José Pinheiro Borda e a maquete do Gigante, década de 50.
Estádio da "Bóia-Cativa"
Não poderia falar sobre as obras do Beira-Rio sem falar sobre José Pinheiro Borda, o senhor que aparece aí na foto, que apesar de ter sido cidadão português, era um grande colorado e inimigo declarado do rival da Azenha. Foi o responsável pela construção do Gigante, sempre lutando por recursos e mobilizando os colorados a contribuir com dinheiro ou material de construção (tilojos, sacos de cimento, ferros, madeiras, etc).
Jamais entrou no Olímpico, nem mesmo na época em que o Inter teve que jogar lá (quando o Eucaliptos ficou pequeno). Assistia aos jogos forçando a vista no alto do morro que fica ao lado daquele estádio (quando ainda não tinham a arquibanda superior). Aliás, Borda não mencionava a palavra "Gremio", dando a referência ao rival como "eles". Era um colorado fanático.
Jamais entrou no Olímpico, nem mesmo na época em que o Inter teve que jogar lá (quando o Eucaliptos ficou pequeno). Assistia aos jogos forçando a vista no alto do morro que fica ao lado daquele estádio (quando ainda não tinham a arquibanda superior). Aliás, Borda não mencionava a palavra "Gremio", dando a referência ao rival como "eles". Era um colorado fanático.
Na verdade,era um colorado conformado, teve que suportar as derrotas do Inter para o Grêmio naquela época, década de 50. Foi a partir daí que Borda começava a alimentar forças para realizar seu maior sonho: construir um estádio maior que o do rival. Mas, dizem que era complicado convencê-lo a comandar a Comissão de Obras, o que só aceitou depois de muita insistência. Aliás, ele nunca aceitou ser presidente do Sport Club Internacional, uma coisa que eu gostaria tanto de saber por qual motivo ! Se alguém souber me responder, eu agradeço.
Ele também foi um dos fundadores do Hipódromo do Cristal e nas eleições de 1961 foi derrotado quando tentou ser eleito presidente do Jockey Club pela segunda vez. Com isso, ganhou mais força para que resolvesse deslanchar de vez a construção do Beira-Rio.
Em 1963,ele descerra a pedra fundamental do local onde os gremistas (na época) batizaram ironicamente de "Estádio da Bóia-Cativa" (apelido que deram porque não acreditavam que seria possível construir um estádio num aterro). O projeto de construção do Gigante da Beira-Rio era motivo de piada entre "eles". Gracejavam, riam, debochavam, soltavam flautas, enfim tudo que a gente conhece da velha e bendita rivalidade Gre-Nal.
Quando já estava em plena construção, o terreno ainda tinha muita água e quando chovia, era mais água. Não era uma tarefa nada fácil para os engenheiros responsáveis pelo projeto do BR. Enquanto isso, o Inter começou a anunciar a venda de cadeiras-cativas, muito antes da conclusão do estádio. Mais piadas e gracejos vindos do co-irmão. Os títulos, para "eles", eram bóias. Bóias-cativas.
E pra piorar, as flautas eram ainda mais constantes quando as obras não engrenavam. Uma vez por causa das chuvas e por conta disso da inundação (houve momentos que a água do Guaíba invadiu o interior do estádio, literalmente). E outras vezes, por falta de verbas. Não era fácil ser colorado.
O Beira-Rio levou muitos anos para ser concluído. Ninguém mais aguentava esperar para inaugurar, logo. Houve até pressão para que inaugurassem o estádio com apenas um anel de arquibancada (como era no Olímpico), com capacidade para 25 mil torcedores. Mas, Borda disse não ! Queria fazer o estádio como estava projetado ou mais próximo do desenho da maquete.
O velho era birrento. Talvez tivesse uma certa "raiva" dos gremistas, ele queria dar o troco.
As piadinhas e os deboches "deles" diminuíam cada vez mais, com o passar dos anos e com o BR tomando forma, mesmo que vagamente e por algumas vezes interrompido pelos problemas que eu relatei anteriormente.
Naquela época, o Gremio empilhava títulos e mais títulos estaduais às custas do Inter, que estava completamente focado nas obras do BR. Os colorados, nesta época, eram torcedores de obras e de pedreiros !
Borda andava pelo Estado inteiro em busca de ajuda, verbas e mais recursos. Lançou a campanha da doação dos tijolos. Era carismático e conseguia mobilizar os colorados, com facilidade. A força dos colorados, realmente foi impressionante. É de fato, um clube do povo.
O velho português foi um herói. Acho muito justo, justíssimo, que o nome de "batismo" do BR tenha o nome de José Pinheiro Borda. Não poderia ser outro nome !
O "Bóia-cativa", enfim, foi erguido. Para a felicidade plena de todos os colorados, depois de anos e anos na espera, no sofrimento e na angústia. E também, é claro: para CALAR a boca dos tricoletes.
