segunda-feira, setembro 29, 2008

48 Índio

48

Venho, por meio desta, recordar-te algo, concluir sobre isso e pedir-lhe um presente.


Recorda-te, no início de 2007, quando acreditávamos estar disfrutando o dia depois de amanhã, a equipe desclassificou-se precocemente nas duas competições que disputara, Libertadores e Gaúcho. Tão logo à maior conquista do time colorado, não podias imaginar-te saindo de campo em Veranópolis abaixo de chuva de ovos e uma considerável vaia. Pois aconteceu.


O ano iniciara pesado e assim seguiu até seu final. Saímos muito pouco do chão, chegamos atrasados constantemente. Perdemos a atenção em 2007. E o capitão em 2008. Perdemos jogos, pontos. Perdemos o rumo. Procuramos entre nossos pedaços partidos os motivos destas perdas e neles te encontramos e a partir de ti nos recuperamos. És o reflexo evolutivo do Internacional: de gigante caído, passando por herói desacreditado, a matador de cavalo paraguaio.


Do início de 2007 até o presente momento, tivestes um desempenho que partiu do ilusório trono onde sentastes com ancas largas ao brilhante cabeceio que mandou a redonda para o fundo das redes no clássico de ontem. Cresceste, assumindo a responsabilidade em tua delicada área, pedaço de gramado que nos aterrorizou em bolas paradas - arma (i)mortal(?) do rival, que ontem agonizou em anti-ofídico. E se não padeceu apenas por seu próprio veneno e ainda que não seja o Santos, faleceu como peixe, pela boca. Hoje o Beira Rio amanhece de portas abertas, aguardando aqueles que supostamente passariam a máquina. É justo, necessitamos cortar a grama. Há de se manter impecável nosso gramado.


O torcedor realmente não confiou (e não somente) em ti. Desdenhamos (eu!) do técnico Tite que vem nos dando tapas com luvas de pelica. Passaste por cima do descrédito, recuperaste forma, técnica; teus brios vestiram-se de vermelho e tua fase espelha a grandeza desse clube. Disseram-te acabou há alguns meses e ao Inter, algumas rodadas. Ambos demonstraram superação, afinal, estão interligados.


Concluo que o destino quando não é cruel, é irônico demais. Ao co-irmão restou desfalecer frente a uma dupla de nacionalidade assumida muitas vezes por eles. Cantam que são castellanos, contudo, a alma do tango mandou no baile fardada e suando alvi-rubro. Um D’á-Le-Inter que encantou a nêga. Um cachorro louco que come grama e ama a bola. Uma redonda que ama o louco e gemeu pelo craque.


Obrigada por ganhar, por não perder em vão, aprender com isso e voltar a ganhar. Obrigada pelo grenal do milênio, com (mais uma) goleada histórica, pela reação que eu pedi a todos poucos meses atrás, negando-me a decretar “acabou”. Sou teimosa e não me entrego. Obrigada por também ser.


Deixo-te a foto de teus companheiros, os donos do baile. E peço-te, por favor, Índio véio, depois de toda essa trajetória digna de registro biográfico pessoal, comunitário e Internacional, segue mirando jogo a jogo e me dá um Centenário de Glória!