privada, os "stewards", nos estádios.

Na referida reportagem do Correio do Povo também consta a informação de que atuam de 150 a 200 Brigadianos em cada jogo, o que é um grande exagero. Muitas das funções exercidas por eles, podem perfeitamente serem passadas à seguranças privados, reservando os policiais para casos extremos quando o uso da força seja indispensável, como, separação de torcidas adversárias e segurança nas ruas periféricas ao Estádio.

Qual a necessidade daqueles policiais que ficam sentadinhos na casamata? Tudo para proteger o juiz com seus escudos? Primeiro a solução inteligente e comprovadamente eficaz foi a punição ao clube com interdição do estádio caso algum objeto seja jogado ao gramado. Diferentemente do que acontece em jogos da Conmebol, esse mecanismo simples mostrou-se suficiente para resolver o problema. Se mesmo assim o juiz tem medo da torcida... ora, compra um guarda-chuva! Ou pede para o gandula te proteger! Só não pede para um funcionário público ficar de plantão só para isso. E aqueles com binóculo na frente do campo? Se tu vai no cinema e tem alguém na frente da tela, tu vai ficar feliz? Então por que achar normal, conformar-se, que polícia, imprensa e placas de publicidade atrapalhem a tua visão do campo? Se o policial está com um binóculo, por que ele precisa ficar em cima daquela caixa? E reparem que ao lado dele, sempre tem outro com um rádio. Ele não pode usar o rádio e o binóculos ao mesmo tempo? E o carinho que eles fazem na entrada do jogo? Engana alguém? Enfim, é um show de ineficiencia e desperdício de recursos públicos.

Na Europa, onde a presença do torcedor nos estádios é valorizada, por ser fundamental para a lucratidade do negócio, o uso da polícia é reservado para casos extremos. Lá são usados os "stewards", que são o contato do torcedor com o clube. Eles são profissionais treinados para atender as necessidades do torcedor, como, segurança, orientação, primeiros socorros, emergências, etc. Por serem profissionais privados atendem a tudo que o Clube julgar útil para sua torcida, respeitando-a, diferentemente do que ocorre com a Brigada Militar. Sem dúvida, eles têm um potencial de eficácia muito maior, aliando respeito ao bom torcedor e atuação contra os maus torcedores. A Brigada teria, nas palavras do Coronel Jarbas Vanin, um pelotão de pronto-atendimento, com 30 PMs "nos moldes do que já existe no Reino Unido e na Espanha". Claro que em grenais, ou jogos com grande número de torcedores visitantes, esse número seria reforçado, mas de regra, seria excelente.

Enfim, enquanto os dirigentes da Dupla continuarem desinteressados em transformar o jogo de futebol em um evento lucrativo, vão continuar nesse papel ridículo de fazer "lobby" junto ao Governo Estadual para que a Brigada Militar continue atuando praticamente de graça em seus eventos. Cabe aos torcedores decidirem se querem ser tratados com educação ou por homens que acabaram de sair de um campo de batalha. Do tiroteio para a arquibancada.

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Notícia do Correio do Povo de 16/09/2008: Brigada quer menos policiais no futebol (aqui)

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No Blog Beira-Rio 2014 publiquei um longo texto sobre o "Relatório Taylor", o qual foi um divisor de águas no futebol inglês, que até 1990, atrevo-me a dizer, era muito pior que o futebol brasileiro (em termos administrativos, claro). Com base em muitos pontos desse documento que os estádios deixaram de ser pocilgas e passaram a ser "cinemas", que a segurança deixou de ser truculenta para ser humana, que o torcedor deixou de ser bandido para ser cliente, enfim, que o futebol inglês deixou de ser antiquado e passou a ser moderno (clique aqui para ler).

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Bom fim de semana à todos! Venceremos!