Escrito por Diana Oliveira
Bons tempos, nada como o retorno do Abelão para ver o semblante ameno descrito em palavras joviais, piadas, termos criativos, apelidos, caricaturas, jogo às dezesseis horas no domingo, dia dos pais, derrota de virada do rival, enfim, a semana iniciou sugestivamente positiva para os colorados. Com audácia de quem não sabe seu lugar, apodero-me de algumas palavras do negro, epilético, gago e gênio Machado de Assis, para divagar em meus pensamentos idos e vividos. Como pode algo tão exato ser tão relativo?
O tempo se mede, com bastante precisão e alguns descontos de ano bi-sexto, pelo calendário; em menor escala através do relógio, marcando horas, que se dividem em minutos e que se dividem em segundos e que podemos ainda fracionar em casas decimais negativas, até esgotar a capacidade do cronômetro. Invertendo a ordem, ampliando até a imensidão, existem planetas que estão anos luz daqui.
Situamos através do tempo história, arte, cidades, heróis e da mesma forma consagramos os atemporais, aqueles que são eternos, superiores ao contexto. Machado de Assis é atemporal, Camões, Elis Regina, Oscar Niemeyer, diamante, oxigênio, prostitutas, dor, amor.
O que transtorna o pragmático Senhor Tempo é a relevância pessoal e intransferível que ele possui. Tal qual o universo de contradições que aflige a mente humana, o questionamento existencial deste que nos mira com superioridade está onde o próprio só condena ou bonifica de acordo com o que representa a cada um. O velocista morre por um segundo, o maratonista ignora a fração. Quantas horas duraram os últimos cinco minutos de Libertadores 2006? Que eternidade fez-se de 1975, 76, 79 até aqui... Que efêmeros segundos do ano passado pra cá.
Deus precisou de sete dias pra criar o mundo, Fernando Carvalho de cinco anos pra reerguer o Inter, Píffero de alguns meses pra estragar tudo. Abel necessitou de quatro meses pra descansar, Gallo do mesmo tempo pra cair. Gabiru levou alguns minutos pra ganhar o mundo, o mesmo que Deus criou em sete dias. Granja cuspiu na cara do tempo e paga por isso até hoje, coitado, sem nem o direito de saber quanto de tempo o infortúnio do destino lhe reserva. Guinãzu é carrapato dos limites que a física impõe a contagem e está em todos os lugares ao mesmo tempo.
Há quanto tempo não te vemos Fernandão?
Ao Pato: fica mais um tempo; ao Michel, já vai tarde...
A quem sabe lidar com ele, virtude da paciência.
Quem por ele não sabe esperar é vítima da ansiedade.
Às vezes ele não passa, mas a verdade é que não pára. Então hora se esconde, hora me atropela.
A semana voa, depois de segunda-feira, o dia mais longo, que indiferente ao último domingo eu detesto com todas as minhas forças, os seguintes vêm num rompante que me tira da cama cedo já correndo atrás do tempo. Nada melhor do que preencher as horas com ânimo, trabalho, amigos, cerveja e futebol, mas essa semana não tem jogo.... E até domingo, não parece tanto tempo?