ESCRITO POR RAFAEL SEVERO
Ramón Sampedro levanta-se de sua cama e a arreda, abrindo um caminho que se estende do seu quarto à janela que, aberta, encontra-se no final do corredor. Ele prepara-se calmamente, respira fundo e inicia sua corrida em direção à janela. Chegando nela, ele dá um salto e, num vôo onírico, percorre os vales e montanhas do interior da Espanha, em direção ao mar. Lá chegando, Sampedro desce até a beira da praia e corre para os braços de sua amada. tudo isso embalado pela voz poderosa de Luciano Pavarotti, interpretando a belíssima Nessum Dorma, da ópera Turandot, de Puccini.
Embora a descrição possa soar piegas aos olhos gerais, trata-se de uma maravilhosa passagem do não menos maravilhoso filme Mar Adentro, que tem ninguém menos que Javier Bardem, o melhor ator do Mundo, como protagonista. Pois bem, o filme conta a história real de Ramón Sampedro, um sujeito que ficou tetraplégico ao arriscar um mergulho no mar. O fato é que, se pudesse, certamente Sampedro voltaria no tempo e não se arricaria novamente ao fatídico mergulho. Com certeza voltaria atrás...
E nós, quantas vezes, se pudéssemos, voltaríamos atrás para modificar nossos infortúnios? em tese, teríamos uma vida perfeita. Eu penso nisso vez que outra: Como gostaria de voltar atrás em situações em que fui injusto com alguém. Ou, do contrário, simplesmente voltar atrás e "socar" a cara de quem foi injusto comigo. Voltaria a realizar os ensinos fundamental e médio novamente só pra ver se aprendo matemática.
Voltaria vinte e poucos anos atrás, pouco antes de saltar um montinho de areia com a minha Caloicross ano 83 e arrebentar a boca no chão. Voltaria atrás pra ser um companheiro mais legal para meus irmãos mais novos. Voltaria atrás na hora de escolher time pra torcer: seria torcedor fiel de algum time de Júpiter, não o Maçã, o planeta mesmo, pois dentro do globo terrestre seria impossível torcer pra outro time que não o Colorado. Voltaria atrás quanto aos porres que tomei, afinal, tomei tão poucos...
Voltaria atrás no momento que que a professora não me deixou sair da sala de aula pra ir ao banheiro e acabei me "cagando" nas calças. Eu só queria dizer pra ela um simpático "Vai tomar no cú, sua vaca!!!" Seria expulos do colégio, mas, de qualquer modo, eu voltaria atrás mesmo pra nunca ter estudado naquele colégio odioso. Eu voltaria atrás pra dar os beijos que não dei, ler os livros que não li, ver os filmes que não vi, como o ET, por exemplo. Sim, eu não vi ET! Seria eu um ET? Não, ainda que minhas orelhas pontiagudas me carimbassem com o "carinhoso" apelidinho de Spock, na adolescência. Voltaria pra fazer plástica? Não, sem complexo!
Eu voltaria atrás pra evitar de sair num dia que conjugasse chuva-vento-frio. Desse modo, não ficaria doente e não perderia a chance de conhecer uma pessoa incrível dias depois por culpa da enfermidade. Eu voltaria mais atrás para levar meu cachorro mais vezes para passear. Eu voltaria, enfim, para dizer mais vezes "eu te amo" para os meus que já partiram e para os meus que aí estão. E me adiantaria no tempo pra dizer eu te amo para os meus que ainda virão. Eu te amo Sport Club Internacional, porque não?! Eu te amo minha avó, te amo minha mãe, te amo minha filha, te amo meu pai. Voltaria atrás pra ser mais amoroso (não o do Grêmio!), enfim...
No entanto, só não sei se vale a pena o Colorado voltar atrás, como se anuncia, e dizer "Eu te amo, Abelão". Afinal, a vida segue, imutável, incorrigível...
Embora a descrição possa soar piegas aos olhos gerais, trata-se de uma maravilhosa passagem do não menos maravilhoso filme Mar Adentro, que tem ninguém menos que Javier Bardem, o melhor ator do Mundo, como protagonista. Pois bem, o filme conta a história real de Ramón Sampedro, um sujeito que ficou tetraplégico ao arriscar um mergulho no mar. O fato é que, se pudesse, certamente Sampedro voltaria no tempo e não se arricaria novamente ao fatídico mergulho. Com certeza voltaria atrás...
E nós, quantas vezes, se pudéssemos, voltaríamos atrás para modificar nossos infortúnios? em tese, teríamos uma vida perfeita. Eu penso nisso vez que outra: Como gostaria de voltar atrás em situações em que fui injusto com alguém. Ou, do contrário, simplesmente voltar atrás e "socar" a cara de quem foi injusto comigo. Voltaria a realizar os ensinos fundamental e médio novamente só pra ver se aprendo matemática.
Voltaria vinte e poucos anos atrás, pouco antes de saltar um montinho de areia com a minha Caloicross ano 83 e arrebentar a boca no chão. Voltaria atrás pra ser um companheiro mais legal para meus irmãos mais novos. Voltaria atrás na hora de escolher time pra torcer: seria torcedor fiel de algum time de Júpiter, não o Maçã, o planeta mesmo, pois dentro do globo terrestre seria impossível torcer pra outro time que não o Colorado. Voltaria atrás quanto aos porres que tomei, afinal, tomei tão poucos...
Voltaria atrás no momento que que a professora não me deixou sair da sala de aula pra ir ao banheiro e acabei me "cagando" nas calças. Eu só queria dizer pra ela um simpático "Vai tomar no cú, sua vaca!!!" Seria expulos do colégio, mas, de qualquer modo, eu voltaria atrás mesmo pra nunca ter estudado naquele colégio odioso. Eu voltaria atrás pra dar os beijos que não dei, ler os livros que não li, ver os filmes que não vi, como o ET, por exemplo. Sim, eu não vi ET! Seria eu um ET? Não, ainda que minhas orelhas pontiagudas me carimbassem com o "carinhoso" apelidinho de Spock, na adolescência. Voltaria pra fazer plástica? Não, sem complexo!
Eu voltaria atrás pra evitar de sair num dia que conjugasse chuva-vento-frio. Desse modo, não ficaria doente e não perderia a chance de conhecer uma pessoa incrível dias depois por culpa da enfermidade. Eu voltaria mais atrás para levar meu cachorro mais vezes para passear. Eu voltaria, enfim, para dizer mais vezes "eu te amo" para os meus que já partiram e para os meus que aí estão. E me adiantaria no tempo pra dizer eu te amo para os meus que ainda virão. Eu te amo Sport Club Internacional, porque não?! Eu te amo minha avó, te amo minha mãe, te amo minha filha, te amo meu pai. Voltaria atrás pra ser mais amoroso (não o do Grêmio!), enfim...
No entanto, só não sei se vale a pena o Colorado voltar atrás, como se anuncia, e dizer "Eu te amo, Abelão". Afinal, a vida segue, imutável, incorrigível...
...e domingo é Dia dos Pais. Então quero registrar aqui minha homenagem ao meu pai, a mim e a todos os que sofrem da fantástica arte da paternidade:
Alguém já disse, certa vez
Que desta vida nada se leva
Poderíamos acrescentar, talvez
Sentença menos dolorida
Desprovida de mal ou treva
Cheia de quem vem, não de quem vai
Pois vida há sempre de ser vida
E pai sempre há de ser pai...