O futebol, já diria o poeta, é uma
caixinha de surpresas.
Eventualmente contrata-se um craque, a peso de ouro e o mesmo entra em declínio, sofre lesões, não encaixa (ou escolha um de outros vários possíveis problemas) e o investimento mostra-se equivocado.
No outro lado do espectro, ocorre de contratações de jogadores sem alarde, inexpressivos e sem expectativa nenhuma acabarem por tornar-se gratas revelações.
A única certeza é que
não há garantia de sucesso e portanto, há sempre o risco eventual de errar a mão e aquele reforço tão esperado acabar tornando-se apenas mais um gasto desnecessário.
O que há, entretanto, é
formas de minimizar o risco, ou, como preferirem, de aumentar as chances de acerto.
Um componente muito importante é o
perfil do atleta.
Qual a
característica técnica e tática que o mesmo executa? Estas habilidades do jogador em questão estão em
sintonia com as necessidades técnicas da equipe, ou ainda, de
acordo com a ideia de futebol a ser implantada pela comissão técnica?
O jogador vive um bom momento técnico? Está feliz e tranquilo em seu plano pessoal? Vem sofrendo de repetidas e frequentes lesões? Está sendo escalado na sua posição de origem?
Pois bem,
contratar um jogador é uma ciência. Eu diria mais, é um dom.
O Inter de agora erra muito mais que o de outrora, então qual é o diagnóstico? Falta de sorte? Ausência do Beira-Rio (rá!)? Lesões e seguidas convocações para seleções? Todas as alternativas anteriores?
O problema que identifico é a
falta de uma política de futebol e dele derivam-se os demais.
No ano passado o Inter identificou que precisava de um jogador de velocidade e de lado de campo, acabou por tentar Saviola e Nilmar, detentores de tais características, mas acabou por acertar com Scocco, que jamais foi este tipo de jogador.
Coerência? (aqui não se discute as qualidades de um ou outro, mas sim as características, o
perfil)
Neste ano, foi propalado que a preferência era por
jogadores fortes e de velocidade, como pode ser visto
aqui (clique). E ai contrataram Wellington Paulista.
Falando em Wellington Paulista, vamos fazer um exercício de análise sobre esta contratação.
O histórico do atleta é o seguinte: (números do site
Transfer Markt (clique))
Teve um ano razoável no Botafogo em 2008 onde marcou 7 (SETE) gols no Brasileiro.
Em 2009, no Cruzeiro, teve um excepcional ano, sendo vice-campeão da libertadores, jogando bem e fazendo gols importantes (21 gols em 38 jogos, 2 deles ainda pelo Botafogo).
Ainda no Cruzeiro, em 2010 teve uma queda acentuada de desempenho marcando apenas 09 gols em 30 jogos, menos que metade do ano anterior.
Em 2011 foi emprestado ao Palmeiras, onde entrou em atrito com Felipão e em 25 partidas ao longo da temporada teve a impressionante marca de 2 (DOIS) gols.
Em 2012 voltou ao Cruzeiro onde em 28 jogos marcou 9 gols, todos eles no Brasileiro. Teve um segundo semestre de más apresentações e de muita irregularidade.
Em 2013 foi apresentado por empréstimo ao glorioso West Ham, onde em 18 jogos na Premier League não foi relacionado em 16 deles e nos outros 2 ficou apenas no banco. Pelo mesmo West Ham participou da Premier League sub21 onde em 10 jogos marcou 5 gols.
Ainda em 2013, foi emprestado ao Criciúma, onde em 24 apresentações marcou 11 vezes no Brasileirão, sendo 4 (quatro) destes gols de penalti.
Vamos contextualizar que o atleta
veio sem custos, apenas pelo salário. E que de certa forma, as
características são similares a de Damião, ou seja, um camisa 9, finalizador.
Agora vamos adicionar à análise o fato de que o atleta não teve um bom desempenho nos últimos 4 anos, sendo a única temporada realmente boa de sua carreira o longínquo ano de 2009. Isto indica um
claro e manifesto declínio técnico.
É importante colocar também em foco o fato de o atleta participar pouco em relação ao número de jogos, sendo que nunca na sua carreira o atleta participou de mais de 40 jogos numa temporada. Para comparação, o Inter tem uma média superior a 60 jogos/ano. Isto indica
problemas físicos, falta de continuidade e falta de regularidade.
Por fim, como os
números não mentem (mas também não contam tudo), faça um breve interrogatório com torcedores de Palmeiras, Cruzeiro e Criciúma a respeito do nosso “reforço”.
Eu fiz, e apenas para citar dois exemplos, um amigo cruzeirense disse que depois do título do Brasileiro deste ano, a segunda maior alegria recente foi ter se livrado desse cara. Já um amigo barriga-verde simplesmente o chamou de
Câncer Paulista (sic).
Nada contra, mas se o cara
não consegue ser referência no Criciúma, um parâmetro muito abaixo da grandeza do nosso clube, tirem suas conclusões.
Pode dar certo, e WP9 (haha) começar a fazer gols, ganhar confiança e ser a solução de nossos problemas?
Pode.
Mas a chance de acerto é muito pequena. Os riscos são muito altos e as probabilidades estão contra nós.
E é assim que desde 2010 o Inter toca o futebol.
Trocando jovens de qualidade superior (Sandro, Giuliano, Oscar, Fred, Damião, Moledo…) por apostas de qualidade duvidosa (WP, Wilson Mathias, Alecssandro, Airton…)
Contratações com alto grau de risco,
sem aparente avaliação criteriosa, e o pior, que oneram as finanças do clube, deixando como legado apenas uma situação financeira cada vez pior.
É difícil ficar otimista para 2014.
O futuro a curto prazo do Inter passa por uma reavaliação da política de futebol e uma análise maior e mais criteriosa do plantel e de eventuais reforços.
A sorte está lançada.
E
depender da sorte, no futebol,
é um jogo muito perigoso.
@Davi_Inter_BV