Venho, por meio desta, recordar-te algo, concluir sobre isso e pedir-lhe um presente.
Recorda-te, no início de 2007, quando acreditávamos estar disfrutando o dia depois de amanhã, a equipe desclassificou-se precocemente nas duas competições que disputara, Libertadores e Gaúcho. Tão logo à maior conquista do time colorado, não podias imaginar-te saindo de campo em Veranópolis abaixo de chuva de ovos e uma considerável vaia. Pois aconteceu.
O ano iniciara pesado e assim seguiu até seu final. Saímos muito pouco do chão, chegamos atrasados constantemente. Perdemos a atenção em 2007. E o capitão em 2008. Perdemos jogos, pontos. Perdemos o rumo. Procuramos entre nossos pedaços partidos os motivos destas perdas e neles te encontramos e a partir de ti nos recuperamos. És o reflexo evolutivo do Internacional: de gigante caído, passando por herói desacreditado, a matador de cavalo paraguaio.
Do início de 2007 até o presente momento, tivestes um desempenho que partiu do ilusório trono onde sentastes com ancas largas ao brilhante cabeceio que mandou a redonda para o fundo das redes no clássico de ontem. Cresceste, assumindo a responsabilidade em tua delicada área, pedaço de gramado que nos aterrorizou em bolas paradas - arma (i)mortal(?) do rival, que ontem agonizou
O torcedor realmente não confiou (e não somente)
Concluo que o destino quando não é cruel, é irônico demais. Ao co-irmão restou desfalecer frente a uma dupla de nacionalidade assumida muitas vezes por eles. Cantam que são castellanos, contudo, a alma do tango mandou no baile fardada e suando alvi-rubro. Um D’á-Le-Inter que encantou a nêga. Um cachorro louco que come grama e ama a bola. Uma redonda que ama o louco e gemeu pelo craque.
Obrigada por ganhar, por não perder em vão, aprender com isso e voltar a ganhar. Obrigada pelo grenal do milênio, com (mais uma) goleada histórica, pela reação que eu pedi a todos poucos meses atrás, negando-me a decretar “acabou”. Sou teimosa e não me entrego. Obrigada por também ser.
Deixo-te a foto de teus companheiros, os donos do baile. E peço-te, por favor, Índio véio, depois de toda essa trajetória digna de registro biográfico pessoal, comunitário e Internacional, segue mirando jogo a jogo e me dá um Centenário de Glória!
