ESCRITO POR RAFAEL SEVERO
Alguém aí conhece o carreteiro da Lancheria do Parque, lá no Bom fim? É o melhor de Porto Alegre, segundo alguns... Eu não conheço, mas ontem comi um carreteiro maravilhoso, que certamente empurraria o carreteiro da Lancheria pra segunda posição. Pois é, após degustar essa delícia, eu me pus a pensar sobre o que escrever hoje. Confesso que a "pança" cheia me deixou com preguiça pra coluna de hoje.
Contudo, não me impediu a reflexão sobre uma faixa estendida no Beira-rio a cada jogo. Nela, há uma frase com letras em vermelho, que diz: Somos a resistência. Sempre paro pra pensar sobre o significado da frase. E talvez quem melhor tenha traduzido isto em palavras seja o grande Luis Fernando Veríssimo (e Coloradíssimo). Este texto, que me permito reproduzir aqui, foi escrito em meados da década de 90, auge do Recreativo da Azenha. É um relato lindíssimo do Luis Fernando Veríssimo e confesso que fico comovido cada vez que o leio.
Alguém aí conhece o carreteiro da Lancheria do Parque, lá no Bom fim? É o melhor de Porto Alegre, segundo alguns... Eu não conheço, mas ontem comi um carreteiro maravilhoso, que certamente empurraria o carreteiro da Lancheria pra segunda posição. Pois é, após degustar essa delícia, eu me pus a pensar sobre o que escrever hoje. Confesso que a "pança" cheia me deixou com preguiça pra coluna de hoje.
Contudo, não me impediu a reflexão sobre uma faixa estendida no Beira-rio a cada jogo. Nela, há uma frase com letras em vermelho, que diz: Somos a resistência. Sempre paro pra pensar sobre o significado da frase. E talvez quem melhor tenha traduzido isto em palavras seja o grande Luis Fernando Veríssimo (e Coloradíssimo). Este texto, que me permito reproduzir aqui, foi escrito em meados da década de 90, auge do Recreativo da Azenha. É um relato lindíssimo do Luis Fernando Veríssimo e confesso que fico comovido cada vez que o leio.
Pois bem, ontem, degustei um belo carreteiro.
Degustemos hoje esta maravilha de texto do Veríssimo:
"Meu caro colorado. Desculpe esta carta a céu aberto, é que não sei nem seu nome nem seu endereço. Na verdade, só vi você na rua, de mãos dadas com seu pai e cercado pelos seus irmãos, que vestiam a camiseta do Grêmio (suponho que fossem seu pai e seus irmãos). Você estava com a camiseta do Internacional. Quase parei o carro para olhar melhor, mas não era miragem. Você tinha uns quatro ou cinco anos e estava de camiseta vermelha! Seu pai vestia uma camisa branca exemplarmente neutra, mas posso imaginar como tem sido a sua vida em casa. As provocações, os petelecos, a flauta, o martírio. E lá estava você de camiseta vermelha, o antigo escudo orgulhosamente no peito, desafiando todas as provações. Não sei se você sabe que vários colorados da sua geração não agüentaram e trocaram de time. Levaram pais e avós ao desespero, mas não suportaram a pressão do sucesso gremista. Você agüentou. Você não sabe, mas é um herói. E fiquei pensando que, quando for a nossa vez de novo, teremos certamente a torcida mais dedicada, fiel, convicta e feliz do Brasil. Porque será a torcida dos que resistiram. Agüente só mais um pouco. Meus respeitos."
Luis Fernando Veríssimo
Lindo texto! E explica por que somos a resistência...