ESCRITO POR RAFAEL SEVERO
Bola, pena conhecer-te tão tarde... Sabe o que é? É que minha grossura é tão incompatível com a arte a que foste destinada, que fico constrangido sequer em desejar-te. És tu, Bola, obra geometricamente perfeita. Em ti não há arestas a serem aparadas. E eu, pobre de mim, sou todo cabelo e barba a aparar, sem falar da minha pequenês de ser e de existir. Não, definitivamente, não fomos feitos um pro outro. Viemos de dimensões opostas e quem sou pra inviabilizar teu destino de brilho com minhas caneladas egoístas?
Continuando, Bola, em tua volta há sempre vinte e duas almas, que te perseguem de forma obstinada, implacável, comovente até. Em volta destas vinte e duas almas, há cinqüenta, sessenta mil, quem sabe... E, em volta destes milhares, há milhões de outras almas. Já reparaste, Bola, que dentro deste imenso círculo de almas que se forma a tua volta és o centro de todas as atenções? Por isso afirmo que és uma arquiteta de talento pois, magnética, tua obra atrai todos os olhares, todos os desejos e todos os anseios.
E quanto a mim? Reconheço que sou um tremendo perna-de-pau e, talvez, outros ainda mais pernas-de pau do que eu a tenham maltratado bem mais. A verdade, no entanto, é uma só: eu não te mereço! E, talvez, em algum sonho generoso, a gente tenha tido um relacionamento mais íntimo e promissor. Bem quiseste me levar a sério. E confesso-te, Bola, com sinceridade tardia, que sou completamente apaixonado por ti, mas a minha falta de talento e as condições impostas pela minha medíocre e burocrática vida impedem qualquer continuidade do nosso bonito e curto contato.
Mas, Bola, olha só: não chores por mim, pois é certo que nesta partida o grande perdedor fui eu, culpa dessa minha inabilidade em tratar-te com carinho. Sou um Edinho sublimado, diriam alguns. Por isso, posto-me conformado na arquibancada para fazer aquilo a que fui destinado, ou seja, reverenciar-te.
Bola, pena conhecer-te tão tarde... Sabe o que é? É que minha grossura é tão incompatível com a arte a que foste destinada, que fico constrangido sequer em desejar-te. És tu, Bola, obra geometricamente perfeita. Em ti não há arestas a serem aparadas. E eu, pobre de mim, sou todo cabelo e barba a aparar, sem falar da minha pequenês de ser e de existir. Não, definitivamente, não fomos feitos um pro outro. Viemos de dimensões opostas e quem sou pra inviabilizar teu destino de brilho com minhas caneladas egoístas?
Continuando, Bola, em tua volta há sempre vinte e duas almas, que te perseguem de forma obstinada, implacável, comovente até. Em volta destas vinte e duas almas, há cinqüenta, sessenta mil, quem sabe... E, em volta destes milhares, há milhões de outras almas. Já reparaste, Bola, que dentro deste imenso círculo de almas que se forma a tua volta és o centro de todas as atenções? Por isso afirmo que és uma arquiteta de talento pois, magnética, tua obra atrai todos os olhares, todos os desejos e todos os anseios.
E quanto a mim? Reconheço que sou um tremendo perna-de-pau e, talvez, outros ainda mais pernas-de pau do que eu a tenham maltratado bem mais. A verdade, no entanto, é uma só: eu não te mereço! E, talvez, em algum sonho generoso, a gente tenha tido um relacionamento mais íntimo e promissor. Bem quiseste me levar a sério. E confesso-te, Bola, com sinceridade tardia, que sou completamente apaixonado por ti, mas a minha falta de talento e as condições impostas pela minha medíocre e burocrática vida impedem qualquer continuidade do nosso bonito e curto contato.
Mas, Bola, olha só: não chores por mim, pois é certo que nesta partida o grande perdedor fui eu, culpa dessa minha inabilidade em tratar-te com carinho. Sou um Edinho sublimado, diriam alguns. Por isso, posto-me conformado na arquibancada para fazer aquilo a que fui destinado, ou seja, reverenciar-te.