terça-feira, janeiro 06, 2009

20 Frankenstein

20

Vai chegar o dia (eu espero) em que o futebol do país mais vezes campeão do mundo terá um calendário que amenize as diferenças do poderio econômico entre o nosso continente e os mercados europeu e asiático. Quando esse dia chegar, espero poder ver um Campeonato Brasileiro ocupando praticamente toda a temporada e estaduais nos quais os times da primeira divisão participarão apenas das fases finais, como meros torneios festivos de pré-temporada. Mas enquanto esse dia não chega, o jeito é jogar o velho Gauchão “às ganhas”.

O Gauchão, diga-se de passagem, já virou um título festivo há algum tempo. É legal vencê-lo, contabilizar maior número de títulos, tocar a flauta no rival, mas, no final da temporada, é só pra isso mesmo que ele serve: tocar uma flauta. Não que eu não dê valor ao estadual, pelo contrário, tenho pavor quando o chamam de “ruralito” ou “cafezinho”. Mas o fato é que no futebol contemporâneo e considerando o nível de clube em que pretendemos chegar no âmbito internacional, o Gauchão, com o espaço que tem no calendário atual, não cabe mais.

Pois nesta edição, ele vai estar mais festivo do que nunca. Digo isso após ler atentamente o regulamento do campeonato de 2009 que, pra nós, colorados, começa daqui a exatamente duas semanas, no Beira-Rio, contra o Santa Cruz. A fórmula deste ano é praticamente igual ao Campeonato Carioca do ano passado. Serão 16 times divididos em 2 grupos.

No primeiro turno, os times de um grupo jogam contra todos os do outro grupo. Ao final desses jogos, os 4 primeiros de cada grupo se emparelham em 4 jogos (1° do A x 4° do B, 2° do A x 3° do B e vice-versa), que seguem sempre em jogo único eliminatório até a final. Manda o jogo o time de melhor campanha e, em caso de empate, pênaltis sem prorrogação. O campeão leva a Taça Fernando Carvalho, do PRIMEIRO turno.

No turno seguinte (jogadores com 2 amarelos terão a ficha limpa, mas quem tomar o 3° na final cumprirá a suspensão na primeira rodada), os times jogam contra os integrantes de seus próprios grupos e, ao final, voltam a se enfrentar em quartas-de-final, semifinal e final em jogo único, tal qual no primeiro turno. O campeão erguerá a Taça Fábio Koff, do SEGUNDO turno.

Se o mesmo time vencer os dois turnos, será o Campeão Gaúcho. Se forem dois times diferentes, enfrentar-se-ão em dois jogos, sendo o de volta na casa do de melhor campanha em todo o campeonato. Desempate, se necessário, em saldo simples, saldo qualificado e, por fim, pênaltis (sem prorrogação).

Na minha opinião, o Campeonato Gaúcho de 2009 é um verdadeiro Frankenstein. Um monstro da ficção que vem para nos divertir na ausência de coisa melhor. Considerando que se trata do Gauchão, acho que é válida a iniciativa. Apenas fica a ressalva de que os times que não se classificarem para as quartas-de-final do primeiro turno ficarão duas semanas inteiras sem jogos oficiais. Aí, não tem clube profissional que resista. Menos mal que todos os times do interior receberão, ao menos uma vez, um dos times da capital. Por falar em times da capital, o clássico do primeiro turno vai ser jogado em campo neutro, em Erechim, no dia 8 de fevereiro.

Vai ser um campeonato divertido. Um time pode ser lanterna no primeiro turno, mas se ficar em quarto de seu grupo no segundo turno, pode até ser Campeão Gaúcho. É formulismo pra ninguém botar defeito! Com isso, há a possibilidade de se ter até 5 gre-nais até o fim do campeonato, embora eu ache que confrontos demais num curto espaço de tempo, por um título que não chega a ser a prioridade do ano, pode acabar por banalizar um pouco o clássico.

Mas, vá lá. Como eu disse, é um título festivo. Quer dizer, festivo pra quem ganha!