Sim, um belo tapa de luvas, com chave de ouro. Imagino que os colorados "assistiam" a cena triste dos amargos, de camarote. Agora as risadas e os gracejos eram nossos !
INFELIZMENTE, Borda não viu seu sonho virar realidade. Faleceu três anos antes da inauguração, vítima de um infarte. Esta é uma parte triste nesta história toda. Pelo menos, seu nome permanece perpetuado: no próprio nome do estádio, com um busto de bronze no pátio do Gigante e é claro, na memória de todos os colorados. Daquela, dessa e de futuras gerações.
Quando já estava em plena construção, o terreno ainda tinha muita água e quando chovia, era mais água. Não era uma tarefa nada fácil para os engenheiros responsáveis pelo projeto do BR. Enquanto isso, o Inter começou a anunciar a venda de cadeiras-cativas, muito antes da conclusão do estádio. Mais piadas e gracejos vindos do co-irmão. Os títulos, para "eles", eram bóias. Bóias-cativas.
E pra piorar, as flautas eram ainda mais constantes quando as obras não engrenavam. Uma vez por causa das chuvas e por conta disso da inundação (houve momentos que a água do Guaíba invadiu o interior do estádio, literalmente). E outras vezes, por falta de verbas. Não era fácil ser colorado.
O Beira-Rio levou muitos anos para ser concluído. Ninguém mais aguentava esperar para inaugurar, logo. Houve até pressão para que inaugurassem o estádio com apenas um anel de arquibancada (como era no Olímpico), com capacidade para 25 mil torcedores. Mas, Borda disse não ! Queria fazer o estádio como estava projetado ou mais próximo do desenho da maquete.
O velho era birrento. Talvez tivesse uma certa "raiva" dos gremistas, ele queria dar o troco.
As piadinhas e os deboches "deles" diminuíam cada vez mais, com o passar dos anos e com o BR tomando forma, mesmo que vagamente e por algumas vezes interrompido pelos problemas que eu relatei anteriormente.
Naquela época, o Gremio empilhava títulos e mais títulos estaduais às custas do Inter, que estava completamente focado nas obras do BR. Os colorados, nesta época, eram torcedores de obras e de pedreiros !
Borda andava pelo Estado inteiro em busca de ajuda, verbas e mais recursos. Lançou a campanha da doação dos tijolos. Era carismático e conseguia mobilizar os colorados, com facilidade. A força dos colorados, realmente foi impressionante. É de fato, um clube do povo.
O velho português foi um herói. Acho muito justo, justíssimo, que o nome de "batismo" do BR tenha o nome de José Pinheiro Borda. Não poderia ser outro nome !
O "Bóia-cativa", enfim, foi erguido. Para a felicidade plena de todos os colorados, depois de anos e anos na espera, no sofrimento e na angústia. E também, é claro: para CALAR a boca dos tricoletes.
Sim, um belo tapa de luvas, com chave de ouro. Imagino que os colorados "assistiam" a cena triste dos amargos, de camarote. Agora as risadas e os gracejos eram nossos !
Uma frase eterna: "Nunca duvide de um povo que já ergueu um Gigante sobre as águas".
INFELIZMENTE, Borda não viu seu sonho virar realidade. Faleceu três anos antes da inauguração, vítima de um infarte. Esta é uma parte triste nesta história toda. Pelo menos, seu nome permanece perpetuado: no próprio nome do estádio, com um busto de bronze no pátio do Gigante e é claro, na memória de todos os colorados. Daquela, dessa e de futuras gerações.
Os avanços
As obras estão começando a engrenar de vez, pelo menos os trabalhos estão sendo mais visíveis ao público. Além do primeiro quadrante da nova arquibancada inferior estar pronta (Q1), já partiram para a colocação dos pré-moldados no Q4, também já estão retirando a marquise em ritmo bastante acelerado e as torres de circulação (escadas de acesso) estão tomando forma ao redor do estádio (no momento são 12 fundações para as torres em obras).
Enfim, é isso. Deixo aqui algumas fotos (as mais importantes) que tirei no último jogo, no sábado (28/07/2012), contra o Vasco. Cliquem nas fotos, para ampliar e observem as mudanças:
- Quadrante 4 - já começou a colocação dos pré-moldados:
- Marquise - já foram "cortadas" nove gomas da cobertura antiga, ali onde serão os futuros Sky Boxes:
- Torres de circulação - já foram iniciadas as obras das 12 futuras escadas de acesso ao estádio:
Quem foi ao BR no sábado, viu que houve grande mudança de panorama. Nosso estádio está se transformando aos poucos. Tudo vai ficar muito bonito, moderno, confortável e seguro. Teremos um baita estádio à altura ! Se alguém duvida disso, vai precisar ler (no mínimo 3 vezes) a história que escrevi no subtítulo anterior. rsrsrs
É isso aí. E dá-lhe Bóia-Cativa !
Abraços, até a próxima !
Fernando Schroder
@f_schroder
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