segunda-feira, setembro 15, 2008

44 Los Girasoles Ciegos

44

É o nome de um filme que assisti ontem, no cinema, aqui em Madrid. Produção espanhola desse ano, recém saída do forno, baseada no romance de mesmo nome do escritor Alberto Méndez e dirigida por José Luis Cuerda. Está protagonizada por Maribel Verdú, uma charmosa e competente atriz que trabalhou em Labirinto do Fauno e Sua Mãe também. Javier Cámara, de Fale com ela (Almodóvar), também brilha nesta profunda película. Forte, sofrido e triste, o roteiro compila dois contos dos quatro que formam o livro. O assunto, guerra civil espanhola - suas dores, derrotas e desamparos apresentam-se de maneira sombria e tocante. Quase só ocorrem diálogos entre pares, onde os personagens falam baixo e com aspecto angustiado. Outro destaque do filme é um menino, interpretado brilhantemente pelo ator mirim Roger Princep.

O nome do livro e filme que me parece muito interessante: Os Girassóis Cegos. A flor que leva em seu nome o do astro rei, busca o mesmo durante o dia, de maneira que um girassol está sempre voltado para a direção do sol e curva-se traçando seu caminho, girando conforme sua incidência de luz. Quando se detecta um girassol que não busca o sol, a este denominamos cegos, para definir a incapacidade em desempenhar o fundamental exercício de sua sobrevivência.

Pois bem, creio que nossos girassóis colorados, ainda que não completamente cegos, apresentaram diagnóstico de catarata nesse Campeonato Brasileiro. E parece que algumas intervenções micro cirúrgicas foram feitas e o paciente inicia uma fase de recuperação. Protagonizamos um bom jogo no Rio de Janeiro, ainda que os minutos finais tenham sido de parente em sala de espera da cirurgia.

Agrada-me a proposta de três volantes, e já explico por que. Não acho que Edinho tenha comprometido, embora esteja desgastado e ressaltando que no segundo tempo suas investidas obrigaram Magrão a recuar. Não está certo, é inversão de posições. Contudo, a explicação do técnico Tite está no fato de marcarmos por zona e que Magrão recuou em função dos ataques botafoguenses surgirem por seu lado.

Falei semana passada que deveríamos fixar Guiñazu e liberar Magrão. Não quis evoluir demasiado no assunto, pois escreveria uma Bíblia. Mas o cometário do colega Marco Aurelio lembrou um debate que já tivemos eu e meu irmão Marcio a beria da churrasqueira na casa de seu cunhado, numa noite fria em que contemplávamos a chegada de seu terceiro decendente (meu sobrinho) e conversávamos sobre nosso eterno filho único, Inter. Lembra maninho? Para constar, meu irmão entende muito de futebol e churrasco, é um ótimo assador.

A princípio, Marco, também concluímos o que disseste, que Guiñazu não tem características de primeiro volante. Porém, com a situação calamitosa do meio campo e a competência de nosso craque, pensei que treiná-lo para tal seria uma solução. Só que diante da explosiva atuação do camisa 5 ontem, realmente, fica comprovado que seria um crime contê-lo na função, admito. Logo, dou a mão à palmatória a Tite, pois o raciocínio de manter dois volantes flutuantes em campo leva a escalar mais um, que guarde a entrada da área. E por isso aprovei a tática dos três volantes, repetindo que o primeiro deveria ser Danny Moraes, que espera na fila mais tempo do que devia. Mas, opções a parte, a estratégia dos três volantes superou a dos três atacantes. Também quero salientar que Magrão e Guiñazu avançam e não são jogadores plantados ou pesados, logo, não me parece uma formação retranqueira.

Nelson, tuas explanações nesse mesmo dia contestam a formação. Estou de acordo com o que observaste sobre os laterais nesse esquema, que deveriam subir pra cruzar e que os nossos não o fazem, tampouco temos atacantes altos pra receberem na área. A prova disso está no lance em que Ricardo Lopes cruza e Nilmar não confere uma jogada básica de gol do Fernandão. Mas discordo que não nos sobre alternativas de ataque. Alex e D’Alessandro tiveram liberdade pra avançar, tanto que assim se construiu nosso primeiro gol, em jogada brilhante do Nilmar e agora puxo as orelhas de my boss: contenha-se Louis nas críticas de que o Golden Boy joga por interesses próprios, esse gol foi 90% seu, numa atitude aguerrida de buscar uma bola quase perdida. Errou, é verdade, um gol feito logo depois, mas por isso também passou Rafael Sóbis no Morumbi, na ocasião da final da Libertadores 2006. Acontece. Nilmar é peça fundamental no ataque colorado, desestabiliza a defesa adversária e libera o caminho pros companheiros. Precisa melhorar sua finalização, mas não é digno de repúdio, algo que me parece insano.

Seguindo a tendência da sabatina e a todos nós, também me apresento ao corretivo, pois decretei repúdio ao técnico e venho hoje reconhecer seus méritos. Mas como a análise de professora da quinta série inclui medidas educativas generalizadas, vai a pergunta, Tite: D’Alessandro por Rosinei?

Por fim, o que tenho mais a dizer sobre Guiñazu que não seja clichê? Se o que me restara foi a pergunta feita por Louis no post abaixo. O que ainda precisa provar esse gigante à imprensa do centro do país?

Nada! Ignorância não se toma por fato, quanto menos verdade. Não querem reconhecê-lo? Azar o deles!

E à torcida colorada, desencantem tal qual D’Alessandro. Proíbam o verbo acabou. Silêncio que precede o estouro é a palavra de ordem, cientes do caráter humildemente evolutivo. Não sejamos girassóis cegos, há luz por onde nos direcionemos a procurá-la. Não tá morto, e quem peleia?

  1. Diana;
  2. Alguém?
  3. Segue o baile...

E noite cheirando à querencia nas tertúrias do meu pago.